terça-feira, 12 de outubro de 2010

Tecnologia na infância e adolescência: assim caminha a humanidade


Restaurante lotado, barulhos de toda ordem, garçons rodopiando pelo salão, música ambiente alta, pais discutindo em quem votar ou sobre a última notícia bombástica da cidade. E eles estão ali, imóveis, mudos e surdos. Nada os abala, ninguém chama sua atenção. Nem mesmo um enorme sorvete, posto de lado, já que chegou bem na hora em que o golpe final seria dado e muitos pontos poderiam ser ganhos. Quem sabe até mesmo um recorde batido. Na escola, todos têm recordes a bater. Em games e não em desempenho escolar, é claro!
A cena descrita acontece a todo momento, em diversos lugares onde circulam pais e filhos. Até mesmo em clubes, onde presenciei meninos sentados no centro da quadra de basquete jogando seus games. Cada um com o seu, sem contato físico nem verbal com seus amigos. Sem dúvida, manter a geração de hoje parada por muito tempo é tarefa árdua e requer tempo e paciência. Algo de que não dispõe a maioria das pessoas, principalmente, os pais, que se dedicam cada vez menos a seus filhos e cada mais a si próprios. Muito mais fácil, portanto, é deixar para a tecnologia, aí incluída também a TV, a tarefa de "distrair" crianças e adolescentes. Nada de perguntas sem fim, gritaria e bagunça. Ufa! Santa TV! Bendito game!
E assim caminha a humanidade! Pais e filhos tão próximos e tão distantes ao mesmo tempo. Quantos deles sabem o que seus filhos andam pesquisando na internet? Com quem andam falando no MSN? Que nota tiraram na última redação da escola? O que comem no recreio? Nada disso interessa, se eles estiverem quietinhos na hora do Jornal Nacional ou quando o time entrar em campo. Nada disso importa na hora da novela ou da academia. Apenas interessa aos pais que esses pobres meninos e meninas estejam por perto, mas sem incomodar muito, sem fazer barulho suficiente para fazê-los perceber que existe alguém no mundo que depende deles para, no futuro, poder votar e assistir à TV sem achar que, com apenas "um golpe", tudo será resolvido.
Pobres crianças! Pobres pais! Pobre humanidade!

Artigo da leitora Adriana d´Albrieux de Carvalho


O Globo

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