Má infraestrutura e falta de saneamento básico estão entre os motivos do problema
Cerca de 85% dos moradores da cidade de São Paulo, o que representa 9,3 milhões de pessoas, vivem em áreas onde a taxa de mortalidade infantil tem dois dígitos, segundo média anual realizada entre 2005 e 2009. O resultado é considerado alto por especialista ouvida pelo R7.
Apenas 22 dos 96 distritos da capital paulista têm menos de dez crianças menores de um ano mortas a cada mil nascidas vivas, dados que compõem a taxa de mortalidade infantil. Tanto os dados da mortalidade infantil quanto os da população são do Seade (Fundação Sistema Estadual de Análise de Dados).
Márcia Furquim de Almeida, professora do departamento de epidemiologia da Faculdade de Saúde Pública da USP (Universidade de São Paulo), destacou que o índice de mortalidade infantil é muito variável quando é feito em regiões com menos de 80 mil habitantes - caso da maioria dos distritos de São Paulo. Uma maneira de se obter um diagnóstico mais preciso é fazendo a média do índice entre 2005 a 2009.
Para a professora, a taxa de mortalidade acima de dez crianças menores de um ano mortas a cada mil nascidas vivas revela problemas que vão além do simples acesso à saúde. O resultado destaca fatores como má infraestrutura, baixa renda, poucos anos de frequência escolar e falta de saneamento básico, segundo a especialista.
Desigualdade
Levantamento da ONG Rede Nossa São Paulo a partir de dados do Seade revela que os índices de mortalidade infantil de São Paulo têm resultados que são equivalentes a países africanos pobres em algumas regiões e a países nórdicos ricos em outras.
Marsilac e Perdizes foram as regiões com a taxa mais baixa de mortalidade infantil (crianças com menos de um ano mortas a cada cem nascidas vivas), com zero óbitos em 2009. De acordo com o World Factbook (compilação de dados feita pela Agência Central de Inteligência dos Estados Unidos), o número é melhor que o da Suécia (2,75), Japão (2,79) e França (3,33).
Analisando a média anual entre 2005 e 2009, Marsilac aparece com taxa de 12,7, acima dos países desenvolvidos. Perdizes, no entanto, se mantém no grupo privilegiado, com taxa de 5,7.
Já Guaianases teve taxa de mortalidade infantil de 21,67 em 2009, mais alta que a do Suriname (18,81), Armênia (20,21) e faixa de Gaza (18,35). Os distritos de Cidade Tiradentes (17,65) e Ponte Rasa (20,05), ambos na zona leste de São Paulo, e Brás (19,20), no centro, também contam com índices comparáveis a regiões pobres do planeta (veja todos os distritos no infográfico abaixo).
Mesmo quando visto sob a perspectiva da média entre 2005 e 2009, Guaianases permanece com índice alto, de 16,4.
A cidade de São Paulo tem uma taxa de mortalidade de 11,93. Em números absolutos, foram 2.074 mortes. Em relação ao ano anterior, houve uma melhora. Em 2008, o índice era de 12 e o total de mortes, 2.084. Mas a diferença entre o melhor e o pior distrito era menor em 2008 (16,5 vezes), enquanto que em 2009 a diferença subiu para 17,6 vezes.
O índice é um dos parâmetros mais importantes usados pela OMS (Organização Mundial da Saúde) para definir a qualidade do atendimento de saúde de um país.
Segundo o professor da UnB (Universidade de Brasília) e infectologista José Ricardo Pio, o dado é sensível a uma série de fatores, como a infraestrutura da região, escolaridade e renda. De acordo com Pio, é normal que nas grandes metrópoles brasileiras existam diferenças grandes entre as regiões ricas e pobres.
A professora Márcia concorda e acrescenta que os índices de países mais desenvolvidos, além de serem mais baixos, são mais homogêneos. A professora diz que em uma perspectiva mais ampla de tempo, a taxa de mortalidade infantil de São Paulo vem caindo. Nos anos 70, o número chegava a ter três dígitos.
Outro lado
A SMS (Secretaria Municipal da Saúde) não respondeu a questões da reportagem do R7 sobre a desigualdade da mortalidade infantil na capital paulista. Por meio de nota, a SMS disse que, nos últimos cinco anos, foram feitos importantes investimentos na área.
Entre as ações mencionadas pela pasta estão 55 novas UBSs (Unidades Básicas de Saúde), ampliação de 60% do número de equipes do programa Estratégia Saúde da Família (que faz equipes de médicos visitarem residências em áreas pobres) e o programa Proteção à Mãe Paulistana, que presta assistência pré-natal e realizou 494 mil partos desde março de 2006, quando foi implementado.
