RIO - Em entrevista coletiva na manhã desta terça-feira, o comando do 1º Distrito Naval identificou o vírus da Influenza B como a causa mais provável para a internação dos recrutas do Centro de Instrução Almirante Milcíades Portela Alves (Ciampa). De acordo com o médico infectologista André Delorenzi, do Serviço de Controle de Infecção do Hospital Marcílio Dias, onde os recrutas estão internados, de 12 exames, 7 deram positivo para o vírus. Segundo ele, os resultados das análises laboratoriais, aliados ao quadro clínico dos pacientes e às condições epidemiológicas do Centro de Instrução, podem caracterizar um surto de Influenza. As 800 pessoas que circulam pelo Ciampa já foram vacinadas. Os pacientes que já receberam alta estão isolados, em quarentena, no Ciampa. De acordo com o médico, o provável surto de Influenza B ainda está em andamento, embora desacelerando.
Dos 57 recrutas internados inicialmente, 38 tiveram alta nesta segunda-feira e outros cinco foram internados durante a noite. Esta manhã, mais três militares do Ciampa foram internados. Dessa vez, dois instrutores e um membro da equipe médica do Centro. No total, 27 recrutas continuam no hospital.
- Recebemos os recrutas no Marcílio Dias com uma síndrome respiratória aguda. Alguns com síndrome grave, com sintomas como tosse, febre e falta de ar. Os primeiros a chegar estavam mais graves. É uma doença de transmissão respiratória, muito comum em lugares onde as pessoas, de várias partes do país, ficam aglomeradas como o Ciampa.
O comando praticamente descartou a possibilidade de a internação ter sido causada por água contaminada, falta de hidratação, excesso de exercícios físicos ou contaminação por gás lacrimogêneo, outras hipóteses que chegaram a ser levantadas. Ainda estão sendo feitos outros exames, como sorologia e cultura bacteriana, para verificar se há outra causa para as internações.
O comandante do Ciampa, o capitão de Mar e Guerra Eder Sampaio, disse que os recrutas são orientados a beber apenas água potável, e eles permaneceriam todo o dia com cantis abastecidos. No entanto, a Cedae coletou amostras da água do Centro para análise. O comandante confirmou que durante um dos dias do treinamento três companhias tiveram desabastecimento de água. Segundo ele, o fornecimento teve que ser interrompido devido a reformas no sistema hidráulico do Ciampa, mas galões de água potável teriam sido fornecidos a essas companhias.
Nesta segunda-feira, sete dos recrutas internados que foram ouvidos pela Defensoria Pública da União afirmaram que, devido a desabastecimentos frequentes de bebedouros do Ciampa, eles tinham que tomar a água das torneiras. De acordo com o comandante, se em algum momento os recrutas beberam essa água, o fato será apurado pelo Inquérito Policial Militar aberto no quartel para investigar as causas das internações.
O chefe de gabinete do Comando Geral do Corpo de Fuzileiros Navais, capitão de mar e guerra Anderson da Costa Medeiros, afirmou ainda que foi pedido auxílio ao Ministério Público Militar na apuração dos fatos.
Na noite desta segunda-feira 38 dos 57 recrutas internados na semana passada tiveram alta . O ônibus para levá-los de volta ao Ciampa chegou ao hospital pouco depois das 18h.
A Defensoria Pública da União instaurou um procedimento administrativo para apurar os motivos que levaram 57 aspirantes a fuzileiros navais a serem internados na semana passada . Dois defensores visitaram nesta segunda-feira sete desses jovens. Todos eles disseram que faltava água no Ciampa em Campo Grande, e que, por vezes, tinham de recorrer à água das torneiras. De acordo com o defensor Daniel Macedo, os jovens, no entanto, não relataram que teriam sido submetidos a excesso de exercícios físicos.
- Nos bebedouros, segundo eles, não tinha água por algum problema de abastecimento e eles tinham que recorrer à água da bica. Eles foram unânimes em dizer isso. Pelo que ouvimos, a rotina de exercícios, em princípio, não estava fora do padrão, mas não vamos afastar essa hipótese - disse Macedo.
Comprovada a versão de alguns pacientes de que não havia água suficiente para os jovens, isso pode resultar em ações individuais por dano moral e uma ação coletiva civil pública com teor preventivo, com o objetivo de inibir excessos nas Forças Armadas. Na visita ao hospital, os defensores Daniel Macedo e André Ordacgy entregaram à direção da unidade um ofício pedindo informações dos boletins médicos dos jovens internados. Também serão encaminhados ofícios ao 1º Comando Naval, à Secretaria de Saúde e ao Ciampa. Eles querem saber por que oficiais teriam supostamente revistado familiares que foram visitar os jovens após o incidente.
