quinta-feira, 28 de outubro de 2010

Advogado quer colocar goleiro Bruno frente a frente com filho de Eliza Samudio em audiência na Justiça


Representante da mãe da jovem assassinada acredita que, diante da criança, jogador ficaria comovido e concordaria com novo teste de DNA

O advogado José Arteiro Cavalcante Lima, que representa Sônia de Fátima Moura, mãe de Eliza Samudio, montou uma estratégia para tentar convencer o goleiro Bruno, acusado de matar a jovem, de ceder material para um novo teste de DNA. Arteiro quer que o menino Brunonho, de oito meses, filho de Eliza e, possivelmente, do goleiro, esteja presente nas próximas audiências no Fórum de Contagem, em Minas Gerais. As sessões estão previstas para os dias 8, 9 e 10 de novembro.
Como explicou o advogado em entrevista ao site de VEJA, o objetivo é tentar fazer o jogador, diante das testemunhas, comover-se com a presença da criança e, a partir daí, ceder material para um teste de DNA em Minas. O novo teste, para Arteiro, poderia dar mais rapidez ao reconhecimento de paternidade. “No laboratório do Rio de Janeiro estamos dependendo da assinatura do médico responsável. Mas podemos resolver isso mais rápido, aqui em Minas", explicou o advogado.
Na semana passada, Arteiro afirmou que um exame realizado em um laboratório da capital fluminense teria confirmado ser o goleiro Bruno o pai biológico da criança. Porém, as Justiças de Minas e do Rio não confirmaram a declaração que o laudo estivesse concluído. O processo corre em segredo de Justiça.
Na audiência realizada na última terça-feira, no Fórum de Esmeraldas, o atleta negou ter cedido material para análise e afirmou que está disposto a fornecer material para o teste de paternidade. "Eu tenho duas meninas e sou louco para ser pai de um menino. Se ele for mesmo meu filho, pretendo assumir e ainda pedir a guarda. Onde comem dois, comem três", declarou o atleta.
O advogado Ércio Quaresma, que defende o goleiro Bruno e os demais acusados de seqüestrar e matar Eliza Samudio, pretende barrar a estratégia de Arteiro. Quaresma afirmou que, se o bebê for levado ao Fórum, pretende acionar o Conselho Tutelar, pois o colega estará expondo a criança. “Não é dessa maneira que alguém convence outra pessoa a realizar um exame”, disse Quaresma. O defensor de Bruno condenou ainda o fato de Arteiro ter revelado o teor de um exame que faz parte de um documento sigiloso.
José Arteiro também comentou as declarações do jogador e de Luiz Henrique Romão, o Macarrão, de que Eliza estaria viva, morando em São Paulo, e estaria escondida para prejudicar o goleiro e seus amigos. Para o advogado, os acusados de envolvimento no crime estão sendo orientados a mentir, para tentar comover as pessoas, já que até o momento o corpo da jovem não foi encontrado. “Estamos falando de assassinos covardes e que em momento algum se mostraram arrependido do crime que cometeram”, disse.
Conforme Arteiro, as crises do goleiro, em que desmaia durante as audiências, também são estratégias traçadas pela defesa, para comover o público. “As pessoas não podem esquecer que esse homem, que se mostra abatido, é o principal responsável por torturar e assassinar a mulher que lutava na Justiça para provar que ele era o pai de seu filho. Por que Eliza iria se esconder e deixar o filho para trás?”, questiona.

Mais sobre o caso Bruno:

OAB mineira reprova declaração de juíza
Para secretário-geral da instituição, magistrada emitiu opinião "inócua" sobre processo que não preside e sem ter lido os autos na íntegra

A Ordem dos Advogados do Brasil em Minas Gerais condenou a decleração dada pela juíza Maria José Starling, da comarca de Esmeraldas, que, na terça-feira, defendeu a libertação do goleiro Bruno e dos acusados de seqüestrar e matar Eliza Samudio. A opinião da magistrada, dada no fim da audiência, pode, segundo a OAB, ser configurada como infração à Lei Complementar 35 e ao Código de Ética da Magistratura Nacional.
A Lei Complementar 35, de 14 de março de 1974, chamada Lei Orgânica da Magistratura Nacional (Loma), trata da proibição de um magistrado se “manifestar, por qualquer meio de comunicação, opinião sobre processo pendente de julgamento, seu ou de outrem, ou juízo depreciativo sobre despachos, votos ou sentenças de órgãos judiciais, ressalvada a crítica nos autos e em obras técnicas ou no exercício do magistério”.
A juíza presidiu a sétima audiência de instrução e julgamento sobre desaparecimento e assassinato da jovem admitiu que sua afirmação não foi baseada na leitura completa dos autos. Mesmo assim, afirmou que não se arrepende da manifestação e nega ter cometido qualquer deslize ao emitir um comentário sobre um caso ainda em andamento.
Sérgio Murilo Braga, secretário-geral da Ordem dos Advogados do Brasil, seção de Minas Gerais (OAB-MG), entende que a magistrada, ao emitir opiniões, acaba pratica abuso de conduta. “Ela não preside o processo, mas está praticando um ato processual”, entende Braga. Ele classificou de “inócuas” as declarações da juíza, já ela reconhece não ter lido os autos. O processo sobre a morte de Eliza Samúdio é presidido pela juíza Marixa Fabiane Rodrigues, da comarca de Contagem

Andréa Silva, de Belo Horizonte (MG)


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