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sexta-feira, 21 de outubro de 2011
Médicos voltam ao trabalho após condenação em Taubaté
Advogados informaram que irão recorrer da decisão da Justiça sobre fraude em mortes
Os três médicos condenados, na quinta-feira (20) ,a 17 anos e seis meses de prisão - responsabilizados por fraudar mortes para retirar órgãos de pacientes - voltaram ao trabalho normalmente nesta sexta-feira (21), em Taubaté, cidade a 140 km São Paulo. Eles irão recorrer da sentença em liberdade, segundo seus advogados.
Paulo Henrique Masiuan, Rui Noronha Sacramento e Mariano Fiore Júnior foram julgados e condenados por usar diagnósticos falsos de morte cerebral para extrair os rins de quatro pacientes. Os órgãos foram usados em transplantes.
De acordo com o advogado Sérgio Badaró, os três passaram por um processo sobre os mesmos casos no CRM (Conselho Regional de Medicina) e no Conselho Federal e foram absolvidos, o que não os impede de exercer a profissão. O cliente dele, Mariano Fiore Júnior, é professor de ética e medicina e tem uma clínica particular.
- Se os clientes irão deixar de frequentar o consultório dele eu não sei. Na verdade, acredito que isso não vá acontecer porque muitos prestaram solidariedade a eles. O importante é que nenhum está impedido de exercer a medicina.
O advogado Romeu Goffi, que defende Paulo Henrique Masiuan e Rui Noronha Sacramento, também confirmou que entrará com o recurso do julgamento.
- O depoimento da enfermeira que teria visto um paciente se debater foi desmontado pela defesa e não há razões para as condenações. Vamos recorrer ainda hoje.
O CRM confirmou a informação de que os três condenados pela Justiça não serão impedidos de exercer a medicina por terem sido absolvidos no processo interno do conselho.
O julgamento dos três médicos começou na segunda-feira (17) e terminou na última quinta. Ele foi realizado no Fórum Desembargador Paulo de Costa Oliveira, em Taubaté, e foi presidido por Marco Antonio Montenor, juiz da Vara do Júri. Foram ouvidas 16 testemunhas (sete de acusação e nove de defesa).
Histórico
Pedro Henrique Masjuan Torrecillas, Rui Noronha Sacramento e Mariano Fiore Júnior foram condenados por quatro homicídios dolosos contra os pacientes Miguel da Silva, Alex de Lima, Irani Gobo e José Faria Carneiro, que morreram entre setembro e dezembro de 1986.
Depois da operação, o neurocirurgião e legista Mariano Fiori concluía como causa da morte, exclusivamente, lesões cerebrais como traumatismo craniano, raquimedular ou aneurisma, ocultando a causa direta dos óbitos: a retirada dos rins dos pacientes.
Os prontuários médicos e os laudos das angiografias cerebrais relativos a esses pacientes foram apreendidos e submetidos à análise de peritos, que concluíram que as vítimas não tinham diagnóstico seguro de morte encefálica apta a amparar a realização das cirurgias de retirada dos rins.
Também foram denunciados pelos mesmos crimes os médicos Antônio Aurélio de Carvalho Monteiro, que morreu em 2010, e José Carlos Natrielli de Almeida, que acabou não sendo denunciado à Justiça pelo Ministério Público.
R7
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