quinta-feira, 28 de julho de 2011

Crack ajuda a elevar estatísticas de homicídio no país


BELO HORIZONTE - O consumo do crack já provoca uma epidemia de homicídios no país, que vitima principalmente jovens de 15 a 24 anos e é um dos principais fatores do aumento da violência, especialmente no Nordeste. Luiz Flávio Sapori, professor da PUC Minas e um dos principais estudiosos do tema no Brasil, em dois anos de análise conseguiu constatar claramente este fenômeno nos dados de violência em Belo Horizonte, capital mineira.

- A fatia mais considerável da violência nas principais cidades brasileiras está relacionada à introdução do crack. Em especial no Nordeste, onde estão as capitais que tiveram o maior aumento de homicídios - afirma o pesquisador, que classifica o crack como a droga mais danosa da sociedade atual e critica a falta de medidas concretas de atenção ao problema por parte do governo federal.

Em Pernambuco, o crack já se alastrou por todas as cidades do estado . Ao lançar no ano passado o Plano de Ações Sociais Integradas de Enfrentamento ao Crack, o governador Eduardo Campos afirmou que 80% dos homicídios no estado tinham vinculação com o tráfico de drogas e que a grande maioria estava ligada ao crack.

Em Minas, Sapori conseguiu estabelecer esta relação entre o crack e o aumento da violência a partir de uma amostragem aleatória de inquéritos da Polícia Civil. Nos anos anteriores à inserção da droga na capital mineira, no meio da década de 90, o comércio de drogas era responsável por 8% dos crime contra a vida. A partir de 1997, este percentual cresceu consideravelmente, alcançando 19% dos crimes até 2004, e 33% em 2006.

- O Brasil simplesmente não tem uma política de atendimento ao usuário do crack. O SUS não está preparado tecnicamente para atender à especificidade do dependente de uma droga diferente de todas as outras existentes por aqui - diz o especialista.

Especialista defende internação forçada
Entre as medidas urgentes que ele defende estão a produção de conhecimento sobre o assunto e a quebra de tabus, entre eles a resistência à internação forçada - o que começou a ocorrer no Rio -, fundamental em vários casos, na opinião dele:

- As pessoas têm de saber que é uma droga muito sedutora e prazerosa, mas capaz de criar uma dependência química sem relação com outras drogas. O usuário não pode cair na visão ingênua de que vai conseguir fazer uso controlado do crack, pois a chance disso acontecer é quase nula.

Neste mês o tema se transformou em pauta principal do Instituto Minas pela Paz, organização da sociedade civil mantida por empresas ligadas à Federação das Indústrias do Estado de Minas Gerais (Fiemg). A ONG buscou o apoio do Conselho Estadual de Políticas Sobre Drogas (Conead-MG) e do Tribunal de Justiça para uma campanha para conscientizar sobre o drama. A mobilização levou um grupo de agências de publicidade a produzir todo o material voluntariamente.

Para especialistas, a timidez do apoio do Estado à política de atendimento aos usuários tem de acabar, e o desafio é encontrar um modelo de apoio. Por lei, o SUS não pode financiar a atividade que não do próprio governo, o que obriga o Ministério da Saúde a buscar maneira eficiente de financiamento. Uma das alternativas oferecidas pelo governo é oferecer ajuda na alimentação de dependentes.

- Não queremos que o governo federal dê comida, queremos que banque vagas - afirma o mineiro Aloísio Andrade, à frente do Colegiado de Presidentes de Conselhos Estaduais de Políticas sobre Drogas.

O colegiado propôs criar uma contribuição social de 1% do rótulo de bebidas e tabaco, carimbada para o financiamento de vagas para atendimento ao dependente químico. Mas não conseguiu o apoio do governo federal. O problema se agrava ainda com o crescente consumo de outras drogas devastadoras, como o oxi, ainda mais barata e letal que o crack.

O Globo

3 comentários:

  1. Concordo com o especialista, INTERNAÇÃO FORÇADA PARA O BEM DE TODOS.

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  2. O crack está destruindo as crianças e todos aqueles que resolvem experimentar.
    Aquí no Rio de Janeiro essa crianças vem sendo retiradas da cracolândias para internação e tratamento. Mas agora as entidades de direitos humanos estão dizendo que é inconstitucional, que estão impedindo o direito de ir e vir da criança. Quanta hipocrisia... não fazem nada por essas crianças e agora querem que elas voltem para as cracolândias.

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  3. Não dá para entender essas ONGS, nada fazem a não ser criticar as boas ações e ajudar os que estão fora da lei a contuinuar no caminho errado.

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