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terça-feira, 2 de agosto de 2011
São Paulo amplia combate ao álcool
Duplicação do número de leitos para tratamento de dependentes e interdição de bares que venderem bebidas alcoólicas a menores de 18 anos estão entre as medidas anunciadas pelo governador
O governo do Estado de São Paulo anunciou ontem que duplicará o número de leitos para dependentes de álcool nos Centros de Atenção Psicossocial (Caps). A medida será paralela ao Programa de Combate ao Álcool na Infância e Adolescência, que promete uma ofensiva estadual contra a bebida à semelhança da incisiva política antitabagista paulista.
A preocupação vem ao encontro dos índices que apontam, por exemplo, que 11 anos é a idade que 40% dos adolescentes e 16% dos adultos que buscaram tratamento no Centro de Referência em Álcool e Outras Drogas de SP já haviam experimentado bebida alcoólica.
Em um ano, conforme o governador paulista Geraldo Alckmin (PSDB), serão somados 200 leitos aos atuais 200 que atendem alcoólatras pelo Caps. O projeto do programa foi enviado ontem à Assembleia Legislativa paulista, que deve apreciá-lo em até 60 dias.
O projeto prevê multa e interdição de bares que venderem e permitirem o consumo de bebidas alcoólicas a menores de 18 anos. Também prevê campanhas educativas nas escolas. Se aprovado, bares terão que afixar placas sobre a proibição e lojas que vendem bebidas deverão deixá-las em estandes separados dos demais produtos. A apresentação do RG será obrigatória.
Bar que vender bebida a menor pagará até R$ 87 mil
As multas previstas pelo texto são de R$ 1.745 a R$ 87.250, a depender da infração, do tamanho do estabelecimento e de reincidência. A fiscalização será feita pelos 500 fiscais da Vigilância Sanitária e do Procon que já monitoram a lei antifumo. O governador diz que, se houver necessidade, o número será aumentado. Hoje, essa fiscalização é feita por agentes das subprefeituras.
Especialistas têm receio de que aumentar as punições no caso do álcool não seja tão eficiente quanto nas leis antitabagistas.
— A lei antifumo só pegou porque há décadas há campanhas desestimulando o uso e proibindo propaganda. Grandes astros do futebol fazem publicidade de bebida — analisa o promotor da vara da infância e juventude de São Paulo Thales de Oliveira.
Para Oliveira, o mais importante é a campanha educativa, sobre a qual a Secretaria da Educação paulista ainda não divulgou detalhes.
Para Arthur Guerra, coordenador do grupo de álcool e drogas da Faculdade de Medicina da USP e membro do comitê que ajudou a elaborar o projeto, a primeira resistência vai vir justamente dos pais que não veem problema em dar bebida ao filho.
— A curto prazo vamos encontrar resistência, piadas, desqualificações. Mas a médio prazo esperamos visão da sociedade mais rigorosa com seus valores — afirma Guerra.
Para o presidente da Associação Brasileira de Bares e Restaurantes de São Paulo, Joaquim Saraiva, a fiscalização não vai afetar os bares, porque eles “já praticam” a proibição. Mas ele considera a medida boa porque dará respaldo para não venderem a quem não mostrar o RG.
A entidade foi uma das frentes contrárias à lei antifumo em São Paulo que, entre outras medidas, proibiu as áreas dedicadas a fumantes em restaurantes.
ZERO HORA
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