Paris - Pesquisadores americanos, utilizando uma estratégia análoga à terapia gênica, conseguiram proteger ratos contra o vírus da Aids, com uma só injeção, segundo um trabalho publicado na quarta-feira pela revista científica britânica Nature.
Essa estratégia permitiu induzir uma produção permanente de anticorpos neutralizantes anti-HIV em ratos geneticamente modificados, com uma só injeção aplicada no músculo da pata do animal.
A técnica baseia-se no uso de um vetor, como um vírus inofensivo associado ao adenovírus ou "AAV" - que transporta os genes encarregados de programar a fabricação, directamente no músculo, de anticorpos protectores - que se distribuem em seguida por todo o
organismo.
Dado o nível de proctecção obtido por esse procedimento chamado "VIP" (por "vectored immunoprophylaxis"), a equipe de biólogos de Caltech (Instituto de Tecnologia na Califórnia), dirigido pelo Prêmio Nobel David Baltimore, espera poder aplicar o tratamento em humanos.
Essa inmunorpofilaxis "VIP" tem um efeito semelhante ao de uma vacina, mas sem fazer o sistema imunológico trabalhar, explicou Alejandro Balazs, principal autor do estudo num comunicado de imprensa de Caltech.
Esquematicamente, uma vacina compreende um antígeno, como uma bactéria morta ou um elemento reconhecido de um vírus, e depois de injetado no corpo, o sistema imunológico aprende a fabricar anticorpos para combatê-lo.
Este procedimento clássico não permitiu até o momento criar uma vacina eficaz contra o vírus da Aids.
A equipe de investigadores procjeta testar esse método em ensaios clínicos limitados, primeiro para comprovar se é possível obter uma produção suficiente de anticorpos a partir de um músculo humano.
"Como já sabemos que os anticorpos funcionam, acredito que podemos induzir à produção de anticorpos suficientes nos genes, as possibilidades de que o método VIP tenha sucesso são realmente elevadas", disse Balazs.
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