quarta-feira, 18 de agosto de 2010

CRM condena Abdelmassih em mais um caso de abuso sexual


O Conselho Regional de Medicina do Estado de São Paulo, em reunião plenária do dia 3 deste mês, condenou Roger Abdelmassih à pena de cassação do exercício profissional ad referendum em processo de conduta ética no qual a ex-paciente e advogada Crystiane Cardoso de Souza, do Rio, figura como vítima de abuso sexual.
Trata-se da segunda condenação do CRM ao especialista em fertilização in vitro. A primeira ocorreu no dia 23 de julho – a vítima desse caso pediu que o seu nome não seja divulgado.
Na cassação de agora, Abdelmassih foi enquadrado em seis artigos do Código de Ética Médica da resolução do CFM (Conselho Federal de Medicina) 1.246/88.
Dois artigos são do capítulo dos direitos humanos, o 42 (“praticar ou indicar atos médicos desnecessários ou proibidos pela legislação do país”) e o 55 (“usar da profissão para corromper os costumes, cometer ou favorecer crime”).
Três artigos fazem parte do capítulo da relação do médico com pacientes e seus familiares: o 56 (“desrespeitar o direito do paciente de decidir livremente sobre a execução de práticas diagnósticas ou terapêuticas, salvo em caso de iminente perigo de vida”), o 63 (“desrespeitar o pudor de qualquer pessoa sob seus cuidados profissionais”) e o 65 (“aproveitar-se de situações decorrentes da relação médico/paciente para obter vantagem física, emocional, financeira ou política”).
O sexto artigo, o de número 98, refere-se ao capítulo da remuneração profissional: “Exercer a profissão com interação ou dependência de farmácia, laboratório farmacêutico, ótica ou qualquer organização destinada à fabricação, manipulação ou comercialização de produto de prescrição médica de qualquer natureza, exceto quando se tratar de exercício da Medicina do Trabalho”.
Crystiane disse que se sentiu “confortada em saber que o CRM reconheceu” a verdade dela ao decidir por unanimidade pela “cassação do registro desse monstro chamado Roger Abdelmassih”.
Agora, ela aguarda a sentença criminal que deverá ser anunciada até o final de setembro pela juíza Kenarik Felippe, da 16ª Vara Criminal de São Paulo.
Mais de cinquenta pacientes acusam Abdelmassih na Justiça de abuso sexual. O ex-médico afirma ser inocente. Ele ficou preso preventivamente de 17 de agosto a 23 de dezembro de 2009.
Crystiane foi uma das poucas mulheres que saíram do anonimato para tornar pública a sua acusação, em reação a uma das alegações de Abdelmassih de que estava sendo denunciado por ex-pacientes “sem rosto”.
No começo de 2009, Crystiane fez o seguinte relato à revista Gloss: “[O médico] passou a mão nos meus seios, na minha vagina e chegou a colocar o pênis para fora [da calça]. Graças a Deus neste momento alguém tentou entrar no quarto. Ele me soltou e corri para o banheiro. Fiquei lá, chorando.”
Antes de sair a primeira condenação, Abdelmassih protocolou no CRM pedido de renúncia à medicina, o que foi interpretado por advogados como uma manobra para se livrar do tribunal de ética da entidade, mantendo aberta uma brecha para uma possível volta à atividade médica. O pedido não foi aceito.
O ex-médico poderá recorrer das duas condenações – até agora – do CRM. Quando foi anunciada a primeira cassação, um dos advogados de Abdelmassih disse que seu cliente faria uso do direito da apelação.
A este blog, Crystiane disse: “Após lavar a minha alma através da denúncia, consegui me livrar do monstro que ainda atormentava a minha mente e finalmente tive a coragem de me submeter a outro tratamento de fertilização e estou grávida de trigêmeos”.

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