Descoberta só ocorreu porque idosa seria despejada de imóvel
O corpo de uma idosa portuguesa foi encontrado, na cozinha de seu apartamento em uma vila a 25 km de Lisboa, quase 9 anos depois do registro de seu desaparecimento. A descoberta ocorreu na terça-feira (8), dia em que ela seria despejada por atrasar a prestação do imóvel.
“Foi uma vergonha para o país. Se não fossem as Finanças (órgão responsável pelo despejo) quererem o dinheiro deles [o corpo continuaria lá]”, diz Aida Martins, de 82 anos. Foi ela quem, em agosto de 2002, avisou as autoridades locais sobre o desaparecimento da vizinha, Augusta Martinho, que completaria 96 anos neste sábado (12).
A aposentadoria havia sido cortada em 2003. Aida enviou de volta os recibos que se amontoavam na caixa de correio de Augusta. A energia também foi cortada. “Quando eu ia trabalhar, olhava para a janela dela, que tinha a luz acesa todos os dias. Até que um dia a luz apagou-se”, conta a aposentada Fernanda Borges, de 55 anos, também moradora do prédio.
Após localizar um parente pela lista telefônica, como orientada, Aida afirma ter voltado à Guarda Nacional Republicana (GNR, órgão ao qual havia comunicado o desaparecimento) para abrir o inquérito. “Localizaram uma foto de quando ela era professora em outra cidade e me perguntaram se eu a reconhecia. Disse que sim", afirma Aida, que foi orientada a aguardar. Os pedidos de arrombamento não adiantaram, conta a idosa. “Eu disse: o condomínio paga a fechadura."
O apartamento é o 4º do número 16 da Praceta das Amoreiras. Foi vendido em leilão público, sem visita dos funcionários do governo nem dos compradores. Esses últimos, segundo a vizinha Fernanda, talvez tenham olhado o imóvel de baixo, que é similar. “O preço era bom, mesmo que tivesse que fazer reformas por dentro (compensava)”, diz.
Na terça-feira, os novos proprietários, um funcionário das Finanças e um chaveiro chegaram para tomar posse. A porta de entrada já havia sido aberta, mas o corpo de Augusta impedia a entrada na cozinha. Os bombeiros foram chamados.
“Havia também o cadáver de um cão e de alguns pássaros, que deviam fazer companhia para ela”, diz Luís Pimentel, comandante dos Bombeiros de Agualva-Cacém, que atenderam à ocorrência. Em 43 anos de profissão, diz ele, foi a primeira vez que se deparou com um caso como esses.
“Ela era muito amiga dos animais. Ralhava com ela algumas vezes pois dava comida aos gatos aqui na rua e atraía ratos”, diz Júlio Luís, de 60 anos, dono de um pequeno café ao pé do prédio da vítima. “Ela era pouco sociável. Só passava para jogar o lixo fora.”
Apesar de ser uma das primeiras moradoras do prédio, Augusta era reservada, segundo os vizinhos. “Era só bom dia, boa noite na escada”, diz a aposentada Laurinda Cardoso, de 77 anos, que mora no andar de baixo ao de Aida. “Ela só tocava a campanhia para pagar o condomínio”, diz Fernanda Borges, do 1º andar. O marido havia morrido alguns anos atrás.
“Ela não tinha família, não estava inscrita em nenhuma associação de terceira idade. Sabíamos que ela morava ali, mas não mantínhamos contato”, diz Felipe Santos, da Junta de Freguesia (semelhante, no Brasil, à subprefeitura) de Rio do Mouro. “Ninguém consegue explicar como isso ocorreu. Mas ocorreu”.
A caixa de correio cheia de papéis sugeriu que algo não ia bem com Augusta, segundo Aida. “De noite eu pensava, 'será que ela caiu no mar?'”, conta a vizinha, já que a mulher viajava algumas vezes para o litoral. “Ou estava morta ou desapareceu. Perdeu o tino, sabe?”, comenta Laurinda.
A desconfiança de que a idosa ainda pudesse estar no apartamento vinha da luz permanentemente acesa e das janelas abertas. “Houve infestação de baratas e eu dizia que era dali”, diz Júlio Luís, do café, cujo filho morou no prédio.
“Se eu convivi 8 anos com o cadáver, agora não vai alterar em nada"
Fernanda Borges, vizinha
Segundo os moradores, durante esses anos não se notou qualquer cheiro. Por isso, alguns supunham que ela estivesse no quarto, com a porta fechada. “Outro dia ainda comentei: 'será que a mulher está lá dentro?'”, diz Laurinda.
O corpo de uma idosa portuguesa foi encontrado, na cozinha de seu apartamento em uma vila a 25 km de Lisboa, quase 9 anos depois do registro de seu desaparecimento. A descoberta ocorreu na terça-feira (8), dia em que ela seria despejada por atrasar a prestação do imóvel.