Os 57 jovens aspirantes a fuzileiros navais passaram mal durante treinamentos no Ciampa na última quarta-feira. Em estado mais grave, está internado na Unidade de Terapia Intensiva (UTI): Leonardo Gama Rodrigues, de 22 anos. Victor Hugo Pereira, de 19 anos, também esteve na UTI mas, segundo familiares, foi transferido nesta segunda-feira para a enfermaria do Hospital Naval Marcílio Dias. Milton Ferraz, tio de Victor Hugo, confirmou que o sobrinho passou mal após exercícios físicos pesados e sem água suficiente para se hidratar.
- Foi um treinamento pesado sem água no cantil, e o calor da semana passada acabou fazendo com que ele passasse mal - afirmou Milton, que considerou um 'absurdo' o fato de os familiares só terem sido avisados dois dias depois do incidente.
Ainda segundo Ferraz, Victor passa bem e está recebendo um bom tratamento. O jovem também teve uma lesão no braço, está com problemas respiratórios e chegou a passar por uma hemodiálise ontem. De acordo com a Marinha, pelo menos 30 dos jovens devem receber alta amanhã e ficarão em observação no quartel.
Mãe de Victor Hugo, Marise Pereira criticou no domingo a postura da Marinha por notificar sobre a internação do jovem apenas dois dias após o ocorrido:
- Entregamos nosso filho perfeito, e o colocaram aqui como se fosse um indigente, como se não tivesse família.
Parentes afirmam que o jovem tem uma lesão no braço, passa por hemodiálise e está com problemas respiratórios. O pai dele, João Luiz Pereira, disse no domingo que os rapazes foram submetidos a um treinamento forçado:
- Meu filho está aterrorizado e ainda tem muita coisa para contar. Mas sei que eles tiveram um excesso de exercício, sem poder tomar água. Victor falou que não quer mais servir à Marinha. Todo o sonho dele acabou em apenas 15 dias.
Em uma nota divulgada nesta segunda, o comando do 1° Distrito Naval afirma que todos os internados apresentam um quadro de síndrome respiratória e que iniciou o processo de vacinação preventiva de toda a população do Ciampa. Há suspeitas de contaminação de água ou comida. No entanto, ainda não foram confirmadas as causas dos jovens terem passado mal. A Marinha e a Secretaria de Saúde investigam o caso. Em outra nota, divulgada domingo, a Marinha disse que apenas um dos recrutas encaminhados ao hospital apresentou insuficiência renal.
O Globo
Dos 57 recrutas internados inicialmente, 38 tiveram alta nesta segunda-feira e outros cinco foram internados durante a noite. Esta manhã, mais três militares do Ciampa foram internados. Dessa vez, dois instrutores e um membro da equipe médica do Centro. No total, 27 recrutas continuam no hospital.
- Recebemos os recrutas no Marcílio Dias com uma síndrome respiratória aguda. Alguns com síndrome grave, com sintomas como tosse, febre e falta de ar. Os primeiros a chegar estavam mais graves. É uma doença de transmissão respiratória, muito comum em lugares onde as pessoas, de várias partes do país, ficam aglomeradas como o Ciampa.
O comando praticamente descartou a possibilidade de a internação ter sido causada por água contaminada, falta de hidratação, excesso de exercícios físicos ou contaminação por gás lacrimogêneo, outras hipóteses que chegaram a ser levantadas. Ainda estão sendo feitos outros exames, como sorologia e cultura bacteriana, para verificar se há outra causa para as internações.
O comandante do Ciampa, o capitão de Mar e Guerra Eder Sampaio, disse que os recrutas são orientados a beber apenas água potável, e eles permaneceriam todo o dia com cantis abastecidos. No entanto, a Cedae coletou amostras da água do Centro para análise. O comandante confirmou que durante um dos dias do treinamento três companhias tiveram desabastecimento de água. Segundo ele, o fornecimento teve que ser interrompido devido a reformas no sistema hidráulico do Ciampa, mas galões de água potável teriam sido fornecidos a essas companhias.
Nesta segunda-feira, sete dos recrutas internados que foram ouvidos pela Defensoria Pública da União afirmaram que, devido a desabastecimentos frequentes de bebedouros do Ciampa, eles tinham que tomar a água das torneiras. De acordo com o comandante, se em algum momento os recrutas beberam essa água, o fato será apurado pelo Inquérito Policial Militar aberto no quartel para investigar as causas das internações.
