sexta-feira, 2 de julho de 2010

Aluno de 13 anos agride professora em Venâncio Aires


Mulher de 52 anos foi ferida com um soco no peito dentro da sala de aula

Mais um caso de violência contra professores. Dessa vez, na Escola Estadual Sebastião Jubal Junqueira, no interior de Venâncio Aires, no Vale do Rio Pardo, uma professora, de 52 anos, foi agredida com um soco no peito por um aluno de 13 anos. O motivo da violência, dentro da sala de aula, seria a entrega de uma prova de ciências (Leia ao lado outras reportagens de Zero Hora sobre professores agredidos).
Quando se formou, aos 18 anos, a professora, que prefere não ser identificada, sonhava em lecionar durante toda a vida. Nem mesmo a aposentadoria, há 10 anos, a fez deixar as salas de aula.
— Eu sempre adorei crianças, por isso escolhi o magistério. Tenho amor a minha profissão. Se não tivesse não estava nela até hoje — reflete.
Segundo a professora, enquanto entregava as avaliações para os alunos da 6ª série, na manhã de quarta-feira, um dos estudantes levantou da cadeira e disse que queria a prova antes dos outros.
— Senta no teu lugar e espera tua vez — teria sido a resposta da professora.
Sem obedecer, o aluno teria tentado pegar a prova das mãos da professora, sem conseguir, teria ainda lhe acertado um soco no peito. Embora não tenha deixado marcas, a agressão teria causado dores fortes.
— Nunca me aconteceu nada parecido. Foi uma sensação horrível, de impotência — diz.
A professora procurou a delegacia do município, onde registrou ocorrência sobre a agressão. Segundo a responsável pela orientação educacional e prevenção à violência, da 6ª Coordenadoria Regional de Educação em Santa Cruz do Sul, Mara Denise Maieron, a escola acionou o Conselho Tutelar e a família do adolescente.
— Nós sabemos que não adianta apenas punir, são necessárias ações que promovam uma mudança de comportamento no aluno — afirma.
Embora não exista uma pesquisa do Centro de Professores do Estado do Rio Grande do Sul (Cepers/Sindicato) sobre o número de agressões dentro das escolas, a presidente do órgão, Rejane Silva de Oliveira, afirma que eles têm aumentado junto com a violência da sociedade.
— Não temos a segurança necessária, além de ter de conviver com o aumento da drogadição próximo das escolas — avalia Rejane.
Na próxima terça-feira será realizada uma audiência entre o Ministério Público, a direção da escola e a família do estudante, para esclarecer as circunstâncias do caso.

"Eu fiquei chocada"
Em casa na tarde desta quinta-feira , no interior do município, por telefone a professora falou à Zero Hora sobre o episódio da agressão:

Zero Hora - Como a senhora se sentiu com a agressão?

Professora - Eu fiquei chocada, assim como os outros alunos que estavam na sala de aula. Nunca me aconteceu nada parecido em mais de trinta anos como professora. Sinto que os professores não são mais valorizados.

Zero Hora - Já tinha tido problemas com o aluno antes?

Professora - Sou professora dele há dois anos. Ele sempre foi um menino agitado, já teve vários casos de indisciplina na escola, mas nunca agrediu assim. Eu vejo que as escolas não conseguem trabalhar sozinhas, se não tiverem o apoio da família.

Zero Hora - A senhora teve apoio dos colegas ao decidir registrar a ocorrência?

Professora - Sim, logo que aconteceu eu chamei a direção, que me apoiou. Tinha que fazer a minha parte, não podia ser agredida e não fazer nada.

Zero Hora - Que motivos a senhora acredita que levam um aluno a agir assim?

Professora - Acredito que deve ser falta de orientação por parte da família. As pessoas pensam que a escola tem o dever de educar, mas a escola não pode resolver tudo sozinha. Os alunos precisam ter uma base de educação em casa.

Zero Hora - O que espera que aconteça com o aluno?

Professora - Espero que a família dele o oriente e o acompanhe para que isso nunca mais volte a se repetir. É muito doído para a gente, que dedica uma vida inteira ao magistério, ser desrespeitada assim.


ZERO HORA

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