terça-feira, 12 de julho de 2011

TJ-RJ autoriza quebra de sigilo de mais 2 telefones de PMs do caso Juan


Juiz determinou quebra do sigilo no período de 2 de junho até 4 de julho.
Corpo de Juan foi encontrado no Rio Botas, na Baixada Fluminense.



A Justiça do Rio autorizou a quebra do sigilo telefônico de outras duas linhas de policiais militares suspeitos de envolvimento no sumiço e morte do menino Juan Moraes Neves, de 11 anos, no dia 20 de junho. A informação foi confirmada na tarde desta terça-feira (12) pelo TJ-RJ. A quebra do sigilo é do período entre o dia 2 de junho até 4 de julho de 2011, a pedido do Ministério Público.

Mais cedo, o TJ-RJ já havia informado que o juiz Marcio Alexandre Pacheco da Silva, do 4º Tribunal do Júri de Nova Iguaçu, tinha decretado a quebra de sigilo dos dados telefônicos de outras dez linhas. As 12 linhas telefônicas pertencem a um total de nove policiais militares, informou o TJ-RJ.

Quatro policiais militares do 20º BPM (Mesquita) que estavam na comunidade Danon, em Nova Iguaçu, na Baixada Fluminense, no dia da morte do menino estão sendo investigados e foram afastados das ruas pelo comandante-geral da PM, coronel Mário Sérgio Duarte. Outros sete policiais que estavam patrulhando a comunidade no dia da operação policial também são investigados.

Reconstituição
A reconstituição da morte do menino foi feita na sexta-feira (8) e terminou por volta das 2h de sábado (9), na Favela Danon. Os quatro PMs suspeitos no caso foram os últimos a serem ouvidos. A polícia deixou o local sem falar com a imprensa.

Além dos quatro PMs, outros três que também estavam perto do local no dia do tiroteio também participaram da reprodução simulada.

A reconstituição aconteceu dois dias após a chefe de Polícia Civil, Martha Rocha, confirmar a morte do menino. Na noite do dia 20 de junho, Juan vinha da casa de um amigo com o irmão, Wesley, de 14 anos, quando foi atingido durante um confronto na comunidade. O irmão e outro jovem, Wanderson dos Santos de Assis, de 19 anos, também ficaram feridos.

Durante o dia, Wanderson participou da ação de muletas e encapuzado. Ao contrário do que havia informado a Polícia Civil, Wesley não compareceu ao local da reconstituição. Os dois jovens feridos no confronto estão no Programa de Proteção de Testemunha.

Testemunha diz que viu o crime
Na sexta-feira (8), uma testemunha contou ao Jornal Nacional que viu o menino Juan ser morto por PMs. "Primeiro eles mataram um bandido. Logo após o Juanzinho saiu correndo. Eles mataram o Juan e correram atrás do irmão do Juan. O que aconteceu, eles mataram o Juan, esconderam embaixo do sofá e 30 minutos depois eles foram, apanharam o Juan e jogaram dentro da viatura," conta a dona de casa.


O sofá a que se refere a testemunha tinha sido abandonado por um morador perto do beco onde Juan foi morto. De acordo com a versão dela, os policiais voltaram ao local do crime. "No dia seguinte, eles vieram e queimaram o sofá pra não ter provas," lembra ela.

PMs souberam de morte através da imprensa, diz advogado
O advogado Edson Ferreira, responsável pela defesa dos quatro PMs acusados de envolvimento na morte do menino Juan, informou que os seus clientes são “absolutamente inocentes”. No entanto, ao ser questionado, se um tiro disparado por um dos PMs poderia ter atingido a criança, ele disse que “esse ponto ainda não se discute". Ferreira voltou a dizer que os policiais só souberam da morte de Juan através da imprensa.

O corpo de Juan Moraes, que estava desaparecido desde o dia 20 de junho, foi enterrado na noite desta quinta-feira (7) no Cemitério municipal de Nova Iguaçu. A mãe de Juan e o irmão Wesley estão incluídos no Programa de Proteção a Crianças e Adolescentes Ameaçados de Morte (PPCAAM).

Corpo foi encontrado em rio
Segundo a chefe de Polícia Civil, Martha Rocha, o corpo do menino foi encontrado na quinta-feira (30), no Rio Botas, em Belford Roxo, na Baixada. O local onde o corpo estava fica a cerca 18 km do local onde o menino foi visto pela última vez. Inicialmente, a perícia disse que o corpo encontrado à beira do rio era de uma menina. Depois foram feitos exames de DNA, que comprovaram que o corpo era de Juan.

"Mesmo que, muitas vezes, a gente erre, como a polícia errou, essas pessoas vão ser responsabilizadas por esse erro, e se, por ventura, esses policiais tiverem qualquer tipo de participação neste fato horrendo, eles vão ser punidos exemplarmente", afirmou, na época, o secretário de Segurança Pública do Rio, José Mariano Beltrame.

G1

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