quinta-feira, 28 de outubro de 2010

'Fui chamada de prostituta', diz garota agredida em escola em SP

Garota teve escoriações no antebraço e ferimento
na orelha
(Foto: Letícia Macedo/G1)

Aluna disse que colegas riem dela; suspeitas de agressão negam provocação.
Escola fará reunião para tentar solucionar conflito nesta quinta-feira (28).

Uma das garotas que foi agredida na Escola Estadual Adhemar Bolina, em Biritiba Mirim, na região de Mogi das Cruzes, disse que parte dos colegas agora faz graça com a violência sofrida.
Na quarta-feira (27), após voltar à escola, a menina de 14 anos disse ter sido alvo de chacota. “Foi um dia ruim. [Alguns colegas de sala] têm dó, mas outros ficam rindo porque eu apanhei”, disse.
As brigas têm se tornado frequentes; mais de uma já foi, inclusive, filmada por celulares.
A aluna da 8ª série que se disse alvo de chacotas foi agredida na sexta-feira (22), a última confusão registrada. Ela se disse vítima de bullying desde o início do ano letivo e fez um boletim de ocorrência depois de apanhar das colegas de classe. As suspeitas, no entanto, negaram ao G1 ter provocado a confusão. Uma delas disse ter entrado apenas para separar a briga.
A garota agredida afirmou que uma colega de classe de 15 anos é quem mais lhe importuna. “Ela fala assim: ‘você se acha, mas compra roupa no brechó’."
A confusão teve início na última sexta em sala de aula. Segundo ela, uma amiga da colega de classe de 15 anos a ofendeu, chamando-a de "prostituta". Já no pátio, ela disse ter sido atacada por quatro garotas. O laudo do Instituto Médico-Legal (IML) apontou escoriações na região frontal, no antebraço e um ferimento na orelha da garota.

Outro lado
As duas apontadas como as principais agressoras, no entanto, negaram ter provocado a garota. A menina de 15 anos disse que só entrou para separar a briga. “Já me envolvi em confusão, mas dessa vez, não. Fui só separar a briga. Não foi muito, mas apanhei [na sexta-feira]”, afirmou.
A mãe da adolescente de 15 anos negou que a filha provoque confusões no colégio. “Ela até chorou de desgosto quando soube que estavam falando que ela tinha provocado a confusão”, afirmou a dona de casa. Para ela, a filha tem recebido um tratamento discriminatório na escola. “Ela já foi agredida. Fui reclamar na escola e ninguém fez nada”, disse.
A garota, porém, disse que não consegue se controlar quando é provocada. “Sabem que eu não aguento provocação. Sou esquentada”, disse ela que teve vários boletins de ocorrência registrados em 2010. Em maio, foram duas brigas com uma outra menina, o que a levou ao fórum. “Levamos um sermão. Para mim, resolveu. Para ela parece que não”, disse a garota de 15 anos.
A outra garota apontada como autora das agressões, suspeita de ofender a menina de 14 anos, disse que não foi ela quem começou a briga. "Foi ela quem falou que minha mãe era prostituta. E não o contrário", afirmou.

Professores mediadores
De acordo com a Secretaria da Educação, quatro garotas foram suspensas devido à confusão e os pais delas, convocados para uma reunião de conselho nesta quinta-feira (28), da qual participarão também a direção, funcionários do colégio e um representante da Diretoria de Ensino. A Diretoria de Ensino de Mogi das Cruzes solicitou que dois professores mediadores comecem a trabalhar na escola para evitar novos conflitos.


Brigas entre alunos
O presidente do Conselho Tutelar de Biritiba Mirim, Alexandre Batista de Araújo, afirmou que foram notificadas cinco denúncias de brigas em colégios estaduais e municipais do município, mas disse que ainda é cedo para dizer que Biritiba Mirim enfrenta um problema.
“Apenas em 60 ou 90 dias teremos um levantamento sobre esses incidentes e poderemos concluir se é ou não alarmante”, declarou. Sobre a agressão ocorrida na última sexta, Araújo disse que o caso corre em sigilo e que, por isso, não pode dar detalhes.


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