O chefe de gabinete do Comando Geral do Corpo de Fuzileiros Navais, capitão de mar e guerra Anderson da Costa Medeiros, afirmou ainda que foi pedido auxílio ao Ministério Público Militar na apuração dos fatos.
Na noite desta segunda-feira 38 dos 57 recrutas internados na semana passada tiveram alta . O ônibus para levá-los de volta ao Ciampa chegou ao hospital pouco depois das 18h.
A Defensoria Pública da União instaurou um procedimento administrativo para apurar os motivos que levaram 57 aspirantes a fuzileiros navais a serem internados na semana passada . Dois defensores visitaram nesta segunda-feira sete desses jovens. Todos eles disseram que faltava água no Ciampa em Campo Grande, e que, por vezes, tinham de recorrer à água das torneiras. De acordo com o defensor Daniel Macedo, os jovens, no entanto, não relataram que teriam sido submetidos a excesso de exercícios físicos.
- Nos bebedouros, segundo eles, não tinha água por algum problema de abastecimento e eles tinham que recorrer à água da bica. Eles foram unânimes em dizer isso. Pelo que ouvimos, a rotina de exercícios, em princípio, não estava fora do padrão, mas não vamos afastar essa hipótese - disse Macedo.
Comprovada a versão de alguns pacientes de que não havia água suficiente para os jovens, isso pode resultar em ações individuais por dano moral e uma ação coletiva civil pública com teor preventivo, com o objetivo de inibir excessos nas Forças Armadas. Na visita ao hospital, os defensores Daniel Macedo e André Ordacgy entregaram à direção da unidade um ofício pedindo informações dos boletins médicos dos jovens internados. Também serão encaminhados ofícios ao 1º Comando Naval, à Secretaria de Saúde e ao Ciampa. Eles querem saber por que oficiais teriam supostamente revistado familiares que foram visitar os jovens após o incidente.
Os 57 jovens aspirantes a fuzileiros navais passaram mal durante treinamentos no Ciampa na última quarta-feira. Em estado mais grave, está internado na Unidade de Terapia Intensiva (UTI): Leonardo Gama Rodrigues, de 22 anos. Victor Hugo Pereira, de 19 anos, também esteve na UTI mas, segundo familiares, foi transferido nesta segunda-feira para a enfermaria do Hospital Naval Marcílio Dias. Milton Ferraz, tio de Victor Hugo, confirmou que o sobrinho passou mal após exercícios físicos pesados e sem água suficiente para se hidratar.
- Foi um treinamento pesado sem água no cantil, e o calor da semana passada acabou fazendo com que ele passasse mal - afirmou Milton, que considerou um 'absurdo' o fato de os familiares só terem sido avisados dois dias depois do incidente.
Ainda segundo Ferraz, Victor passa bem e está recebendo um bom tratamento. O jovem também teve uma lesão no braço, está com problemas respiratórios e chegou a passar por uma hemodiálise ontem. De acordo com a Marinha, pelo menos 30 dos jovens devem receber alta amanhã e ficarão em observação no quartel.
Mãe de Victor Hugo, Marise Pereira criticou no domingo a postura da Marinha por notificar sobre a internação do jovem apenas dois dias após o ocorrido:
- Entregamos nosso filho perfeito, e o colocaram aqui como se fosse um indigente, como se não tivesse família.
Parentes afirmam que o jovem tem uma lesão no braço, passa por hemodiálise e está com problemas respiratórios. O pai dele, João Luiz Pereira, disse no domingo que os rapazes foram submetidos a um treinamento forçado:
- Meu filho está aterrorizado e ainda tem muita coisa para contar. Mas sei que eles tiveram um excesso de exercício, sem poder tomar água. Victor falou que não quer mais servir à Marinha. Todo o sonho dele acabou em apenas 15 dias.
Em uma nota divulgada nesta segunda, o comando do 1° Distrito Naval afirma que todos os internados apresentam um quadro de síndrome respiratória e que iniciou o processo de vacinação preventiva de toda a população do Ciampa. Há suspeitas de contaminação de água ou comida. No entanto, ainda não foram confirmadas as causas dos jovens terem passado mal. A Marinha e a Secretaria de Saúde investigam o caso. Em outra nota, divulgada domingo, a Marinha disse que apenas um dos recrutas encaminhados ao hospital apresentou insuficiência renal.
O Globo
Muito estranha essa epidemia não acham?
ResponderExcluir