quinta-feira, 10 de fevereiro de 2011

Procuradoria investiga denúncia de tráfico em abrigos de Teresópolis

Força Nacional de Segurança patrulha o entorno do Ginásio Pedrão, o principal abrigo em Teresópolis.

Representantes pedem reforço na segurança dos locais

Quase um mês após as enchentes e deslizamentos que devastaram cerca de 30 bairros na cidade de Teresópolis, na região serrana do Estado do Rio de Janeiro, o Ministério Público do Estado do Rio de Janeiro e a Procuradoria Geral de Teresópolis estão investigando denúncias de tráfico nos abrigos da cidade. Pelo menos em três deles teriam ocorrido casos frequentes de venda de drogas e, em outros dois, casos esporádicos e já resolvidos.
Em entrevista exclusiva ao R7, a procuradora Ana Cristina confirmou ter recebido denúncias de coordenadores e de outras autoridades sobre os casos de tráfico de drogas dentro dos abrigos da cidade
- Todos os dias fazemos reuniões para saber o que ocorre em todas as frentes. Há poucos dias recebi estas informações de representantes dos abrigos. Alguns pediram reforço na segurança porque estavam preocupados com os casos de tráfico que estavam ocorrendo nas dependências. Nem sempre é possível avaliar, numa situação como essas, exatamente a origem das pessoas que estão sendo abrigadas. Já requisitei pessoalmente que a secretaria de segurança vá a cada um dos abrigos para verificar estas ocorrências e tomar as medidas necessárias.
Em um dos abrigos localizados no centro da cidade, a coordenadora do local informou que conseguiu retirar de dentro das dependências um indivíduo que havia perdido sua casa mas que havia conseguido levar consigo drogas. Ele utilizava assim o lugar como ponto de tráfico, vendendo e repassando a terceiros.
Ana Cristina falou também sobre outra denúncia, esta não confirmada. Segundo o morador G.D.C, de 56 anos, a Defesa Civil tem sido intimidada por traficantes e está tendo dificuldades para interditar casas de pessoas ligadas ao tráfico. Assim como a procuradora, o major Anderson Corrêa de Oliveira, do Batalhão de Teresópolis (30º BPM), também disse que não recebeu nenhuma informação a respeito dessas ocorrências.
-A principio não chegou nada disso para a gente. Temos boa relação com a Defesa Civil e com as autoridades responsáveis pelos abrigos. Se tivesse ocorrido algo, certamente eles teriam nos repassado, e nós, imediatamente, iríamos ao local coibir estes fatos. Fazemos rondas em todos os abrigos a cada hora cheia.

Polícia sobrecarregada
Segundo um levantamento feito pelo R7, a Delegacia de Teresópolis (110ª DP) tem 60 policiais a menos do que há 20 anos. Com a sobrecarga de trabalho em todas as frentes, no fim da primeira quinzena de janeiro, o Ministério Público Estadual criou na região serrana um núcleo do grupo de combate ao crime organizado, para tentar suprir a demanda atual do município.
Apesar disso, em Vieira, bairro conhecido como Várzea, que se localiza a 57 kilômetros do centro da cidade, os moradores também se queixam da falta de segurança da Força Nacional e da Polícia Militar.

Um mês da tragédia
Nesta sexta-feira (11), a tragédia que devastou parte da região serrana completa um mês (Veja os vídeos). Apenas na cidade de Teresópolis, morreram, oficialmente, 372 pessoas. Além disso, a cidade tem 6.727 desabrigados, 9.111 desalojados e 223 pessoas desaparecidas. No entanto, os moradores acreditam que o número de mortos é ainda maior. Para Antônio Marcos Diniz, 41 anos, morador da Posse, os mortos devem ultrapassar facilmente a barreira dos mil.
- Aqui na Posse deve ter muita gente embaixo dessa camada de terra e areia que ainda nem foi mexida e que, ao que tudo indica, continuará assim por que o bairro parece que vai ser transformado em uma reserva ambiental. Já lá em Campo Grande, que o Censo do IBGE apontou mais de 6.000 habitantes e que foi completamente destruído, tenho certeza que nunca mais encontrarão famílias inteiras. Não tem como reclamar por desaparecidos se a família toda foi morta.

Sérgio Vieira



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