segunda-feira, 13 de setembro de 2010

Família de criança acidentada defende uso da cadeirinha


Isabela, então com um ano, estava sentada no colo da tia quando um motorista bêbado atingiu o carro de sua família. Com o impacto da colisão, a criança caiu com força no piso do carro e sofreu uma lesão na medula.

Ana Cristina tinha cinco anos e viajava pela Régis Bittencourt na véspera de Natal deitada no banco de trás do carro quando o veículo passou por uma poça de óleo, derrapou e bateu de frente em um caminhão.
Seu pai morreu na hora. Ela, assim como Isabela, sofreu uma lesão na medula.

Hoje, ambas são paraplégicas e pacientes da AACD (Associação de Assistência à Criança Deficiente), em SP.

Os acidentes de Isabela e Ana Cristina ocorreram muito antes da Lei da Cadeirinha entrar em vigor, há pouco mais de uma semana. Hoje, Isabela tem 4 anos e Ana, 10.
Mas as famílias acreditam que se as crianças estivessem presas dentro do carro segundo as regras da atual legislação, talvez as consequências dos acidentes tivessem sido diferentes.
"O cinto de segurança salvou minha vida. Não é possível saber, mas se ela estivesse de cinto, em uma cadeirinha, talvez isso não tivesse acontecido com ela", diz Alexandra Campos Lisboa, 29, mãe de Ana Cristina.
Francisca Coura, 44, avó de Isabela, também defende a lei. "A gente acha que vai sair um pouquinho e que não vai acontecer nada com a criança se a levarmos no colo. Mas meu marido estava dirigindo direito e mesmo assim sofremos esse acidente."
No carro, além de Isabela, havia um outro neto de Francisca, de 3 anos. Ele também era levado no colo e, no acidente, quebrou o fêmur.
"É muito importante que os pais se conscientizem que a cadeirinha é necessária, nem que seja para andar um quarteirão", diz Francisca.
A fisiatra da AACD Gláucia Somensi Alonso concorda. "Às vezes os pais acham que estando no colo e no banco de trás a criança está segura, mas isso é muito perigoso. O método de retenção dentro do veículo é muito importante. Não só o tipo da cadeirinha, mas o modo como ela foi instalada no carro."

PRINCIPAL CAUSA
Casos como o de Isabela e de o de Ana Cristina não são raros nos corredores da AACD. Segundo levantamento de 2009, dentre as crianças pacientes da unidade sede da instituição (na Vila Mariana) com lesões na medula, a maioria (39,8%) foi vítima de acidentes de carro.
As colisões são ainda a segunda causa de traumas de crânio entre as crianças, após os atropelamentos.
"Não temos dados estatísticos sobre o uso da cadeirinha, mas pela experiência do dia a dia a gente vê que a maioria dessas crianças não usava o equipamento", diz a fisiatra da instituição.
A Lei da Cadeirinha entrou em vigor em 1º de setembro deste ano e determina que as crianças sejam transportadas em carros de passeio com o equipamento adequado, que varia conforme o peso e a faixa etária.
Considerada infração gravíssima, a multa é de R$ 191 e rende sete pontos na carteira.
Na primeira semana de aplicação da nova lei, ao menos 78 motoristas de São Paulo foram multados.


Nenhum comentário:

Postar um comentário

Verbratec© Desktop.