sexta-feira, 3 de agosto de 2012

Justiça britânica condena casal paquistanês por assassinar a filha



Jovem foi asfixiada por ser ‘muito ocidentalizada’. Sentença é de 25 anos


LONDRES - Um casal paquistanês, residente na Inglaterra, foi condenado nesta sexta-feira a 25 anos de prisão pelo assassinato da própria filha. Iftikhar e Farzana Ahmed foram considerados culpados pelo júri do Tribunal de Chester Crown, noroeste do país, após o depoimento da segunda filha, Alesha. A menina voltou-se contra os pais e relatou como os réus asfixiaram sua irmã, Shafilea, no ano de 2003. Para eles, a filha mais velha, de 17 anos, “era muito ocidentalizada”.

As autoridades britânicas investigaram centenas de casos de “crimes de honra” no ano passado. Em muitos deles, pais justificam o assassinato pelo fato de os filhos terem "trazido vergonha para a família" ao não aceitarem casamentos arranjados ou por serem "muito ocidentalizados". No caso de Shafilea, pelos dois motivos.

A vítima tinha somente 10 anos quando começou a contestar o rigor dos pais, segundo o promotor Andrew Edis. Amigos disseram que Shafilea costumava usar roupas ocidentais na escola e se trocava momentos antes de o casal ir buscá-la. Os mesmos colegas contaram que era comum ver a amiga chorando nas aulas e reclamando das constantes agressões que sofria de sua mãe.

Mas, segundo ouviu o júri, foi no último ano de sua vida que a situação ficou mais traumática. A jovem começou a sair com meninos, o que fez os pais a manterem mais tempo dentro de casa. Entre novembro de 2002 e janeiro de 2003, a vítima contou a amigos e professores que as agressões tinham se tornado mais frequentes. Em fevereiro daquele ano, Shafilea fugiu com o namorado Mushtaq Bagas e pediu a assistentes sociais que lhe enviassem a um abrigo, já que os pais queriam forçá-la a se casar com um primo.

Ainda em janeiro de 2003, o casal levou a filha para o Paquistão. A jovem chegou a beber alvejante em protesto contra o casamento forçado. Ao retornar à Inglaterra, em maio daquele ano, Shafilea deu entrada em um hospital para tratar os danos causados pelo produto em sua garganta. Mesmo depois de receber alta, ela continuou sofrendo agressões dos pais por sua maneira de se vestir.

Casamentos forçados são comuns na comunidade muçulmana no Reino Unido. Cerca de 1,8 milhão de imigrantes islâmicos moram na Inglaterra.

O Globo

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