segunda-feira, 27 de junho de 2011

Chefes do tráfico do Rio fogem para países vizinhos, diz polícia


Traficantes do Alemão estariam no Paraguai e chefe da Rocinha, na Bolívia

Policiais brasileiros que patrulham as fronteiras com o Paraguai e a Bolívia investigam se chefes do tráfico de drogas do Rio fugiram para países vizinhos. Os criminosos foram expulsos de seus QGs após a expansão das UPPs (Unidades de Polícia Pacificadora) na capital. A caminho da 18ª UPP, a ser instalada no morro da Mangueira (zona norte), poucos chefões do tráfico foram presos até agora.

O tenente-coronel Antônio Mário da Silva Ibanez Filho, coordenador do Gefron (Grupo Especial de Segurança de Fronteira, composto por policiais militares e civis de Mato Grosso) e responsável pelo patrulhamento na fronteira entre Brasil e Bolívia, confirma ter recebido informações sobre a ida de traficantes do Rio para países vizinhos.

- Recebemos informes aí do Rio de que eles teriam passado [as fronteiras brasileiras rumo a países vizinhos] sim. Estamos na fase de trabalhar esses dados para confirmar ou não esses informes.

Informações passadas ao Gefron dão conta de que chefes da maior facção criminosa do Rio, que controlava o Alemão e a Mangueira, teriam entrado no Paraguai por meio de Mato Grosso do Sul. Entre eles, estariam Luciano Martiniano da Silva, o Pezão, do Alemão; Alexander Mendes da Silva, o Polegar, da Mangueira; e, possivelmente, Fabiano Atanázio da Silva, o FB, da Vila Cruzeiro (zona norte).

O oficial também recebeu informações de que Antônio Francisco Bonfim Lopes, o Nem da Rocinha, chefe de uma facção rival, fugiu para a Bolívia via Mato Grosso. O patrulhamento ali é de responsabilidade do Gefron. Entretanto, policiais civis ouvidos pelo R7 dizem que Nem continua escondido na Rocinha e que a Bolívia deve ser um provável destino após a comunidade receber uma UPP.

Já a divisa entre Mato Grosso do Sul e o Paraguai é patrulhada pelo DOF (Departamento de Operações de Fronteira), que, por meio da assessoria de comunicação, negou ter informações concretas a respeito da passagem de traficantes cariocas pela região. Por outro lado, policiais civis também confirmaram haver informações sobre a ida de traficantes do Rio para países vizinhos.

Fazenda no Paraguai
A perda de território após as UPPs e a impossibilidade de serem presos pela polícia brasileira em outros países estão entre os motivos da escolha. Para que a Polícia Federal capture um criminoso que esteja na Bolívia ou no Paraguai, por exemplo, é preciso encaminhar o mandado de prisão para a polícia desses países para que ela execute a prisão.

Em território paraguaio ou boliviano, os traficantes cariocas recebem o dinheiro de seus comparsas que continuam nas favelas e passam a negociar diretamente com os produtores de maconha e cocaína. Os criminosos teriam saído do país de carro, passando por Minas Gerais até Mato Grosso e Mato Grosso do Sul.

A maior facção criminosa do Rio possui no Paraguai uma fazenda, de propriedade de Luiz Fernando da Costa, o Fernandinho Beira-Mar, preso em Mossoró (RN). Quem administra a propriedade é o braço-direito de Beira-Mar, Marcelo da Silva Leandro, o Marcelinho Niterói, o que reforça o vínculo entre traficantes paraguaios e brasileiros.

Apesar de já terem sido implantadas 18 UPPs, poucos líderes do tráfico de drogas foram presos. A Secretaria de Segurança Pública informou que o “setor de inteligência faz permanente monitoramento. O deslocamento de bandidos do morro para outras regiões da cidade é uma reação que os torna vulneráveis. O espaço de atuação deles é diminuído, pois deixam de atuar em áreas onde tinham um domínio. A polícia está atenta a essas movimentações e, a partir do monitoramento, tem condições de segui-los”.

De acordo com a pasta, mais de 200 criminosos do Complexo do Alemão já foram presos. Do Pavão-Pavãozinho, foram detidos 125 bandidos, e outros 516 da Cidade de Deus, todas já pacificadas. “As lideranças são mais difíceis de serem presas, mas estamos monitorando os seus passos e vamos agir quando houver real chance de prendê-las, levando em consideração a segurança da população”, diz a secretaria por meio de nota.

R7

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