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segunda-feira, 23 de maio de 2011
Morte de Mércia Nakashima completa um ano com principal suspeito do crime foragido
Irmão da vítima relata a dificuldade em lidar com a perda repentina da advogada
Os livros de direito, as joias e os bichinhos de pelúcia de Mércia Nakashima continuam exatamente no mesmo lugar em que ela deixou. A poeira dos móveis do quarto da advogada é religiosamente retirada uma vez por semana pela mãe da jovem, que adia o momento de se desfazer dos objetos da filha. Um ano depois da morte da advogada, o irmão da vítima, Márcio Nakashima, relata a dificuldade da família em lidar com o luto e com o fato de o principal acusado do crime, Mizael Bispo, ainda estar foragido.
Márcio conversou com a reportagem do R7 no domingo (22), dia em que os familiares de Mércia costumam se encontrar na casa da avó. Foi em uma dessas reuniões que a advogada foi vista pela última vez, antes de ser encontrada morta em uma represa de Nazaré Paulista (a 64 km da capital paulista). Ver a família durante a reunião é importante, relata o irmão da vítima, mas ficou um vazio intransponível após a morte da irmã.
- Domingo que era o dia de festejar na casa da minha avó, continuamos nos encontrando, mas não é a mesma coisa. A nossa vida social ficou bastante abalada por causa da morte de Mércia.
Márcio também conta que a rotina dele e da família se resume ao trajeto do trabalho até a casa. Ele e a irmã se esforçam para consolar a mãe, que, segundo ele, chora todos os dias por causa da perda repentina da filha. A sensação de “aperto no peito” se intensificou na semana passada, próximo da data em que o assassinato completaria um ano, sem a prisão do principal acusado do crime.
Foi o irmão de Mércia o primeiro da família a reconhecer o corpo da advogada, em Nazaré Paulista. A cena tocou quem acompanhava o caso. Márcio, ajoelhado na beira da represa, chorava compulsivamente ao ver o corpo inerte da irmã, boiando sobre a água. Durante este um ano, a experiência se transformou em pesadelos, em lembranças que o incomodam a qualquer momento durante o dia e o impedem de fazer comentários sobre a cena.
- Não é fácil. Não gosto de falar disso. Tenho pesadelos com minha irmã pedindo socorro. Não gosto de voltar a essa lembrança.
Ele relata um “mal-estar grande” da família em saber que Mizael ainda está andando por aí. Ele também criticou o fato de a polícia não ter recursos para intensificar as buscas pelo ex-namorado da irmã. Ele comentou que o principal acusado de matar a advogada é um policial reformado e continua recebendo salário pago pela Polícia Militar.
- O trabalho da polícia está meio parado, dependendo de alguém denunciar o paradeiro de Mizael. Eu mesmo acredito que a Polícia Militar esteja ajudando o Mizael a permanecer foragido, pois continua pagando o salário de policial reformado para ele.
O irmão de Mércia diz ainda acreditar que a atuação da Justiça no caso está dentro do padrão brasileiro, mas longe de ser o ideal. Para ele, o excesso de recursos apresentados pela defesa tornam o procedimento mais demorado. Um deles diz respeito ao local onde o julgamento de Mizael deverá acontecer. O Tribunal de Justiça de São Paulo já determinou que o júri seja na comarca de Guarulhos. Mas o advogado do PM, Samir Haddad Júnior, entrou com um novo recurso para que o julgamento aconteça em Nazaré Paulista. O mérito ainda não foi avaliado pela Justiça.
Relembre o caso
Mércia desapareceu no dia 23 de maio de 2010 depois de visitar a casa da avó, em Guarulhos, na Grande São Paulo. As últimas imagens dela em vida foram feitas pelo circuito interno do elevador do edifício da avó.
O corpo de Mércia foi encontrado no dia 11 de junho em uma represa de Nazaré Paulista, no interior de São Paulo. Ela foi reconhecida pelas roupas, sapatos e formato dos dedos. Um dia antes, o carro da advogada foi achado no mesmo local.
O delegado que assumiu o caso, Antônio de Olim, começou a apurar o caso dias depois do desaparecimento. Mizael Bispo, ex-namorado de Mércia, foi convocado para depor em 28 de maio, mas só aparece no dia 31 do mesmo mês.
Ele negou estar envolvido no desaparecimento de Mércia e alegou que o autor do crime poderia ser um cliente da advogada. As provas colhidas pela perícia embasaram o indiciamento dele.
O outro suspeito foi o vigia Evandro Bezzera da Silva, apontado como coautor do crime por ter ajudado Mizael antes e depois do assassinato. Bezerra teve a prisão temporária decretada no dia 25 de junho e foi detido em Canindé do São Francisco, em Aracaju (SE).
A prisão preventiva de Mizael e de Evandro Bezerra da Silva foi anunciada no dia 7 de dezembro. Desde então, os acusados estão foragidos.
Colaborou Marco Antonio de Mesquita, estagiário do R7
R7
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