Polícia investiga agora se moto rastreada que seguiu juíza para executá-la é de um policial militar ou da própria corporação
Rio - Um oficial do 7º BPM (São Gonçalo) é o principal suspeito de ter feito os disparos que mataram a juíza Patrícia Acioli e estava nas imediações do Fórum de São Gonçalo no dia 11, momentos antes do crime. A quebra do sigilo telefônico do PM, autorizada pela Justiça, revelou que ele, apesar de morar na Zona Oeste do Rio, estava perto da 4ª Vara Criminal de São Gonçalo antes de a magistrada deixar o local.
O PM falou ao telefone com sua advogada, que havia encontrado com Patrícia no fórum. Na conversa, a mulher informou que a juíza havia decretado, naquele dia, a prisão preventiva desse oficial e de outros sete PMs, também do batalhão de São Gonçalo, por homicídio.
O processo julgado havia dado reviravolta, já que inicialmente foi registrado na delegacia como auto de resistência. Com isso, os oito militares são investigados pelo assassinato da juíza.
Como O DIA publicou quinta-feira, Patrícia foi seguida por moto, com dois homens, desde o Fórum de São Gonçalo até a porta de sua casa em Piratininga, Niterói, onde foi executada com 21 tiros. A Polícia Civil investiga se a dupla teria usado uma das motos do 7º BPM no cerco à magistrada. Na unidade, há duas motocicletas descaracterizadas utilizadas pelo Serviço Reservado (P-2) em operações em favelas. No entanto, não está descartada a hipótese de o veículo pertencer a um dos oito PMs.
A polícia já analisou imagens de 30 câmeras, entre equipamentos de trânsito, de estabelecimentos comerciais e residências, ao longo do percurso de 35 quilômetros que separam o fórum da casa da juíza. A dupla estava de capacetes e jaquetas de couro. Eles chegaram primeiro à casa da juíza.
Gravações telefônicas
Além do 7º BPM ter policiais investigados pela execução da juíza, há alguns suspeitos de outros crimes. Escutas telefônicas autorizadas pela Justiça em 2009 revelam suposto envolvimento de PMs de São Gonçalo com o chefe do tráfico da região Luiz Paulo Gomes Jardim, o Luiz Queimado. Da prisão, ele fala com comparsa que terá apoio do batalhão para facilitar a invasão do bando ao Morro da Chumbada e dá instruções.
Luiz Queimado — “Nem o plantão (do batalhão) vai conseguir segurar que tu sabe que o batalhão vai vim. Então, já deixei ligado. Até se for uma denúncia lá, os canas do arrego ‘vai’ bater para mim, vai bater em vocês aí. E já falei pra eles: não entra, vai passar só no asfalto e assim mesmo antes de passar eles ‘vai botar nós ligado’, entendeu? Já dei o papo reto neles. Com eles nós nem conta, num vai nem meter a cara com nós. Já tirei eles do caminho.
Rio - Um oficial do 7º BPM (São Gonçalo) é o principal suspeito de ter feito os disparos que mataram a juíza Patrícia Acioli e estava nas imediações do Fórum de São Gonçalo no dia 11, momentos antes do crime. A quebra do sigilo telefônico do PM, autorizada pela Justiça, revelou que ele, apesar de morar na Zona Oeste do Rio, estava perto da 4ª Vara Criminal de São Gonçalo antes de a magistrada deixar o local.
O PM falou ao telefone com sua advogada, que havia encontrado com Patrícia no fórum. Na conversa, a mulher informou que a juíza havia decretado, naquele dia, a prisão preventiva desse oficial e de outros sete PMs, também do batalhão de São Gonçalo, por homicídio.
O processo julgado havia dado reviravolta, já que inicialmente foi registrado na delegacia como auto de resistência. Com isso, os oito militares são investigados pelo assassinato da juíza.
Como O DIA publicou quinta-feira, Patrícia foi seguida por moto, com dois homens, desde o Fórum de São Gonçalo até a porta de sua casa em Piratininga, Niterói, onde foi executada com 21 tiros. A Polícia Civil investiga se a dupla teria usado uma das motos do 7º BPM no cerco à magistrada. Na unidade, há duas motocicletas descaracterizadas utilizadas pelo Serviço Reservado (P-2) em operações em favelas. No entanto, não está descartada a hipótese de o veículo pertencer a um dos oito PMs.
A polícia já analisou imagens de 30 câmeras, entre equipamentos de trânsito, de estabelecimentos comerciais e residências, ao longo do percurso de 35 quilômetros que separam o fórum da casa da juíza. A dupla estava de capacetes e jaquetas de couro. Eles chegaram primeiro à casa da juíza.
Gravações telefônicas
Além do 7º BPM ter policiais investigados pela execução da juíza, há alguns suspeitos de outros crimes. Escutas telefônicas autorizadas pela Justiça em 2009 revelam suposto envolvimento de PMs de São Gonçalo com o chefe do tráfico da região Luiz Paulo Gomes Jardim, o Luiz Queimado. Da prisão, ele fala com comparsa que terá apoio do batalhão para facilitar a invasão do bando ao Morro da Chumbada e dá instruções.
