terça-feira, 18 de janeiro de 2011

MORTE, DESTRUIÇÃO E A ALEGRIA DA CORRUPÇÃO NA REGIÃO SERRANA DO RIO.


O brasileiro é aquele povo solidário que, ao menor sinal de problemas, se une para ajudar quem quer que seja esteja onde estiver. Essa é a visão romântica que nós mesmos temos de nosso povo e, em grande parte, ela é até verdadeira.
Mas, por outro lado, o brasileiro também é sórdido, corrupto e mau caráter ao extremo. Não adianta você ficar chocado, caro leitor; essa é a verdade suprema de nossa nação.
Em toda catástrofe, toda oportunidade em que a mão boa do brasileiro se manifesta; lá está a mão corrupta e pérfida tentando levar vantagem na situação e surrupiar o que puder. Mesmo que o fruto do roubo seja algo que ele não precise.
Assim, como nos outros desastres naturais que nos assolaram ao longo do tempo; nas chuvas que se abatem sobre a Região Serrana do Rio a coisa não é diferente. Pessoas “espertas” estão se passando por desabrigados para roubar doações e, logo em seguida, vendê-las aos desesperados famintos que vagam pelas cidades atingidas. Comerciantes locais vendem garrafões de água mineral – que normalmente custam R$5,00 – a preços que chegam aos R$40,00.
Novamente, a corrupção entranhada em nosso sangue – e alimentada cuidadosamente no interior da alma de cada brasileiro – se manifesta em sua forma mais perversa e terrível. Incentivada, mais uma vez, pela inércia das autoridades, pelo caos do despreparo e pela ineficiência patológica dos organismos responsáveis pela organização da Defesa Civil e pela assistência às populações vitimadas nesses desastres.
Faltam caminhões que levem os donativos até as cidades atingidas e faltam veículos que contribuam para a distribuição local dos mesmos donativos. Por que viaturas do exército equipadas com lagartas não são enviadas a essas áreas e os caminhões que apodrecem nos pátios dos quartéis não são mobilizados para cumprir a nobre tarefa? Por que helicópteros militares dependem de “planos de vôo” e recebem combustível limitado quando deveriam voar livremente – de acordo com as necessidades das equipes de resgate – e sempre com o tanque cheio (inclusive os tanques auxiliares)?
A burocracia, o retardo de ações e decisões simples e óbvias – além da má vontade de abrir mão da famosa prática do “eu que mando” – são os elementos que faltavam para transformar uma tragédia sem precedentes em um tormento ainda maior e em uma constante tortura para suas vítimas. O mais triste é que, por trás de tudo isso, está apenas à vontade de tirar o máximo proveito político da situação e conseguir angariar o maior número de lágrimas possíveis – aqui e ali – para futuramente convertê-as em voto.
Infelizmente temos, mais uma vez, a tragédia revelando o melhor e o pior de nós. Ao mesmo tempo, toda essa situação nos mostra como a corrupção de Brasília – tão criticada e apontada por todos como o maior mal da nação – vive e prospera em cada um de nós; esperando apenas uma oportunidade para agarrar o seu quinhão do butim e mergulhar novamente na escuridão de nossas almas.

É como diz o velho ditado: A ocasião faz o ladrão.
Pense nisso.

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