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sábado, 23 de agosto de 2014
Roger Abdelmassih é condenado a R$ 500 mil por trocar sêmen
O médico Roger Abdelmassih, 70, foi condenado a pagar R$ 500 mil de indenização a um casal de irmãos, gerados na clínica dele, por ter usado o sêmen de um desconhecido no tratamento de fertilização contratado pelos pais.
Reuters
Médico Roger Abdelmassih foi condenado a pagar R$ 500 mil de indenização a um casal de irmãos, gerados na clínica dele.
A ação judicial, em segredo de Justiça, foi movida em 2010 pelos irmãos, hoje com 20 anos, que descobriram a troca do sêmen: exames concluíram que o material genético usado na inseminação artificial que os gerou não era compatível com o do pai que os criou; da mãe, sim.
Segundo a decisão judicial, eles têm direito a receber R$ 250 mil cada por danos morais. O casal exigia R$ 4 milhões. Abdelmassih nega a acusação. Cabe recurso.
A sentença é de 15 de julho, um mês antes da prisão do ex-médico, na terça-feira, no Paraguai. Condenado a 278 anos de prisão pelo estupro de 37 mulheres, ele ficou mais de três anos foragido.
Ele responde a outras ações pela troca de material genético, método que, segundo as acusações, fez sua clínica atingir taxas de sucesso acima da média, dando fama à sua clínica, nos Jardins.
Em 1994, o casal foi à clínica de Abdelmassih em busca de um tratamento. A inseminação teve sucesso e os gêmeos foram gerados.
Segundo o advogado Luiz Fernando Nubile Nascimento, após os primeiros boatos sobre o então médico, em 2009, os jovens descobriram a verdade. Ele aceitou falar desde que os nomes dos clientes não fossem revelados.
Nascimento diz saber de outras quatro ações indenizatórias pela mesma razão. Nenhuma obteve sucesso. "Sem qualquer consentimento ou autorização, o doutor Roger [Abdelmassih] usou o material genético de um terceiro, que não se sabe quem é até hoje", disse o advogado.
De acordo com Nascimento, a decisão de entrar com a ação foi dos jovens, quando eles ainda eram menores. "O abalo é muito grande, eles carregam isso a vida inteira."
O advogado José Luis Oliveira Lima disse que Abdelmassih afirma que todos os procedimentos tiveram autorização de pacientes. Flávio Yarshell, que o defende na área cível, diz não comentar casos em segredo de Justiça.
JC
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