Luiz Queimado — “Nem o plantão (do batalhão) vai conseguir segurar que tu sabe que o batalhão vai vim. Então, já deixei ligado. Até se for uma denúncia lá, os canas do arrego ‘vai’ bater para mim, vai bater em vocês aí. E já falei pra eles: não entra, vai passar só no asfalto e assim mesmo antes de passar eles ‘vai botar nós ligado’, entendeu? Já dei o papo reto neles. Com eles nós nem conta, num vai nem meter a cara com nós. Já tirei eles do caminho.
Em outra gravação, criminosos dizem que pagam propina aos PMs para não reprimirem o tráfico na região
Traficante 1 — “Tava falando com os canas lá do Catá (seria Jardim Catarina)”.
Traficante 2 — “Já é total”.
Traficante 1 — “Sempre dá um (inaudível) na favela pra tá passando uma tranquilidade pra rapaziadinha e fica por aí ligado”.
Traficante 2 — “Tô na escuta. Tô no contato com eles para, qualquer parada, já vai passando a visão, que tu já tá no contato com os bruxos (PMs)”.
Traficante 1 — “É isso mas vê se tá os mil real do arrego deles da maconha. Se caso num tá, tu completa com uma merrequinha do crack, com merreca da maconha e completa os mil barão e manda pra eles. Eles tão com três mil, três barão. Eles tão rindo à toa.
Traficante 1 — “Tava falando com os canas lá do Catá (seria Jardim Catarina)”.
Traficante 2 — “Já é total”.
Traficante 1 — “Sempre dá um (inaudível) na favela pra tá passando uma tranquilidade pra rapaziadinha e fica por aí ligado”.
Traficante 2 — “Tô na escuta. Tô no contato com eles para, qualquer parada, já vai passando a visão, que tu já tá no contato com os bruxos (PMs)”.
Traficante 1 — “É isso mas vê se tá os mil real do arrego deles da maconha. Se caso num tá, tu completa com uma merrequinha do crack, com merreca da maconha e completa os mil barão e manda pra eles. Eles tão com três mil, três barão. Eles tão rindo à toa.
Ações como grupo de extermínio
As investigações sobre a morte da juíza Patrícia Acioli mostram que a magistrada descobriu que alguns policiais do 7º BPM (São Gonçalo) agiam como verdadeiros grupos de extermínio em suas ações nas ruas. Ela detectou a ação dos agentes e abriu dezenas de processos. Neste semestre planejava levá-los ao Tribunal do Júri. São estes homens os principais suspeitos do assassinato.
A análise dos investigadores no trabalho da juíza revela que ela se viu diante de um grupo de oito PMs envolvidos em mais da metade dos autos de resistência registrados nas delegacias de São Gonçalo. Para conter os assassinatos, obrigou o Comando da PM a remover sete agentes das ruas e, na véspera de ser morta, decretou a prisão de três destes homens, junto com outros cinco policiais. Na rotina das ruas, eles eram comandados por um oficial.
Dos PMs investigados, três cabos e dois soldados, somados, respondem a 48 processos de homicídio. Todos os policiais sob suspeita da morte de Patrícia Acioli trabalhavam no Grupo de Ações Táticas (Gat) e eram destacados para combater o tráfico de drogas.
Os processos mostram que três destes policiais agiam juntos na maioria dos autos de resistência. No máximo mudava um ou dois coadjuvantes na equipe de PMs. Dois cabos eram praticamente os líderes da equipe. Quando a juíza passou a pressionar o grupo, os dois dividiram os parceiros e formaram duas novas equipes.
Reportagem de Adriana Cruz e João Antônio Barros
O DIA ONLINE
As investigações sobre a morte da juíza Patrícia Acioli mostram que a magistrada descobriu que alguns policiais do 7º BPM (São Gonçalo) agiam como verdadeiros grupos de extermínio em suas ações nas ruas. Ela detectou a ação dos agentes e abriu dezenas de processos. Neste semestre planejava levá-los ao Tribunal do Júri. São estes homens os principais suspeitos do assassinato.
A análise dos investigadores no trabalho da juíza revela que ela se viu diante de um grupo de oito PMs envolvidos em mais da metade dos autos de resistência registrados nas delegacias de São Gonçalo. Para conter os assassinatos, obrigou o Comando da PM a remover sete agentes das ruas e, na véspera de ser morta, decretou a prisão de três destes homens, junto com outros cinco policiais. Na rotina das ruas, eles eram comandados por um oficial.
Dos PMs investigados, três cabos e dois soldados, somados, respondem a 48 processos de homicídio. Todos os policiais sob suspeita da morte de Patrícia Acioli trabalhavam no Grupo de Ações Táticas (Gat) e eram destacados para combater o tráfico de drogas.
Os processos mostram que três destes policiais agiam juntos na maioria dos autos de resistência. No máximo mudava um ou dois coadjuvantes na equipe de PMs. Dois cabos eram praticamente os líderes da equipe. Quando a juíza passou a pressionar o grupo, os dois dividiram os parceiros e formaram duas novas equipes.
Reportagem de Adriana Cruz e João Antônio Barros
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