quarta-feira, 23 de novembro de 2011

Sangue artificial é testado numa pessoa pela primeira vez

Hemácias (glóbulos vermelhos do sangue) criadas em laboratório foram injetadas com sucesso em um voluntário humano pela primeira vez na História. Trata-se de um passo vital em direção a um futuro no qual todo o sangue necessário para transfusões poderá ser produzido em laboratório, de forma que doadores de sangue não sejam mais essenciais.

Luc Douay, da Universidade Pierre e Marie Curie, em Paris, e colegas extraíram células-tronco hematopoéticas da medula óssea de um paciente. Essas células foram cultivadas em laboratório, com nutrientes e fatores de crescimento, onde se transformaram em hemácias. Depois de marcar as células – para que elas pudessem ser rastreadas posteriormente -, o grupo de Douay injetou 10 bilhões delas (o equivalente a 2 mililitros de sangue) no doador original para ver se elas eram capazes de sobreviver. Depois de cinco dias, de 94% a 100% das células permaneciam na circulação sanguínea. Depois de 26 dias, a variação percentual caiu para 41% a 63% - uma taxa de sobrevivência celular comparada à dos glóbulos vermelhos naturais. As células sanguíneas cultivadas também parecem ser seguras para o uso. Não se transformaram em nenhum tipo de célula malígna, por exemplo, maior temor dos cientistas, nem apresentaram nenhuma anomalia. Em vez disso, se comportaram como glóbulos vermelhos naturais.

- Trata-se de um importante passo adiante – disse Robert Lanza, chefe científico da Advanced Cell Technology, em Massachusetts, que, em 2008, participou do grupo responsável por produzir glóbulos vermelhos em laboratório pela primeira vez.

Anna Rita Migliaccio, do Centro Médico Mount Sinai, em Nova York, também se mostrou impressionada com o trabalho de Douay:

- Ele mostrou que essas células não têm duas caudas ou três chifres e sobrevivem normalmente no sangue – afirmou a pesquisadora.

Para Douay, o mais importante é que o resultado mostra que é possível ter uma reserva ilimitada de sangue. Tal reserva é necessária com urgência. Embora as doações de sangue estejam aumentando em muitos países desenvolvidos, os bancos de sangue lutam para se manter em dia com as demandas de uma população cada vez mais idosa. Além disso será uma fonte importante de sangue completamente livre do vírus HIV – crucial em países pobres onde as taxas da infecção são muito altas.

O Globo

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