A falta de escolha
Como algo tão simples como o toque pode ser esquecido com tanta facilidade em nossa sociedade? Não conferir-lhe importância, mesmo desconhecendo seus efeitos fisiológicos, é um erro de grande magnitude. Um abraço, um aperto de mão, umas palmadas nas costas, como quem diz “força, você consegue”, não precisam ser acompanhados de palavras e transmitem em nosso interior sentimentos inexplicáveis. O toque está intimamente relacionado com a energia interior dos corpos ou, para os que preferem, com a energia espiritual, e isto pode ser observado ou sentido por um mero leigo. Quem nunca percebeu que quando entra em contato com determinada pessoa não se sente bem ou sente que sua energia está sendo “sugada”? Pois bem, desconsiderando explicações espirituais, há dados científicos que explicam o porquê disto, ou melhor, explicam a importância do toque.
Inicialmente é necessário compreender que a pele tem uma função imunológica. A epiderme, camada mais externa da pele, produz uma substância semelhante ao hormônio timopoietina, ativo na diferenciação de linfócitos T, células responsáveis pela imunidade celular. Assim é possível compreender que a estimulação tátil, além de estar intimamente relacionada com o nosso conhecimento e experiências com o ambiente, gera mudanças significativas nas estruturas neurológicas e imunológicas, interferindo diretamente no comportamento do indivíduo. Em uma de suas experiências, o Dr. Martin Reite e seus colaboradores, comprovaram a influência do toque, principalmente do materno, nas estruturas imunológicas. Ao separar macacos de suas mães por duas semanas foi observado um menor nível de proliferação de linfócitos, nível que voltou ao normal assim que os macacos foram devolvidos às mães. Experimento semelhante foi realizado com ratos, que, quando afastados de suas mães, sofreram um declínio significativo na ODC (relacionado à síntese protéica e ácido-nucléica), sendo que a ODC do cérebro atingiu 60% abaixo do nível inicial. Acredito não ser novidade para ninguém a importância do contato físico da mãe com o filho e o quão imprescindível e determinante isto é para o crescimento e o desenvolvimento físico e mental da criança. Para alguns leitores isto pode parecer um tanto quanto “clichê”, portanto descreverei resultados experimentais que comprovam o que foi dito.
Após uma série de experimentos, Kuhn, Evoniuk e Schanberg, concluíram que uma sutil interação mãe-filhote (na casa, ratos) já era suficiente para inverter os efeitos negativos causados pelo afastamento de ambos. Também observaram que houve uma elevação na atividade hepática da ODC em filhotes que, apesar de afastados da mãe, foram tocados em um intervalo de tempo, quando comparada a esta atividade em filhotes completamente isolados. Mas, é claro, em ambos os casos a atividade hepática da ODC foi inferior a observada em filhotes que não foram afastados de suas mães. Portanto, há evidências que comprovam a existência de diferenças bioquímicas entre os seres humanos que foram estimulados sensorialmente e os que foram privados de tais estímulos. O “nanismo psicossocial” ou “nanismo por carência maternal” exemplifica bem estes casos, pois a insuficiência do hormônio da pituitária e, principalmente, do seu produto, o hormônio de crescimento, pode ser causada por um amor inadequado por parte dos pais ou por um ambiente familiar desagradável, isento de carinho. O tocar é imprescindível na vida de todo o ser humano, pois confere efeitos fisiológicos e comportamentais positivos. Mas nada se compara ao carinho e ao toque da mãe. Infelizmente a ausência de toque e de estimulação tátil compromete seriamente a vida de uma criança, que não optou por esta privação, simplesmente não teve escolha.
Mariana G. Carvalho
Como algo tão simples como o toque pode ser esquecido com tanta facilidade em nossa sociedade? Não conferir-lhe importância, mesmo desconhecendo seus efeitos fisiológicos, é um erro de grande magnitude. Um abraço, um aperto de mão, umas palmadas nas costas, como quem diz “força, você consegue”, não precisam ser acompanhados de palavras e transmitem em nosso interior sentimentos inexplicáveis. O toque está intimamente relacionado com a energia interior dos corpos ou, para os que preferem, com a energia espiritual, e isto pode ser observado ou sentido por um mero leigo. Quem nunca percebeu que quando entra em contato com determinada pessoa não se sente bem ou sente que sua energia está sendo “sugada”? Pois bem, desconsiderando explicações espirituais, há dados científicos que explicam o porquê disto, ou melhor, explicam a importância do toque.
Inicialmente é necessário compreender que a pele tem uma função imunológica. A epiderme, camada mais externa da pele, produz uma substância semelhante ao hormônio timopoietina, ativo na diferenciação de linfócitos T, células responsáveis pela imunidade celular. Assim é possível compreender que a estimulação tátil, além de estar intimamente relacionada com o nosso conhecimento e experiências com o ambiente, gera mudanças significativas nas estruturas neurológicas e imunológicas, interferindo diretamente no comportamento do indivíduo. Em uma de suas experiências, o Dr. Martin Reite e seus colaboradores, comprovaram a influência do toque, principalmente do materno, nas estruturas imunológicas. Ao separar macacos de suas mães por duas semanas foi observado um menor nível de proliferação de linfócitos, nível que voltou ao normal assim que os macacos foram devolvidos às mães. Experimento semelhante foi realizado com ratos, que, quando afastados de suas mães, sofreram um declínio significativo na ODC (relacionado à síntese protéica e ácido-nucléica), sendo que a ODC do cérebro atingiu 60% abaixo do nível inicial. Acredito não ser novidade para ninguém a importância do contato físico da mãe com o filho e o quão imprescindível e determinante isto é para o crescimento e o desenvolvimento físico e mental da criança. Para alguns leitores isto pode parecer um tanto quanto “clichê”, portanto descreverei resultados experimentais que comprovam o que foi dito.
Após uma série de experimentos, Kuhn, Evoniuk e Schanberg, concluíram que uma sutil interação mãe-filhote (na casa, ratos) já era suficiente para inverter os efeitos negativos causados pelo afastamento de ambos. Também observaram que houve uma elevação na atividade hepática da ODC em filhotes que, apesar de afastados da mãe, foram tocados em um intervalo de tempo, quando comparada a esta atividade em filhotes completamente isolados. Mas, é claro, em ambos os casos a atividade hepática da ODC foi inferior a observada em filhotes que não foram afastados de suas mães. Portanto, há evidências que comprovam a existência de diferenças bioquímicas entre os seres humanos que foram estimulados sensorialmente e os que foram privados de tais estímulos. O “nanismo psicossocial” ou “nanismo por carência maternal” exemplifica bem estes casos, pois a insuficiência do hormônio da pituitária e, principalmente, do seu produto, o hormônio de crescimento, pode ser causada por um amor inadequado por parte dos pais ou por um ambiente familiar desagradável, isento de carinho. O tocar é imprescindível na vida de todo o ser humano, pois confere efeitos fisiológicos e comportamentais positivos. Mas nada se compara ao carinho e ao toque da mãe. Infelizmente a ausência de toque e de estimulação tátil compromete seriamente a vida de uma criança, que não optou por esta privação, simplesmente não teve escolha.
Mariana G. Carvalho
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