SÃO PAULO - A Polícia de Guaratinguetá, cidade a 177 quilômetros de São Paulo, que investiga o assassinato das irmãs Josely Laurentina Oliveira, de 16 anos, e Juliana Vania Oliveira, de 15 anos, em Cunha, a 217 quilômetros de São Paulo, informou nesta quinta-feira, que o principal suspeito do crime, Ananias dos Santos, de 27 anos, não agiu sozinho.
De acordo com a polícia, o suspeito teve ajuda de 2 ou 3 pessoas para levar os corpos para um local de mata fechada, onde foram encontrados. A polícia ainda não sabe o local exato onde as jovens foram mortas. A enfermeira Maria José, apontada como namorada do suspeito da morte das irmãs, também é investigada.
Ananias passou a integrar a lista dos criminosos mais procurados do estado. Natural de Cachoeira Paulista, Ananias é descrito como um homem branco, olhos e cabelos crespos castanhos escuros, 1m60 de altura, com tatuagens no braço direito e nas costas. A polícia acredita que ele esteja escondido no Vale do Paraíba.
Nesta quinta-feira, milhares de moradores de Cunha saíram às ruas em passeata pedindo justiça e mais segurança. O pai das irmãs assassinadas, José Benedito de Oliveira, acompanhou a manifestação.
- Precisamos de paz e homens de coragem para o Brasil se transformar num Brasil de paz e de amor - disse Oliveira. A enfermeira, que teve a prisão temporária negada pela Justiça, afirmou que não tem qualquer ligação com o crime e que só omitiu a informação sobre a morte das meninas porque ficou com medo de Ananias.
A informação é do advogado da enfermeira, Fábio Fernando Caetano de Araújo. Segundo ele, Maria José não sabe se Ananias matou as adolescentes. Segundo Araújo, na última terça-feira, depois que os corpos foram localizados, Ananias voltou a telefonar para Maria e a polícia presenciou a ligação. O advogado disse desconhecer o teor da conversa.
- Ela omitiu a informação por medo, porque Ananias estava sumido. Maria não sabe se é ele (o autor dos crimes), se ele pode fazer alguma coisa contra ela. Ela mora sozinha na roça. Ele nunca foi violento com ela. Ela teve medo do que podia acontecer, de a população se voltar contra ela. Ela não ia conseguir a proteção da polícia - diz o advogado.
O primeiro telefonema de Ananias à enfermeira ocorreu no dia 24, uma quinta-feira, dia seguinte ao desaparecimento das irmãs. Na conversa, ele teria dito a Maria que viu os corpos.
De acordo com Araújo, na noite em que as meninas desapareceram, dia 23, uma quarta-feira, Ananias dormiu na casa de Maria, para lhe fazer companhia, já que eram amigos e ela é uma mulher morando sozinha num sítio. Neste dia, Ananias não teria contado nada a sua cliente. Segundo o advogado, na quinta-feira Ananias saiu para ajudar a procurar as irmãs e não voltou mais para a casa de Maria.
À noite, teria telefonado e dito à Maria José que, ao fugir da polícia, viu os corpos das meninas no meio do mato. Ele teria fugido da polícia por ser foragido da Justiça. Os corpos de Josely e Juliana só foram encontrados pela polícia na última segunda-feira, dia 28, cinco dias após o desaparecimento.
Segundo a polícia, Maria fingiu não saber que as meninas estavam mortas. Só contou sobre o telefonema de Ananias para os policiais depois que os corpos foram localizados. Fábio Araújo disse que sua cliente é inocente e que ela não sabia que Ananias era foragido da Justiça e cumpria pena no presídio de Tremembé.
Ele recebeu o benefício da saída temporária em março de 2009 e não retornou. - Ela não tem nenhum envolvimento no crime. Pediram a prisão dela só porque ela omitiu a informação sobre a morte. Ela é primária, e tem bons antecedentes - disse o advogado.
Segundo Fábio Araújo, Maria José tem 49 anos e conheceu o acusado quando Ananias e o pai dele passaram a prestar serviço na roça do pequeno sítio da enfermeira.
- Surgiu uma amizade entre eles. Eles ficaram juntos algumas vezes, eram "ficantes", mas ela achou que não ia dar certo por causa da diferença de idade. Eles chegaram a um consenso que não dava para continuar. Eles terminaram o relacionamento, mas continuaram amigos - disse o advogado.
Para a polícia, uma crise de ciúme entre Maria e Ananias pode ter motivado o crime. O advogado nega. Afirma que Maria José não tinha ciúmes de Ananias e era amiga das adolescentes mortas. - Ela não tinha ciúmes, porque não tinha mais um relacionamento amoroso com ele. Haviam terminado há cinco meses.
Ela era amiga das meninas, elas frequentavam a casa dela e a Maria frequentava a casa das meninas - disse. O advogado ressaltou que a perícia feita no carro de Maria José não constatou nada que ligasse ela ao crime, como marcas de sangue ou de barro nos pneus. Por orientação do advogado, Maria José não retornou para casa, e está numa cidade próxima, com o acompanhamento de psicólogos, pois está abalada. Araújo afirmou que sua cliente tem colaborado com a polícia.
O pai das meninas, José de Oliveira, tenta entender o motivo que levou ao crime: - Meu Deus, que coração de pedra, que coração duro - diz ele. Ele conta que conversava muito com as filhas.
- A gente conversava muito. Elas faziam a gente rir num momento de tristeza, quando eu estava chateado por alguma coisa - lembra o pai. Boas alunas, a mais velha queria abrir um salão de beleza e a mais nova pretendia ser modelo. - Só espero que minhas filhas estejam bem. Deus está nos protegendo - desabafa o pai.
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