sexta-feira, 8 de outubro de 2010

Surto de infecção hospitalar causado por superbactéria mata 18 no DF


Um surto de infecção hospitalar causado por uma superbactéria, resistente à maior parte de antibióticos disponíveis no mercado, provocou 18 mortes e é suspeito de contaminar 108 pacientes no Distrito Federal neste ano. Os casos são registrados em dez hospitais, públicos e particulares. Entre os pacientes contaminados há pessoas internadas em Unidades de Terapia Intensiva e em leitos gerais.
Dado divulgado ontem pela Secretaria de Saúde do DF informa que em 1.º de outubro havia 58 casos de pacientes com infecção em tratamento no DF. O restante havia superado a infecção ou morrido - não necessariamente por problemas relacionados à bactéria. Até há três semanas, a maior parte dos casos estava concentrada em duas instituições: Hospital de Base e Hospital Santa Maria. De lá para cá, no entanto, a contaminação se espalhou para outras instituições.
"É um problema grave, estamos bastante preocupados", afirmou o gerente de tecnologia em serviços de saúde da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), Heder Murari Borba.

Superbactéria

O surto relacionado em Brasília não tem relação com a nova superbactéria, originária do Sul da Ásia e que provocou a primeira vítima em agosto, embora as duas tenham a mesma origem. São mutações de uma bactéria conhecida há tempos, a Klebsiella pneumoniae. "No caso do DF, ela passou a produzir uma enzima, que a torna resistente aos tratamentos comumente usados", disse Borba.
No Brasil, a mutação foi confirmada pela primeira vez em 2005, em um paciente de São Paulo. O segundo caso somente foi constatado em 2009, em uma pessoa de Londrina. Diante do aumento significativo do número de casos no DF, a Anvisa convocou um grupo de especialistas para discutir o assunto. Borba afirmou haver informações, ainda não oficialmente comunicadas à Anvisa, de que novos casos suspeitos da infecção estão sendo registrados em outros Estados.
A secretaria de Saúde afirmou que cirurgias continuam sendo feitas nos hospitais. As medidas de vigilância foram reforçadas e pacientes com suspeita da doença passaram a ser cuidados exclusivamente por um grupo reservado de profissionais.
Borba, no entanto, aconselha aos pacientes que procurem verificar com a Comissão de Infecção Hospitalar do hospital a existência ou não de casos suspeitos da infecção pela bactéria multirresistente. "Em caso positivo, se houver possibilidade de esperar, o melhor é adiar a operação."
A resistência de bactérias é um fenômeno provocado principalmente pelo abuso ou uso incorreto de antibióticos. "Vai havendo uma seleção", disse o gerente. Bactérias que entram em contato com quantidade insuficiente de medicamento capaz de matá-las acabam desenvolvendo mecanismos de proteção. Quando isso ocorre, as opções de tratamento se reduzem.
O problema é maior quando atinge pacientes que estão debilitados. Borba afirma ser indispensável que hospitais mantenham todas as medidas de segurança nos hospitais e usem de forma racional os antibióticos.

PARA LEMBRAR
OMS fez alerta no final de agosto
No final de agosto, a Organização Mundial da Saúde (OMS) soou o alerta em relação a uma nova bactéria identificada em hospitais asiáticos e ingleses. A OMS apelou para que autoridades sanitárias de todo o mundo monitorassem a bactéria, altamente resistente aos antibióticos disponíveis no mercado. A OMS disse que governos deveriam limitar o acesso da população a antibióticos para tentar evitar o surgimento de novas superbactérias.
À época, o diretor da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), Dirceu Barbano, afirmou que a Rede Nacional de Resistência Microbiana estava atenta para um eventual aparecimento da superbactéria no Brasil.


Lígia Formenti


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