Uma série de assassinatos de prostitutas com requintes de crueldade ocorridos na década de 90 em Lisboa parece ter sido desvendada nesta semana.
A resolução dos crimes não foi o resultado do trabalho policial, mas da ânsia de um jovem em conseguir fazer parte de um reality show.
O programa de televisão chama-se Casa dos Segredos e, para ser aceito, cada concorrente tinha de ter um segredo. Joel Guedes, de 21 anos, apresentou-se à produção da edição deste ano do programa com a frase: "Sei quem é o estripador de Lisboa".
O estripador de Lisboa ficou conhecido devido a três crimes que teria cometido em julho de 1992 e janeiro e março de 1993. As três vítimas eram prostitutas, viciadas em drogas, portadoras do vírus HIV, de baixa estatura e morenas.
Nas entrevistas para o programa, Joel denunciou o pai, José Pedro Guedes, operário da construção civil de 46 anos, que mora em Matosinhos, 310 km ao norte da capital portuguesa.
Na época dos crimes, José Pedro trabalhava na periferia de Lisboa na construção da infraestrutura de gás canalizado. Apesar da denúncia, Joel não foi aceito pela produção do reality show.
Mas suas declarações acabaram nas mãos de uma conhecida jornalista investigativa, Felícia Cabrita.
Na edição que chegou às bancas nesta semana em Portugal, o semanário Sol publicou o resultado das investigações da jornalista.
Prescrição
Em entrevistas, José Pedro admite autoria dos três crimes atribuídos ao "estripador de Lisboa" e dois outros.
Alertada pela jornalista de que José Pedro lhe enviou um torpedo dizendo estar "vontade de voltar a matar", a polícia o prendeu.
Os três crimes realizados em Lisboa já prescreveram, por terem se passado 15 anos desde que foram cometidos.
À jornalista, José Pedro contou que teria cometido mais dois assassinatos de prostitutas, um na Alemanha, em 1994 – onde teria estado como imigrante –, e outro na cidade de Aveiro, no ano 2000.
Apenas por esse último crime ele poderá ser condenado em Portugal.
Nas entrevistas, José Pedro não apenas confirma que cometeu os crimes como explicou suas motivações, relatando detalhes que não tinham sido divulgados pela polícia na época.
Ele relata que escolhia as vítimas pelo aspecto físico, por parecerem com sua mãe. Abandonado pela mãe aos dois anos de idade, apenas voltou a vê-la aos 15 anos. Disse que considerava o que fazia como uma "campanha para acabar com a sujeira".
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