sábado, 18 de setembro de 2010

Violência mata mais do que câncer em 15 Estados

Causa externa ainda responde por 12,5% do total de mortes no País e ocupa o segundo lugar em 55,5% das unidades da federação

A divulgação dos novos indicadores sociais do IBGE mostra que a violência ainda é uma das principais doenças epidêmicas do Brasil. Os dados apresentados nesta sexta-feira (17/9) apontam que as causas externas respondem por 12,5% do total de mortes no País e que, em 15 Estados, elas são mais letais do que o câncer.
De maneira geral, os infartos, os acidentes vasculares e a hipertensão são os grandes vilões e os líderes de causas de mortalidade nacional. Em segundo lugar, aparecem as neoplasias (tumores malignos), seguidas pelo bloco dos assassinatos, acidentes de carro e outras formas de violência urbana. Em Estados como Rondônia, Acre, Amazonas, Roraima, Pará, Amapá, Tocantis, Maranhão, Pernambuco, Alagoas, Sergipe, Bahia, Espírito Santo, Mato Grosso e Goiás, os atos violentos superam o câncer e ocupam o segundo posto no ranking total de causas de morte.
Os indicadores sociais do IBGE reúnem estatísticas de vários setores do País. A mortalidade foi baseada no banco de dados do Ministério da Saúde, chamado Sistema de Informação de Mortalidade (SIM). Os números agora divulgados são referentes ao ano 2008.

Jovens no alvo
Jovens com idades entre 15 e 29 anos são os que mais morrem em decorrência das causas externas, indica o estudo. Para o sexo feminino, os acidentes de veículo são os grandes responsáveis pelas mortes precoces. Já os homens são vítimas principalmente de agressões (assassinatos incluídos).

Acidentes e agressões lideram causas de morte
Natureza dos óbitos por causas externas em mulheres e homens jovens (em %)



Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE)


A manutenção das “causas externas” como protagonistas da mortalidade é uma das grandes responsáveis para que outro indicador mapeado pelo IBGE não evolua ainda mais: a expectativa de vida ao nascer, que chegou a 73,9 anos, sendo 77 anos para elas e 66,3 anos para eles.
O desequilíbrio de mais de 10 anos entre os gêneros é explicado por alguns fatores já estudados por outras pesquisas. O primeiro é que, culturalmente o sexo masculino freqüenta muito menos os consultórios dos médicos e a estimativa é que para cada 8 visitas ao ginecologista realizadas pela mulher o homem vá a uma consulta ao urologista. Além disso, os homens são mais numerosos entre usuários dos “combustíveis” da violência urbana que aproxima a mortalidade precoce: álcool e drogas.
Estudos da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp) já alertaram que as bebidas alcoólicas são participantes dos acidentes de carro (35% dos motoristas embriagados) e da violência doméstica (quase 50% dos agressores haviam ingerido álcool). Além disso, uma pesquisa feita pelo Departamento de Medicina Legal da USP mostrou que as 2.092 vítimas de assassinatos (43%) estudadas haviam bebido mais do que quatro doses no dia do crime. A literatura internacional evidencia que a dosagem etílica entre assassino e assassinado tende a ser a mesma.
Último Segundo

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