Cerca de 85% dos moradores da cidade de São Paulo, o que representa 9,3 milhões de pessoas, vivem em áreas onde a taxa de mortalidade infantil tem dois dígitos, segundo média anual realizada entre 2005 e 2009. O resultado é considerado alto por especialista ouvida pelo R7.
Apenas 22 dos 96 distritos da capital paulista têm menos de dez crianças menores de um ano mortas a cada mil nascidas vivas, dados que compõem a taxa de mortalidade infantil. Tanto os dados da mortalidade infantil quanto os da população são do Seade (Fundação Sistema Estadual de Análise de Dados).
Márcia Furquim de Almeida, professora do departamento de epidemiologia da Faculdade de Saúde Pública da USP (Universidade de São Paulo), destacou que o índice de mortalidade infantil é muito variável quando é feito em regiões com menos de 80 mil habitantes - caso da maioria dos distritos de São Paulo. Uma maneira de se obter um diagnóstico mais preciso é fazendo a média do índice entre 2005 a 2009.
Para a professora, a taxa de mortalidade acima de dez crianças menores de um ano mortas a cada mil nascidas vivas revela problemas que vão além do simples acesso à saúde. O resultado destaca fatores como má infraestrutura, baixa renda, poucos anos de frequência escolar e falta de saneamento básico, segundo a especialista.
Desigualdade
Levantamento da ONG Rede Nossa São Paulo a partir de dados do Seade revela que os índices de mortalidade infantil de São Paulo têm resultados que são equivalentes a países africanos pobres em algumas regiões e a países nórdicos ricos em outras.
Marsilac e Perdizes foram as regiões com a taxa mais baixa de mortalidade infantil (crianças com menos de um ano mortas a cada cem nascidas vivas), com zero óbitos em 2009. De acordo com o World Factbook (compilação de dados feita pela Agência Central de Inteligência dos Estados Unidos), o número é melhor que o da Suécia (2,75), Japão (2,79) e França (3,33).
Analisando a média anual entre 2005 e 2009, Marsilac aparece com taxa de 12,7, acima dos países desenvolvidos. Perdizes, no entanto, se mantém no grupo privilegiado, com taxa de 5,7.
Já Guaianases teve taxa de mortalidade infantil de 21,67 em 2009, mais alta que a do Suriname (18,81), Armênia (20,21) e faixa de Gaza (18,35). Os distritos de Cidade Tiradentes (17,65) e Ponte Rasa (20,05), ambos na zona leste de São Paulo, e Brás (19,20), no centro, também contam com índices comparáveis a regiões pobres do planeta (veja todos os distritos no infográfico abaixo).
Mesmo quando visto sob a perspectiva da média entre 2005 e 2009, Guaianases permanece com índice alto, de 16,4.
A cidade de São Paulo tem uma taxa de mortalidade de 11,93. Em números absolutos, foram 2.074 mortes. Em relação ao ano anterior, houve uma melhora. Em 2008, o índice era de 12 e o total de mortes, 2.084. Mas a diferença entre o melhor e o pior distrito era menor em 2008 (16,5 vezes), enquanto que em 2009 a diferença subiu para 17,6 vezes.
O índice é um dos parâmetros mais importantes usados pela OMS (Organização Mundial da Saúde) para definir a qualidade do atendimento de saúde de um país.
Segundo o professor da UnB (Universidade de Brasília) e infectologista José Ricardo Pio, o dado é sensível a uma série de fatores, como a infraestrutura da região, escolaridade e renda. De acordo com Pio, é normal que nas grandes metrópoles brasileiras existam diferenças grandes entre as regiões ricas e pobres.
A professora Márcia concorda e acrescenta que os índices de países mais desenvolvidos, além de serem mais baixos, são mais homogêneos. A professora diz que em uma perspectiva mais ampla de tempo, a taxa de mortalidade infantil de São Paulo vem caindo. Nos anos 70, o número chegava a ter três dígitos.
Outro lado
A SMS (Secretaria Municipal da Saúde) não respondeu a questões da reportagem do R7 sobre a desigualdade da mortalidade infantil na capital paulista. Por meio de nota, a SMS disse que, nos últimos cinco anos, foram feitos importantes investimentos na área.
Entre as ações mencionadas pela pasta estão 55 novas UBSs (Unidades Básicas de Saúde), ampliação de 60% do número de equipes do programa Estratégia Saúde da Família (que faz equipes de médicos visitarem residências em áreas pobres) e o programa Proteção à Mãe Paulistana, que presta assistência pré-natal e realizou 494 mil partos desde março de 2006, quando foi implementado.
João Varella
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