domingo, 12 de agosto de 2012

Empregadas falsas fazem ‘limpa’ na casa dos patrões


Rio - A conduta inicial lembra até o comportamento dissimulado da personagem Nina (Débora Falabella) de ‘Avenida Brasil’. Mas ao contrário da patroa-vilã da novela, as moradoras de condomínios de luxo no Rio são apenas vítimas de golpes. Oferecendo currículos fraudulentos pela Internet, as ladras, que integram quadrilhas com ramificações em São Paulo, chegam cheias de ‘refinamento’ e fazem a limpa nos apartamentos em poucos minutos. Nos últimos três meses, cinco famílias — quatro cariocas e uma paulista — foram vítimas de duas golpistas, uma delas já presa, que deram prejuízos de mais de R$ 300 mil aos ‘patrões-relâmpago’.

“No dia 2, deixei sozinha por 20 minutos no apartamento a mulher que havia escolhido a dedo por site conhecido, com suposta experiência de oito anos. O suficiente para ela roubar R$ 50 mil em joias, relógios, perfumes”, lamenta a psicóloga L., 30, moradora do Condomínio Del Mar, na Barra. “Antes do roubo, Maria preparou mousse de gorgonzola com tomates secos e cereja, e ficou postada ao lado da mesa, com as mãos para trás, dizendo que era assim que empregada tinha que se apresentar”, detalha a psicóloga L.

Câmeras de supermercado registraram o momento em que a falsa empregada, que tinha se identificado como Maria do Socorro Santos da Costa, ajudava L. a fazer compras.

Ousada, Maria do Socorro aplicou o mesmo golpe, em 18 de junho, no condomínio Verano, a 300 m de onde L. mora. “A criminosa levou R$ 100 mil em joias, dinheiro e roupas”, conta o funcionário público B., 31. Imagens do circuito interno do prédio comprovam que a golpista é a mesma que aparece no mercado com L.

Fazem tipo de funcionária exemplar

As golpistas aparentam ter 45 anos e se passam por pessoas de fé (nos vídeos, Maria do Socorro, por exemplo, faz o sinal da cruz várias vezes), prestativas e falantes, cozinheiras de mãos-cheia, conhecedoras de Internet e de leis trabalhistas. Elas pintam o cabelo e usam peruca após cada golpe.

No dia 28 de junho, policiais da 32ª DP (Taquara), prenderam Maria da Glória Souza da Cruz, 46, que praticava golpes como falsa empregada há dez anos. Ela era procurada desde 2004. Especialistas recomendam o máximo de cautela na hora de se contratar uma empregada doméstica, como ligar para pelo menos cinco referências, checar endereços fornecidos e desconfiar de preços muito abaixo do mercado.

Integrante de quadrilha

Indignadas, a psicóloga L. e a advogada R. começaram a investigar Maria.“Descobrimos que é a mesma que aplicou golpe em empresário paulista, que teve prejuízo de R$ 40 mil. No mesmo dia em que ela roubou meu apartamento, levou (cerca de R$ 50 mil) de empresária em Botafogo”, diz L.

As vizinhas, agora amigas, entregaram dossiê com fotos e vídeos a investigadores da 16ª DP (Barra da Tijuca). Agentes da delegacia não comentam o caso, alegando que a prisão de Maria do Socorro pode ocorrer a qualquer instante. Eles são unânimes em dizer que ela pertence a uma quadrilha. “Tem taxista que a conduz após os furtos; pessoas que dão falsas referências; que vendem os produtos de roubo pela Internet, e outras que, armadas, lhe dão cobertura em fugas”, comentou policial.

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