SÃO PAULO - Mato Grosso do Sul é o estado brasileiro com mais registros de casos de violência contra índios, de acordo com relatório do Conselho Indigenista Missionário (Cimi). O relatório mostra que no ano passado foram registrados 60 assassinatos de índios em todo o Brasil. Desse total, 34 deles aconteceram no estado, o equivalente a 57% de todos as mortes de indígenas registradas no país. Foram 29 mortos da etnia Guarani Kaiowá, um da etnia Guarani Nhandeva, um Terena, um Ofaye Xavante e dois Kadiweu.
O relatório do Cimi também registra 150 ameaças de morte no estado e mais de mil lesões corporais. No resto do país, foram duas ameaças de morte e onze lesões corporais dolosas em 2010.
Para Roberto Liebgott, vice-presidente do Cimi, os mais de 50 mil índios do Mato Grosso do Sul estão confinados em pequenas reservas, insuficientes para a população atual. Ele lembra, por exemplo, que grandes comunidades da etnia Guarani Kaiowá vivem confinadas em pequenos espaços de terra. Nos últimos anos, esse confinamento está crescendo por causa da expansão das plantações de soja e cana, acirrando o conflito por terra. As manifestações por demarcações de novas áreas estariam sendo reprimidas com violência. O maior número de assassinatos no estado aconteceu em cidades como Dourados, Amambaí e Caarapó, cidades onde estão concentrados as maiores aldeias dos índios da etnia Guarani Kaiowá.
- Isso gera um conflito com os fazendeiros, principalmente plantadores de cana. Tem havido uma ofensiva muito violenta contra os índios que não está sendo reprimida pelo poder público - diz Liebgott.
O relatório do Cimi destaca que há uma grande pressão da população não indígena contra a regularização das terras Guarani Kaiowá. Ainda segundo o relatório, há um forte preconceito e racismo contra os indígenas.
Nesta semana, a Justiça Federal no Mato Grosso do Sul condenou o articulista de um jornal do estado por preconceito racial contra índios. Isaac Duarte de Barros Júnior foi condenado a dois anos de reclusão. A ação foi proposta pelo procurador da República Marco Antonio Delfino de Almeida em fevereiro de 2009, depois de receber denúncias dos índios. No artigo, Barros Júnior refere-se aos índios como "bugrada", "malandros e vadios".
Em junho deste ano, um ônibus que transportava cerca de 35 estudantes índios foi atingido por um coquetel molotov, dentro da aldeia dos índios terena em Miranda, região do Pantanal sul mato-grossense. Quatro índios chegaram a ser internados em estado grave.
Na noite desta quinta-feira, segundo informações do Cimi, um índio Guarani Kaiowá foi espancado por homens encapuzados e armados no município de Paranhos, sudoeste do estado. O índio, identificado como Jerônimo é uma liderança guarani na região. Ele voltava para a reserva de moto por volta das 19h, quando foi forçado a parar por duas caminhonhetes que bloqueavam a pista. Os agressores desceram e agrediram o índio com paus, pedras e pedaços de arame. Jerônimo teria conseguido fugir e conseguiu chegar até a reserva.
O relatório do Cimi também registra 150 ameaças de morte no estado e mais de mil lesões corporais. No resto do país, foram duas ameaças de morte e onze lesões corporais dolosas em 2010.
Para Roberto Liebgott, vice-presidente do Cimi, os mais de 50 mil índios do Mato Grosso do Sul estão confinados em pequenas reservas, insuficientes para a população atual. Ele lembra, por exemplo, que grandes comunidades da etnia Guarani Kaiowá vivem confinadas em pequenos espaços de terra. Nos últimos anos, esse confinamento está crescendo por causa da expansão das plantações de soja e cana, acirrando o conflito por terra. As manifestações por demarcações de novas áreas estariam sendo reprimidas com violência. O maior número de assassinatos no estado aconteceu em cidades como Dourados, Amambaí e Caarapó, cidades onde estão concentrados as maiores aldeias dos índios da etnia Guarani Kaiowá.
- Isso gera um conflito com os fazendeiros, principalmente plantadores de cana. Tem havido uma ofensiva muito violenta contra os índios que não está sendo reprimida pelo poder público - diz Liebgott.
O relatório do Cimi destaca que há uma grande pressão da população não indígena contra a regularização das terras Guarani Kaiowá. Ainda segundo o relatório, há um forte preconceito e racismo contra os indígenas.
Nesta semana, a Justiça Federal no Mato Grosso do Sul condenou o articulista de um jornal do estado por preconceito racial contra índios. Isaac Duarte de Barros Júnior foi condenado a dois anos de reclusão. A ação foi proposta pelo procurador da República Marco Antonio Delfino de Almeida em fevereiro de 2009, depois de receber denúncias dos índios. No artigo, Barros Júnior refere-se aos índios como "bugrada", "malandros e vadios".
Em junho deste ano, um ônibus que transportava cerca de 35 estudantes índios foi atingido por um coquetel molotov, dentro da aldeia dos índios terena em Miranda, região do Pantanal sul mato-grossense. Quatro índios chegaram a ser internados em estado grave.
Na noite desta quinta-feira, segundo informações do Cimi, um índio Guarani Kaiowá foi espancado por homens encapuzados e armados no município de Paranhos, sudoeste do estado. O índio, identificado como Jerônimo é uma liderança guarani na região. Ele voltava para a reserva de moto por volta das 19h, quando foi forçado a parar por duas caminhonhetes que bloqueavam a pista. Os agressores desceram e agrediram o índio com paus, pedras e pedaços de arame. Jerônimo teria conseguido fugir e conseguiu chegar até a reserva.
Jerônimo foi levado até o hospital da cidade e recebeu alta na manhã desta sexta. De acordo com o Cimi, ele está assustado e prefere não falar com jornalistas. Os familiares teriam prestado queixa. A Polícia Militar confirmou apenas o roubo da moto de Jerônimo.
O relatório do Cimi aponta que além da falta de emprego para as populações indígenas no Mato Grosso do Sul, agravada pela mecanização das lavouras de soja e cana, há problemas em relação ao atendimento de Saúde, Educação e Assistência Social. Segundo o relatório do Cimi, os índios de Mato Grosso do Sul enfrentam situação de pobreza, fome e falta de perspectiva. Uma das consequências é o alcoolismo e o alto número de suicídios, além da violência generalizada.
O Globo
O relatório do Cimi aponta que além da falta de emprego para as populações indígenas no Mato Grosso do Sul, agravada pela mecanização das lavouras de soja e cana, há problemas em relação ao atendimento de Saúde, Educação e Assistência Social. Segundo o relatório do Cimi, os índios de Mato Grosso do Sul enfrentam situação de pobreza, fome e falta de perspectiva. Uma das consequências é o alcoolismo e o alto número de suicídios, além da violência generalizada.
O Globo
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