Conhecida como Xerifa na comunidade, ela vai dormir na 15ª DP (Gávea)
RIO - A polícia prendeu na sexta-feira na Rocinha, em flagrante, por associação ao tráfico, Danúbia de Souza Rangel, mulher de Antônio Francisco Bonfim Lopes, o Nem, ex-chefe da venda de drogas na favela. Ela foi localizada pelo Bope após uma informação passada ao Disque-Denúncia (2253-1177). Danúbia, conhecida como a "Xerife" da Rocinha, estava na casa de uma cabeleireira na Estrada da Gávea. O delegado titular da 15 DP (Gávea), Carlos Augusto Nogueira Pinto, prendeu a mulher baseado em depoimentos e em fotos de sites de relacionamento em que Danúbia aparece com joias, perto de um helicóptero, ostentando riqueza.
Carlos Augusto afirmou que a mulher recebia presentes de Nem, comprado com dinheiro de atividades ilícitas. De acordo com o delegado, há três inquéritos na delegacia da Gávea investigando a quadrilha que atua na Rocinha. Num deles, há depoimentos formais e informais, além de fotos de sites que, segundo Carlos Augusto, mostram o enriquecimento da mulher de Nem, que não teria como comprovar renda.
Delegado se baseou em escutas telefônicas
O delegado pegou ainda provas emprestadas de um inquérito da Polinter, onde há escutas telefônicas autorizadas pela Justiça, a fim de respaldar um pedido para transformar a prisão de Danúbia em preventiva. No inquérito, há diálogos entre integrantes do bando de Nem que comprometeriam Danúbia.
— Estou pedindo à Justiça para converter a prisão em flagrante em preventiva. Danúbia está se locupletando com o dinheiro de pessoa ligada ao tráfico — disse Carlos Augusto.
Segundo o policial, ela passaria a noite na delegacia e, na manhã deste sábado, seria levada para a Polinter. Ao ser perguntado se a ordem para prendê-la em flagrante partira da chefe de Polícia Civil, Martha Rocha, Carlos Augusto negou, assegurando que a decisão fora dele. Quando foi informada da prisão, Danúbia, chorou, segundo o delegado. Ela disse que só prestaria depoimento em juízo.
Mulher não quis revelar onde está morando
Segundo o sargento Glebson Ferreira, da assessoria de comunicação do Bope, uma ligação feita para o Disque-Denúncia informou que a mulher de Nem estava na casa de uma amiga, dona de um salão de beleza. Ao ser abordada, Danúbia disse que retornou à favela por saudades da filha, mas não revelou onde estava morando.
Não havia mandado de prisão contra ela, mas a mulher não se recusou a acompanhar o Bope à delegacia. Ela pediu apenas que fosse acompanhada pela irmã. Danúbia já tinha sido indiciada num inquérito distribuído para a 29ª Vara Criminal da Capital por associação ao tráfico, tráfico e lavagem de dinheiro, mas a justiça questionou o Ministério Público. Num segundo momento, o MP corrigiu a denúncia, e Danúbia foi excluída do processo, permanecendo apenas Nem; a mãe de Danúbia, Maria das Graças, e dois cúmplices do traficante.
Segundo a juíza Maria Tereza Donatti, a mãe de Danúbia continuou no processo porque não sabia sequer dirigir, mas comprou um carro que a filha utilizava.
Braço direito de Nem participava de torturas a moradores
O gerente do tráfico do Vidigal, Robson Silva Alves Porto, conhecido como “99”, que é apontado como braço direito de Nem, foi preso em Realengo, nesta quinta-feira. Ele foi encontrado por policiais da Delegacia Especial de Atendimento à Mulher Belford Roxo (Deam - Belford Roxo), com apoio da Delegacia de Combate às Drogas (Dcod) e da Coordenadoria de Recursos Especiais (Core), em uma casa próximo à Vila Vintém, de onde pretendia fugir.
Segundo a titular da Deam-Belford Roxo, Soraia Vaz de Sant’ana, os agentes chegaram ao bandido após denúncia feita por uma mulher, afirmando que traficantes estariam na região. De acordo com a delegada, dias antes à prisão do traficante, uma equipe da especializada foi ao local e constatou que havia a possibilidade de o traficante “99” estar escondido lá.
O titular da Dcod, Pedro Medina, afirmou que o criminoso era um dos mais leais ao traficante Nem e foi responsável pela retomada do Morro do Vidigal, que pertencia à facção rival à do chefe da Rocinha. Segundo ele, "99" é acusado pela morte do ex-chefe do Vidigal, José Carlos de Oliveira, o "Cabeção", em janeiro. Ainda de acordo com o delegado, Robson é conhecido por ser violento, participando de torturas a moradores e esquartejamentos de corpos na favela.
Para o subchefe Operacional da Polícia Civil, Fernando Veloso, a ação mostra que a polícia não para de agir após a pacificação de uma comunidade.
"Essa prisão mostra que o trabalho da Polícia Civil não termina após a comunidade ser pacificada. Com a prisão deste traficante, outras informações foram colhidas, que nos ajudarão em investigações", afirmou, em nota, Fernando Veloso.
O Globo
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