quinta-feira, 9 de setembro de 2010

MPF denuncia médica sérvia por morte de estudante em cruzeiro em 2008


SÃO PAULO - O Ministério Público Federal (MPF) em São José dos Campos, a 97 km de São Paulo, denunciou a médica sérvia Jasna Tankosic pelo crime de homicídio culposo na morte da estudante de Direito Isabella Baracat Negrato, em 19 de dezembro de 2008. Isabella estava em um cruzeiro quando teve apresentou coma alcoólico e morreu asfixiada pelo próprio vômito, segundo laudo elaborado pelo Instituto Médico-Legal (IML) de São Sebastião, no litoral norte paulista.
Para a procuradoria da República, o quadro de coma alcoólico da vítima, que morreu a bordo do navio MSC Ópera, não foi diagnosticado corretamente por Jasna. O MPF entende que a médica atendeu a jovem como um simples caso de intoxicação e não adotou os procedimentos médicos corretos.
Segundo a denúncia, de autoria do procurador da República Angelo Augusto Costa, Isabella e a amiga Lissa Curado participaram do cruzeiro, voltado para estudantes universitários. Na véspera da morte, entre 17h do dia 18 e 2h30m do dia 19, Isabella e a amiga assistiram a shows no deck do navio e consumiram bebidas alcoólicas. Entre um show e outro, as amigas dormiram por poucas horas em sua cabine.
No dia da morte, ainda de acordo com o MPF, Isabella teria bebido mais duas cervejas e dividido uma garrafa de champagne com a amiga. Após sair por meia hora e deixar a amiga na companhia de um rapaz desconhecido, Lissa encontrou Isabella sentada em uma cadeira, quase inconsciente e coberta de vômito.
A jovem, de acordo com a amiga, não conseguia se comunicar e acabou levada para a enfermaria. Por volta de 17h10m, a médica Jasna começou o atendimento médico e iniciou o procedimento padrão para intoxicação alcoólica e administrou glicose na veia de Isabella.
Por volta de 17h30m, Isabella sofreu quatro crises convulsivas consecutivas e a médica pediu que a vítima fosse removida para um hospital, mas o quadro evoluiu para uma parada cardíaca. Jasna tentou reanimar a jovem, segundo o MPF, inclusive com desfibrilador, mas a vítima não reagiu às manobras de ressuscitação cardio-respiratória e morreu às 19h10m.
A sindicância realizada pelo Conselho Regional de Medicina de São Paulo (Cremesp) apontou que o atendimento à vítima foi inadequado, pois "as crises convulsivas não foram tratadas de maneira adequada". Pelos sinais apresentados por Isabella, o Cremesp concluiu que Isabella já estava em coma quando chegou ao centro médico do navio. A ciência médica, segundo o MPF, prevê que é obrigatória a entubação do paciente para proteger as vias aéreas em casos como esse. Como Isabella não foi entubada, ela aspirou o próprio vômito, causando as convulsões e a posterior parada cárdio-respiratória.
Na denúncia, o MPF considera que, devido sua formação médica, a acusada contribuiu para a morte, pois "embora tivesse à disposição todos os meios necessários para intervir no curso causal de maneira rápida e decisiva, confiou levianamente em que a adoção do procedimento padrão para os casos de intoxicação alcoólica levaria, por si só, a reversão do quadro extremamente grave de Isabella Bacarat Negrato."
A denúncia foi oferecida no último dia 3 e está sob apreciação da 1ª Vara Federal de São José dos Campos. Caso seja aceita, Jasna, que mora na Sérvia, deve ser notificada por uma carta rogatória.



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