sábado, 3 de setembro de 2011

Cracolândias na linha férrea atrasam circulação de trens no Rio

Usuários de crack são detidos às margens da linha de trens (Crédito: Alexandre Vieira / Agência O Dia)

Trens que cruzam a cidade do Rio de Janeiro rumo à Baixada Fluminense são obrigados a reduzir a velocidade pela metade em trechos dos ramais Saracuruna e Belford Roxo. Isso porque cracolândias se instalaram em ao menos dois pontos da linha férrea, na zona norte da capital. Usuários de crack invadiram as linhas do trem perto de Manguinhos e Jacarezinho, comunidades dominadas pelo tráfico.

Os usuários ficam às margens dos trilhos, consumindo a droga livremente, e correndo o risco de serem atropelados pelos trens que passam a poucos metros de distância.

Para evitar acidentes e trafegar com segurança, os trens reduzem a velocidade de 60 km/h para 30 km/h, segundo a concessionária Supervia. Com isso, a viagem fica mais demorada. No ramal de Saracuruna, que passa por Manguinhos, a viagem leva cerca de 60 minutos. Se não houvesse a redução de velocidade, os passageiros que percorrem todo o ramal economizariam 5 minutos. Sem o atraso, seria possível realizar até dez viagens a mais por dia, o que aliviaria o "aperto" nos vagões.

O mesmo ocorre no ramal de Belford Roxo, próximo à comunidade do Jacarezinho, onde o percurso poderia ser feito em 48 minutos, e não em 53 minutos, como é realizado atualmente.

O período de 5 minutos pode até parecer pouco, mas se tratando de um meio de transporte de massa, que é utilizado diariamente por cerca de 500 mil pessoas, alguns minutos podem fazer a diferença.

Para a diarista Maria Carla Gonçalves, de 67 anos, que utiliza o serviço ferroviário há 25 anos, uma viagem mais confortável seria um alento para a população que sofre para ir e voltar ao trabalho.

- Realmente sofremos muito devido à quantidade de passageiros, à demora, aos problemas de atraso. Tudo que eles fizerem para melhorar, mesmo que seja um pouco, vai fazer uma grande diferença na vida do carioca. Só de pensar nisso já dá uma alegria, 5 minutos fazem muita diferença, principalmente quando você pode chegar mais cedo e ficar ao lado da sua família.

Outro problema causado pelas cracolândias nas linhas férreas é a violência. O passageiro Fernando Ribeiro, de 27 anos, que estava indo para o trabalho no centro do Rio, foi alvo de pedrada, enquanto a composição trafegava nas proximidades da cracolândia de Manguinhos.

- Estava de olhos fechados, quando ouvi uma senhora falando: 'Cuidado!'. A única reação que tive foi abaixar. Quando vi, uma pedra atingiu o vidro do vagão e bateu no meu ombro. Se eu não tivesse abaixado minha cabeça, seria atingido e poderia ter sofrido até uma lesão grave.

Apoio da polícia
A Supervia informou que conta com apoio da Secretaria de Segurança Pública, que realiza periodicamente ações para retirada das pessoas destas regiões. A concessionária diz possuir cerca de 700 funcionários que atuam em toda extensão da via. Segundo a Polícia Militar, a responsabilidade pela fiscalização de toda linha ferra é da concessionária, no caso a Supervia.

Segundo a assessoria de imprensa da PM, não existe mais o policiamento nas estações de trem, que era realizado pelo BPFer (Batalhão de Policiamento Ferroviário). Os agentes só vão ao local, quando são acionados para alguma ocorrência ou em apoio às ações da Secretaria Municipal de Assistência Social.

R7

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