O estupro é um problema muito sério na África do Sul – o país tem o maior número proporcional de vítimas desse tipo de crime do mundo. Segundo as últimas estatísticas, foram registrados mais de 52 mil casos em um ano. A situação é muito alarmante: um relatório divulgado no ano passado mostra que 28% dos homens já estupraram uma mulher ou uma criança, e um em cada 20 afirmou que o estupro havia ocorrido no último ano.
Dentro desse contexto é possível entender melhor a iniciativa da médica sul-africana Sonnet Ehlers. Ela vendeu o próprio carro e casa para desenvolver uma camisinha que, se não evita o estupro, torna evidente quem cometeu o crime. Trata-se da camisinha feminina Rape-aXe, com dentes internos que “agarram” o pênis do agressor e só podem ser retirados por médicos – provavelmente com a polícia já esperando o final do atendimento (só para esclarecer uma dúvida que surgiu nos comentários: a mulher não fica presa junto com o homem).
A ideia surgiu há 40 anos, quando Ehlers atendeu uma vítima devastada pela violência. A mulher teria dito: “Se pelo menos eu tivesse dentes lá embaixo…”
Depois de muitos anos de pesquisa, Ehlers chegou ao produto final. Ela vai distribuir 30 mil unidades da camisinha “antiestupro” nas cidades sul-africanas que sediam os jogos da Copa, segundo reportagem da CNN. É quase como a operação do governo brasileiro durante o Carnaval, mas não-oficial e com um propósito muito diferente do que prevenir as DSTs.
Ehlers recomenda o uso da “camisinha dentada” quando a mulher for para um encontro com um homem que ela não conhece ou quando estiver numa área com altos índices de criminalidade.
Ainda não há retorno de nenhuma mulher que tenha usado a camisinha de Ehlers, mas já é possível imaginar os possíveis problemas da invenção. O primeiro deles é que o uso da camisinha pode aumentar o risco à vida da mulher, uma vez que nenhum agressor vai ficar feliz com o “enfeite”.
O segundo é a mulher antecipar as situações de risco – ou ficar o tempo todo com medo da violência e usando a tal camisinha.
O terceiro é não evitar de fato o crime. Embora o dispositivo possa ser usado para punir o criminoso, ele não evita todo o trauma de um estupro. E será mesmo que ele serve de prova? Não duvido que os homens inventariam as histórias mais mirabolantes para escapar das acusações.
A realidade brasileira é um pouco diferente da sul-africana nesse caso, mas fiquei pensando se eu usaria algo desse tipo se estivesse por lá. Não sei, mas tenho a impressão de que ficar com um dispositivo desses ia criar uma certa paranoia contra o crime. O que vocês acham?
Dentro desse contexto é possível entender melhor a iniciativa da médica sul-africana Sonnet Ehlers. Ela vendeu o próprio carro e casa para desenvolver uma camisinha que, se não evita o estupro, torna evidente quem cometeu o crime. Trata-se da camisinha feminina Rape-aXe, com dentes internos que “agarram” o pênis do agressor e só podem ser retirados por médicos – provavelmente com a polícia já esperando o final do atendimento (só para esclarecer uma dúvida que surgiu nos comentários: a mulher não fica presa junto com o homem).
A ideia surgiu há 40 anos, quando Ehlers atendeu uma vítima devastada pela violência. A mulher teria dito: “Se pelo menos eu tivesse dentes lá embaixo…”
Depois de muitos anos de pesquisa, Ehlers chegou ao produto final. Ela vai distribuir 30 mil unidades da camisinha “antiestupro” nas cidades sul-africanas que sediam os jogos da Copa, segundo reportagem da CNN. É quase como a operação do governo brasileiro durante o Carnaval, mas não-oficial e com um propósito muito diferente do que prevenir as DSTs.
Ehlers recomenda o uso da “camisinha dentada” quando a mulher for para um encontro com um homem que ela não conhece ou quando estiver numa área com altos índices de criminalidade.
Ainda não há retorno de nenhuma mulher que tenha usado a camisinha de Ehlers, mas já é possível imaginar os possíveis problemas da invenção. O primeiro deles é que o uso da camisinha pode aumentar o risco à vida da mulher, uma vez que nenhum agressor vai ficar feliz com o “enfeite”.
O segundo é a mulher antecipar as situações de risco – ou ficar o tempo todo com medo da violência e usando a tal camisinha.
O terceiro é não evitar de fato o crime. Embora o dispositivo possa ser usado para punir o criminoso, ele não evita todo o trauma de um estupro. E será mesmo que ele serve de prova? Não duvido que os homens inventariam as histórias mais mirabolantes para escapar das acusações.
A realidade brasileira é um pouco diferente da sul-africana nesse caso, mas fiquei pensando se eu usaria algo desse tipo se estivesse por lá. Não sei, mas tenho a impressão de que ficar com um dispositivo desses ia criar uma certa paranoia contra o crime. O que vocês acham?
Época
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