terça-feira, 26 de outubro de 2010

Bandido executou inocentes por ciúme de ex-namorada

A polícia acredita que um crime passional seja o motivo da chacina de São João de Meriti, na noite de domingo, quando cinco pessoas morreram e outras dez ficaram feridas. Três dos quatro bandidos que participaram da ação foram reconhecidos por testemunhas e terão suas prisões temporárias pedidas pela 64ª DP (São João de Meriti) nesta terça-feira.
Vinícius Anselmo de Araújo da Luz, o Vinicinho Jogador, de 28 anos, foi o primeiro a ser identificado. Ele teria ido ao local em uma picape para matar o taxista Ubirajara, o Bira, de 32 anos, atual companheiro de sua ex-namorada. Luiz Fernando Nascimento Ferreira, o Bacalhau, de 30 anos — que já tinha antecedentes por tráfico, associação para o tráfico e falsidade ideológica —, e Renato Ramos da Fonseca, o Renatinho, de 29, também foram reconhecidos. Todos moram na Favela do Chapadão, na Pavuna.
De acordo com uma testemunha, os bandidos saltaram do carro atirando a esmo, enquanto outro grupo fazia a cobertura dos bandidos. Rozilene Nascimento, de 37 anos, morreu no local. Tiago da Silva Santos, de 25, morreu no PAM de São João, Waldenir de Oliveira de Jesus, de 16, morreu no posto de saúde de Vila Éden, Gilson Alves de Lino, de 42, morreu no Hospital de Saracuruna, e Marcos Otávio Barbosa, de 16, morreu no Hospital da Posse.
Mário Flávio da Cunha foi baleado na cabeça e permanece internado no Hospital de Saracuruna. Outras quatro pessoas também foram atingidas, mas sem gravidade.
Segundo a polícia, a ex-namorada de Vinicinho teria terminado o relacionamento quando ele foi preso, por uma tentativa de assalto a ônibus, há três anos. Ao sair da cadeia, em março de 2009, ele havia prometido matar Ubirajara, que passou a se esconder com a companheira em São João de Meriti. Ubirajara já havia sofrido uma tentativa de homicídio, no ano passado. Na ocasião, Vinicinho e Renatinho atiraram contra ele, mas o taxista escapou.
Na segunda-feira, a 64ª DP recebeu denúncias de que, após a chacina, os três teriam metralhado um bar, e, mais tarde, fugido para a Favela da Chatuba, na Penha.

Choro e revolta no enterro de vítimas
Duas das vítimas foram enterradas na segunda-feira e as outras devem ser enterradas nesta terça à tarde. O velório de Thiago dos Santos reuniu cerca de 200 pessoas, entre amigos, parentes e vizinhos, que chegaram ao Cemitério de Olinda, em Nilópolis, em dois ônibus alugados.
Thiago morava com a mãe, numa casa próxima ao local da chacina. De acordo com um dos irmãos da vítima, o segurança José Cleriston Silva dos Santos, de 32 anos, ele e o irmão trabalharam como auxiliares de gráfica, até ficarem desempregados. Nesta terça, ele começaria num novo emprego, como segurança de um restaurante, em Copacabana.
— A gente não tem liberdade, com esses vermes, esse lixo. É com a família deles que eles têm que fazer ruindades — afirmou, emocionada, Fátima Guimarães da Silva, de 54 an
os, amiga da família de Thiago.
Choros de amigos da escola e do curso de violão tornou ainda mais triste o ambiente do enterro do estudante Waldenir de Oliveira de Jesus, no Cemitério do Éden, no mesmo bairro onde aconteceu a chacina.
Professor de violão de Waldenir, Dinho Ramos lembrou do aluno inteligente e dedicado que perdeu.

— Era um menino 100%, obediente e muito dedicado — contou o professor.

‘Em minutos perdi o filho e a cunhada’
Pai de Marcos Otávio Barbosa, de 16 anos, um dos adolescentes mortos na chacina, Márcio Alexandre Barbosa da Silva descreveu como foi o ataque. Sua mulher, Cátia Sidônia Souza e Silva, era a aniversariante e completava 36 anos. De acordo com ele, a festa ainda estava no início, por volta das 19h, quando uma Hilux preta parou em frente, quatro homens saltaram e fizeram os disparos.
— Eles estavam armados com fuzis. Em cinco minutos, perdi o filho e a cunhada — contou Márcio, referindo-se a Rozilene.
A suspeita de crime passional foi confirmada pelo comandante do 21º BPM (Vilar dos Teles), tenente-coronel George Freitas, que confirmou ter recebido a informação de que Vinicinho teria encomendado a morte de um homem que estaria saindo com sua ex-mulher. George prometeu fazer operações nos próximos dias, com a ajuda de outros batalhões da Baixada, para prender os bandidos.

De ex-fuzileiro a assassino
A trajetória de fuzileiro naval a mandante da chacina que aterrorizou São João de Meriti foi marcada por uma motivação: a obsessão pela ex-namorada. Em 2006, o então soldado da Marinha traçou um caminho sem volta ao se envolver numa tentativa de assalto a ônibus em Nova Iguaçu. Alguns meses depois de ter sido preso, a namorada dele decidiu acabar o relacionamento de cerca de quatro anos.
Em 2007, ela começou a namorar Ubirajara, o Bira, também criado na Vila Tiradentes, assim como o seu ex. Na época, Vinicinho Jogador — como ficou conhecido no mundo do crime — estava atrás das grades e prometeu que daria um fim ao companheiro da mulher que dizia amar.
Quando saiu da cadeia, em março de 2009, a notícia de que a ex tinha um filho recém nascido alimentou o ódio de Vinicinho, que decidiu cumprir a promessa. No dia 27 de dezembro, Bira escapou da morte pela primeira vez, de acordo com depoimento dado ontem por Bira na 64ª DP (Vilar dos Teles).
No dia do casamento do irmão, ele saiu da casa da mãe, na Vila Tiradentes, para comprar cerveja, quando teria sido surpreendido pelo rival. Segundo ele, Vinicinho desceu de um carro com Renato Ramos da Fonseca, o Renatinho, também reconhecido na chacina. Os dois começaram a atirar. Bira conseguiu fugir, mas não registrou ocorrência, com medo de sofrer um novo ataque.

‘Eu amo a sua filha’
Na semana passada, a companheira de Bira teve um encontro ocasional com o ex enquanto caminhava com a mãe pelas ruas da Vila Tiradentes. Segundo depoimento, Vinicinho passou as mãos nos cabelos da ex, grávida de sete meses, e disse para a sua mãe: “Eu ainda amo a sua filha”. Assustada, a mulher se agarrou ao filho de 1 ano e 8 meses, que estava no seu colo.
No domingo, Bira apareceu no caminho de Vinicinho. Desta vez, não foi ocasional. Com um fuzil na mão, Vinicinho desceu de uma picape com outros três homens armados para cumprir a promessa feita quando estava na cadeia. Bira, que assistia ao jogo entre Flamengo e Vasco, pelo Campeonato Brasileiro, escapou da morte pela segunda vez.
Além de Renatinho, a vítima identificou Luiz Fernando Nascimento Ferreira, o Bacalhau, suspeito de chefiar o tráfico no Chapadão, na Pavuna e cabeça do “Bonde do Bacalhau”.

Extra Online


Caso de Polícia

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