Segundo uma reportagem do Hindustan Times, centenas de meninas estão sendo transformadas em meninos em Indore, na região de Madhya Pradesh, na Índia. As crianças, de 1 a 5 anos, seriam submetidas a um tratamento com hormônios e a uma genitoplastia – que, nesse caso, transforma a genitália feminina em masculina.
O tratamento, que é relativamente barato – cerca de US$ 3200 –, tem atraído casais de Mumbai e Délhi que sonham com um filho – mas tiveram uma filha. A cirurgia e os hormônios só poderiam ser usados para corrigir problemas congênitos, em casos de crianças que nasceram com genitália ambígua, por exemplo, mas a fiscalização do país é falha.
Segundo a reportagem, os pais pressionam os médicos a fazer as cirurgias mesmo sabendo que as meninas “convertidas” em meninos serão inférteis. Em nome de escolher o sexo do filho – mesmo depois de seu nascimento –, esse pais abrem mão de ser avós biológicos.
A genitoplastia para atender a esse capricho dos pais não é aprovada, mas também não é proibida. Está numa zona cinza da regulamentação médica do país. Talvez porque, antes de isso acontecer, ninguém fosse capaz de imaginar que a misoginia pudesse chegar a esse ponto.
Os médicos afirmam que só fazem o procedimento quando a genitália externa da criança não bate com os órgãos sexuais internos. Mas há quem veja um abuso por parte dos pais e dos médicos para transformar meninas perfeitamente normais em meninos.
É difícil, daqui do Brasil, avaliar até que ponto isso está realmente acontecendo ou se há exagero na denúncia. Mas, a julgar pelo que se sabe da falta de mulheres na Índia, é bem possível que seja verdade.
Segundo Mara Hvistendahl, correspondente de ciência da revista Science, faltam 160 milhões de mulheres na Ásia. É possível notar o desequilíbrio da proporção entre meninas e meninos nascidos em países tão diversos como Vietnã, Albânia e Azerbaijão.
Mara estudou o assunto e acaba de lançar o livro Unnatural selection: Choosing boys over girls, and the consequences of a world full of men (algo como Seleção não-natural: Escolhendo garotos em vez de garotas, e as consequências de ter um mundo cheio de homens). Nele, ela prevê que, em 2020, haja 15% a 20% mais homens do que mulheres na região noroeste da Índia.
É claro que essa diferença gigantesca não acontece porque os pais procuraram um médico para fazer uma cirurgia de mudança de sexo em suas filhas. Isso deve ser mais exceção do que regra. O método mais procurado para garantir o nascimento de um filho é o aborto seletivo. Ou seja: a mãe se submete a exames (geralmente o ultrassom, que não é invasivo) para saber o sexo do filho o quanto antes e, se é menina, põe um fim à gravidez.
O aborto seletivo não é permitido em várias partes do mundo, mas é autorizado em vários países da Ásia. E o resultado é esse que estamos vendo: nascem muito mais meninos do que meninas.
Mesmo quando não há aborto, as meninas não estão protegidas. Na China, onde vigora a política do filho único, há milhares e milhares de meninas abandonadas em orfanatos.
A preferência pelos meninos é, em grande parte, cultural. Em algumas sociedades, como a chinesa, homens têm o dever de ficar com a família e cuidar dos pais, além de liderar cerimônias importantes, como o funeral.
O problema é que, se continuar assim, ficará cada vez mais difícil na maioria dos países da Ásia encontrar mulheres para “produzir” a próxima geração de homens.
O tratamento, que é relativamente barato – cerca de US$ 3200 –, tem atraído casais de Mumbai e Délhi que sonham com um filho – mas tiveram uma filha. A cirurgia e os hormônios só poderiam ser usados para corrigir problemas congênitos, em casos de crianças que nasceram com genitália ambígua, por exemplo, mas a fiscalização do país é falha.
Segundo a reportagem, os pais pressionam os médicos a fazer as cirurgias mesmo sabendo que as meninas “convertidas” em meninos serão inférteis. Em nome de escolher o sexo do filho – mesmo depois de seu nascimento –, esse pais abrem mão de ser avós biológicos.
A genitoplastia para atender a esse capricho dos pais não é aprovada, mas também não é proibida. Está numa zona cinza da regulamentação médica do país. Talvez porque, antes de isso acontecer, ninguém fosse capaz de imaginar que a misoginia pudesse chegar a esse ponto.
Os médicos afirmam que só fazem o procedimento quando a genitália externa da criança não bate com os órgãos sexuais internos. Mas há quem veja um abuso por parte dos pais e dos médicos para transformar meninas perfeitamente normais em meninos.
É difícil, daqui do Brasil, avaliar até que ponto isso está realmente acontecendo ou se há exagero na denúncia. Mas, a julgar pelo que se sabe da falta de mulheres na Índia, é bem possível que seja verdade.
Segundo Mara Hvistendahl, correspondente de ciência da revista Science, faltam 160 milhões de mulheres na Ásia. É possível notar o desequilíbrio da proporção entre meninas e meninos nascidos em países tão diversos como Vietnã, Albânia e Azerbaijão.
Mara estudou o assunto e acaba de lançar o livro Unnatural selection: Choosing boys over girls, and the consequences of a world full of men (algo como Seleção não-natural: Escolhendo garotos em vez de garotas, e as consequências de ter um mundo cheio de homens). Nele, ela prevê que, em 2020, haja 15% a 20% mais homens do que mulheres na região noroeste da Índia.
É claro que essa diferença gigantesca não acontece porque os pais procuraram um médico para fazer uma cirurgia de mudança de sexo em suas filhas. Isso deve ser mais exceção do que regra. O método mais procurado para garantir o nascimento de um filho é o aborto seletivo. Ou seja: a mãe se submete a exames (geralmente o ultrassom, que não é invasivo) para saber o sexo do filho o quanto antes e, se é menina, põe um fim à gravidez.
O aborto seletivo não é permitido em várias partes do mundo, mas é autorizado em vários países da Ásia. E o resultado é esse que estamos vendo: nascem muito mais meninos do que meninas.
Mesmo quando não há aborto, as meninas não estão protegidas. Na China, onde vigora a política do filho único, há milhares e milhares de meninas abandonadas em orfanatos.
A preferência pelos meninos é, em grande parte, cultural. Em algumas sociedades, como a chinesa, homens têm o dever de ficar com a família e cuidar dos pais, além de liderar cerimônias importantes, como o funeral.
O problema é que, se continuar assim, ficará cada vez mais difícil na maioria dos países da Ásia encontrar mulheres para “produzir” a próxima geração de homens.
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