RIO - As mãos do boia-fria Antônio Luiz dos Santos, de 59 anos, são ásperas como a palha da cana. Ele tem os olhos fundos e tristes, de quem passou mais de quatro décadas no corte. E a voz, doce, é de quem aprendeu que o dia a dia no canavial exige o pouco que tem de alegria. Em 1997, a história de Negão, como é carinhosamente conhecido, foi retratada nas páginas de uma reportagem do GLOBO que fazia a radiografia da cultura canavieira no Norte Fluminense.
No início deste mês, uma equipe do Caderno Norte Fluminense, do GLOBO, voltou à região para entender o atual quadro da economia sucroalcooleira e o reencontrou.
- A minha vida não mudou. A gente vive da cana. Se o corte for bom, trabalho a safra toda por seis meses. No período seguinte, tento receber auxílio-desemprego. Quando não consigo, me viro como biscate - conta o trabalhador, que é assalariado e vive sozinho num barraco de quarto e sala, sem banheiro nem água encanada, em Travessão, na zona rural de Campos.
O Globo
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