quarta-feira, 20 de agosto de 2014

Imagem inédita mostra queda do avião que matou Eduardo Campos e reforça tese de falha humana



Gravação foi feita por câmera de um prédio em construção em Santos, no litoral de SP

SÃO PAULO - A gravação de uma câmera de segurança de um prédio em construção em Santos, no litoral sul paulista, registrou o momento da queda do avião onde estavam o candidato à Presidência Eduardo Campos, quatro assessores e dois tripulantes. O acidente aconteceu na quarta-feira, dia 13 de agosto, e todos os ocupantes morreram. Ao contrário do que disseram as testemunhas, a imagem não mostra fogo ou fumaça no avião.

A imagem foi obtida pela TV Tribuna, afiliada da TV Globo no litoral. E foi encontrada entre as gravações de 16 câmeras, registradas no dia da queda. Um corretor de imóveis analisou as imagens e localizou os últimos segundos do voo. É possível ver que o avião passou bem perto de dois prédios residenciais, instantes antes de cair. O material vai ser usado nas investigações do acidente.

Militares que acompanham as investigações das causas do acidente com o avião Cessna acreditam que é forte a possibilidade de ter havido falha humana, depois do procedimento de arremetida. O entendimento é que o piloto, ao desistir do pouso, pode ter tentado se manter em condições visuais com a pista e fez uma curva mais acentuada do que deveria. Segundo militares, a manobra pode ter levado o avião a perder sustentação, e, mesmo com as turbinas ao máximo, não haveria como o piloto controlar a aeronave.

Durante o procedimento, o piloto pode ter perdido sua total concentração na arremetida por instrumentos, desviando sua atenção para fora da aeronave. Com isso, pode ter sido levado à uma situação de “desorientação espacial”, o que explicaria a curva fora do previsto e a consequente perda de sustentação, resultando na forte colisão com o solo.

A avaliação tem como base as últimas informações da Aeronáutica de que o voo estava normal, da decolagem até o momento do ponto crítico, em que o piloto deveria visualizar a pista e realizar a aterrissagem. Segundo a Força Aérea Brasileira (FAB), o piloto falou ao sistema de rádio da base área de Santos que estava arremetendo por causa da visibilidade ruim e que iria aguardar a melhora do tempo para pousar.

A FAB já refez a trajetória do avião e tem condições de projetar o grau de angulação da curva realizada pelo piloto, pelo local da queda, considerando que a aeronave já estava sobre a pista, quando o piloto decidiu abortar o pouso. Além disso, a rota do avião é captada pelos radares.

PILOTO RELATOU CANSAÇO

Cinco dias antes da tragédia com o jato, um dos pilotos que morreu, Marcos Martins, disse no Facebook que não estava tendo tempo para descansar, devido às viagens que vinha fazendo acompanhando as campanhas eleitorais.

"Cansadaço, voar voar e voar . E amanhã tem mais. Recife", postou no dia 8 de agosto, pelo Facebook.

Em outra postagem, ele conta: "Cada lugar. Parece que ainda estou na África. Fim de mundo isto é Nordeste..", referindo-se ao Centro de Arapiraca.

Na rede social, ele postou um vídeo de um passeio pela Praia de Copacabana, onde filmou um drone. Em sua página, Martins comentou: "assim fica fácil", referindo-se à simplicidade com que eram feitas as manobras com o aeromodelo por meio de controle remoto. Cinco amigos curtiram a postagem.

O piloto se formou pela Universidade Paulista (UNIP) e fazia parte de um grupo de pilotos experientes. O outro piloto que morreu foi Geraldo Cunha. Ele dividia com Martins o comando da aeronave.

A aeronave (aparelho Cessna, prefixo PRAFA) pertencia à empresa AF Andrade Empreendimentos e Participações Ltda.. Com apenas 350 horas de voo, estava com a manutenção em dia. A proprietária do avião, em dificuldades financeiras, colocou o avião à venda no começo do ano, sendo adquirido, possivelmente por leasing, pela campanha de Eduardo Campos há três meses, quando passou a voar única e exclusivamente para o candidato do PSB a presidente.

O Globo

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