“Foi uma vergonha para o país. Se não fossem as Finanças (órgão responsável pelo despejo) quererem o dinheiro deles [o corpo continuaria lá]”, diz Aida Martins, de 82 anos. Foi ela quem, em agosto de 2002, avisou as autoridades locais sobre o desaparecimento da vizinha, Augusta Martinho, que completaria 96 anos neste sábado (12).
A aposentadoria havia sido cortada em 2003. Aida enviou de volta os recibos que se amontoavam na caixa de correio de Augusta. A energia também foi cortada. “Quando eu ia trabalhar, olhava para a janela dela, que tinha a luz acesa todos os dias. Até que um dia a luz apagou-se”, conta a aposentada Fernanda Borges, de 55 anos, também moradora do prédio.
Após localizar um parente pela lista telefônica, como orientada, Aida afirma ter voltado à Guarda Nacional Republicana (GNR, órgão ao qual havia comunicado o desaparecimento) para abrir o inquérito. “Localizaram uma foto de quando ela era professora em outra cidade e me perguntaram se eu a reconhecia. Disse que sim", afirma Aida, que foi orientada a aguardar. Os pedidos de arrombamento não adiantaram, conta a idosa. “Eu disse: o condomínio paga a fechadura."
O apartamento é o 4º do número 16 da Praceta das Amoreiras. Foi vendido em leilão público, sem visita dos funcionários do governo nem dos compradores. Esses últimos, segundo a vizinha Fernanda, talvez tenham olhado o imóvel de baixo, que é similar. “O preço era bom, mesmo que tivesse que fazer reformas por dentro (compensava)”, diz.
Na terça-feira, os novos proprietários, um funcionário das Finanças e um chaveiro chegaram para tomar posse. A porta de entrada já havia sido aberta, mas o corpo de Augusta impedia a entrada na cozinha. Os bombeiros foram chamados.
“Havia também o cadáver de um cão e de alguns pássaros, que deviam fazer companhia para ela”, diz Luís Pimentel, comandante dos Bombeiros de Agualva-Cacém, que atenderam à ocorrência. Em 43 anos de profissão, diz ele, foi a primeira vez que se deparou com um caso como esses.
“Ela era muito amiga dos animais. Ralhava com ela algumas vezes pois dava comida aos gatos aqui na rua e atraía ratos”, diz Júlio Luís, de 60 anos, dono de um pequeno café ao pé do prédio da vítima. “Ela era pouco sociável. Só passava para jogar o lixo fora.”
Apesar de ser uma das primeiras moradoras do prédio, Augusta era reservada, segundo os vizinhos. “Era só bom dia, boa noite na escada”, diz a aposentada Laurinda Cardoso, de 77 anos, que mora no andar de baixo ao de Aida. “Ela só tocava a campanhia para pagar o condomínio”, diz Fernanda Borges, do 1º andar. O marido havia morrido alguns anos atrás.
“Ela não tinha família, não estava inscrita em nenhuma associação de terceira idade. Sabíamos que ela morava ali, mas não mantínhamos contato”, diz Felipe Santos, da Junta de Freguesia (semelhante, no Brasil, à subprefeitura) de Rio do Mouro. “Ninguém consegue explicar como isso ocorreu. Mas ocorreu”.
A caixa de correio cheia de papéis sugeriu que algo não ia bem com Augusta, segundo Aida. “De noite eu pensava, 'será que ela caiu no mar?'”, conta a vizinha, já que a mulher viajava algumas vezes para o litoral. “Ou estava morta ou desapareceu. Perdeu o tino, sabe?”, comenta Laurinda.
A desconfiança de que a idosa ainda pudesse estar no apartamento vinha da luz permanentemente acesa e das janelas abertas. “Houve infestação de baratas e eu dizia que era dali”, diz Júlio Luís, do café, cujo filho morou no prédio.
“Se eu convivi 8 anos com o cadáver, agora não vai alterar em nada"
Fernanda Borges, vizinha
Segundo os moradores, durante esses anos não se notou qualquer cheiro. Por isso, alguns supunham que ela estivesse no quarto, com a porta fechada. “Outro dia ainda comentei: 'será que a mulher está lá dentro?'”, diz Laurinda.
Que vizinhança solidária, não?
ResponderExcluirGente boa, nem na porta bateram e nem se preocuparam em chamar a polícia, ambulância, socorro ou algo que pudesse desvendar o sumiço.
VIVA O BRASIL!
Que vergonha, mesmo a vizinha se importanto, quem teria o poder de fazer algo (abrir a porta) deixou a desejar...
ResponderExcluirFaltou inteligência!
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