quarta-feira, 6 de outubro de 2010

Caso da menina Joanna faz dobrar denúncias contra falsos médicos no Rio


Número de registros foi maior entre agosto e setembro de 2010 em relação ao ano passado

O número de denúncias sobre falsos médicos no Estado do Rio de Janeiro nos primeiros nove meses de 2010 dobrou em relação a todo o ano passado, aumentando de 75 para 164, segundo o Disque-Denúncia. Somente em setembro deste ano, o número de ocorrências superou o verificado nos 12 meses de 2009. Foram registradas 78 ocorrências.
De acordo com o delegado Fábio Cardoso, titular da Delegacia de Repressão aos Crimes Contra a Saúde Pública (DRCCSP), o caso da menina Joanna Cardoso Marcenal Marins aumentou muito o número de denúncias. A criança, de 5 anos,morreu por suspeita de maus-tratos e foi atendida por um falso médico no Hospital RioMar, na Barra da Tijuca, zona oeste do Rio de Janeiro.
- A sociedade se comoveu com o que aconteceu com a menina Joanna e passou a ajudar. Recebemos cerca de 70 ligações de denúncias sobre falsos médicos entre os dias 20 de agosto e 30 de setembro. Normalmente, recebíamos de 4 a 5 ocorrências por dia.
Ainda segundo o delegado, 15 falsos médicos foram presos e indiciados de agosto do ano passado até setembro deste ano. O caso mais recente foi o do estudante de medicina do 9º período da Universidade de Nova Iguaçu, na baixada fluminense. Silvino da Silva Magalhães, de 40 anos, atuava como falso médico e foi flagrado trabalhando como ginecologista no Hospital das Clínicas de Belford Roxo, também na baixada.
De 2002 a 2010, o disque-denúncia recebeu 553 ligações do Estado do Rio de Janeiro com denúncias deste tipo. Só na capital, foram registradas 271 ocorrências. O segundo município com maior número de casos é Nova Iguaçu, na baixada fluminense, com 53 registros, seguido de Duque de Caxias, com 38, Belford Roxo, 30, São Gonçalo, na região metropolitana, com 27, São João de Meriti, com 26, Niterói, com 16, e Nilópolis, com 11.
O presidente do Conselho Regional de Medicina do estado do Rio de Janeiro (Cremerj), Luiz Fernando Moraes, disse que nos últimos sete anos o Cremerj recebeu cerca de 40 denúncias sobre falsários. Segundo ele, os estudantes de medicina têm sido orientados a não aceitar propostas para trabalhar como médicos antes de se formarem.
- É para isso que serve o estágio. Este período antes da formação acadêmica do médico é legalmente reconhecido. Para verificar se o profissional é realmente médico, a população pode entrar no site do Cremerj (www.cremerj.org.br), ver a foto e o número do CRM, que é o registro obrigatório para médicos.
Ainda segundo o presidente do Cremerj, a população pode fazer a denúncia por escrito. Basta se identificar e assinar o documento, e entregá-lo na sede do órgão ou subsedes e seccionais.
As denúncias também podem ser feitas através do Disque-Denúncia pelo telefone (0XX21) 2253-1177, na Delegacia de Repressão a Crimes Contra a Saúde Pública, no número (0XX21) 2334-5158 ou ainda no endereço Rua Silvino Montenegro, número 1, 3º andar, Saúde, no Centro do Rio de Janeiro.

Relembre o caso da menina Joanna
A menina Joanna Cardoso Marcenal Marins, 5 anos, suspeita de ter sido vítima de maus-tratos, morreu no CTI do Hospital Amiu, em Botafogo, zona sul do Rio de Janeiro. Ela foi internada na unidade depois de passar por dois hospitais em Jacarepaguá e na Barra da Tijuca, zona oeste da cidade. Além de ter tido várias convulsões, ela apresentava hematomas nas pernas e marcas nas nádegas e no tórax, que aparentavam queimaduras.
A partir daí, a mãe da criança, a médica Cristiane Cardoso Marcenal Ferraz, passou a acusar o pai da menina, o técnico judiciário André Rodrigues Marins, que tinha a guarda dela na época, de maus tratos. Ele nega e atribui os ferimentos a sucessivas crises de convulsão.
Durante as investigações da Delegacia da Criança e do Adolescente Vítima (Dcav), foi descoberto que, além dos maus-tratos, a criança tinha sido atendida por um falso médico no Hospital RioMar, na Barra da Tijuca. Ela ficou 28 dias internada no Hospital Amiu.
A polícia investiga os maus-tratos e o erro médico. A Corregedoria-Geral do Ministério Público estadual vai apurar se a promotora Elisa Pittaro, responsável pelo caso, cometeu falta disciplinar no caso da menina Joanna. No mesmo mês, após três anos de investigação, a promotora pediu o arquivamento do inquérito que apurava se o pai da criança, André Rodrigues Marins, agrediu a filha, conforme denúncia da mãe da menina.

Evelyn Moraes


R7

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