segunda-feira, 27 de dezembro de 2010

Escolas antecipam a adaptação dos alunos

Mundo novo. Carolina participa do dia de adaptação no Augusto Laranja; acompanhada da mãe, ela conheceu o colégio
Antes do início do ano letivo, colégios tentam minimizar o impacto das mudanças

Saber o rosto da futura professora, descobrir o espaço da sala de aula e já se enturmar com os novos colegas - tudo isso antes de as aulas começarem. Com festinhas, gincanas, atividades didáticas e reuniões pedagógicas, algumas escolas particulares de São Paulo oferecem a oportunidade para o aluno que está mudando de ciclo ou chegando a um novo colégio começar a adaptação antes do início das aulas.
Especialistas e pesquisadores da área apoiam esse tipo de iniciativa (leia mais nesta pág.). Afirmam que o principal objetivo é aliviar a ansiedade e a tensão que o momento da "estreia" reserva, deixando as crianças à vontade para enfrentar os novos livros, colegas, professores, disciplinas e hábitos - ainda mais nas mudanças de ciclo, quando aumenta, junto com o número de docentes e de matérias, a responsabilidade.
"A adaptação prévia é uma primeira experiência que mostra ao aluno que ele vai precisar de mais autonomia", explica Katia Senise, diretora do Colégio Magister, na zona sul de São Paulo.
A escola começa a adaptar os alunos que vão para o fundamental II em setembro, quando eles são levados para assistir às aulas no prédio onde funciona o novo ciclo - lá, até os endereços são diferentes. Em outubro, esse período aumenta para duas semanas e, em novembro, são três.
"Toda mudança de ciclo é complicada e deve ser acompanhada de perto", afirma Katia. Depois que o ano letivo tem início, a coordenação do Magister monitora como os alunos estão reagindo às novidades - especialmente para verificar se o rendimento escolar está se mantendo.
Levar os futuros professores para darem palestras aos novos alunos é outra estratégia adotada. "Colocamos os docentes para conversarem com as crianças e também tentamos propor um papo despretensioso com os estudantes que já passaram por essas mudanças", afirma Claudia Meletti, coordenadora pedagógica do 6.º ano da Escola Castanheiras, em Santana do Parnaíba.
A escola toma cuidado para não "ritualizar" demais o processo de mudança ou de inserção dos novos alunos. "Tentamos deixar a situação o menos impactante possível. A passagem de ciclo existe, mas não deve ser forçada nem engessada", diz Claudia.
Gerando expectativas. As escolas que investem no dia de pré-adaptação afirmam que o segredo é transformar a suscetibilidade emocional pela qual os alunos estão passando em um momento de descontração, em que é possível fazer novas amizades.
O Colégio Sidarta, que fica na cidade de Cotia, em São Paulo, costuma demarcar bem os momentos de mudança. Para isso, a escola organiza reuniões com os pais, em que são discutidas as alterações na rotina escolar pelas quais as crianças passarão.
A escola faz adaptações para os alunos que vão da educação infantil para o fundamental; do ciclo I para o ciclo II do fundamental; e do 9.º ano para o ensino médio, além de realizar uma despedida dos jovens que partem para o ensino superior.
"Fazemos um trabalho muito intenso com as famílias de todos os alunos porque cada nova fase carrega um mundo novo de especificidades", comenta a diretora Claudia Siqueira. "A mudança não é só no número da série."
Após o início do ano letivo, o Sidarta coloca alunos tutores dentro das salas de aula para fazer a medição entre a coordenação e os estudantes. "Acompanhar como eles estão lidando com as transformações é uma maneira de estabelecer vínculos", conta Claudia.
Segurança. Além de ser encarada como um benefício para crianças, a pré-adaptação também é elogiada pelos pais. "Tudo isso já vai dando o ritmo para quando a criança realmente começar a estudar", afirma a dentista Adriana Moreira, de 39 anos.
Sua filha, Carolina, de 4 anos, acaba de entrar no Augusto Laranja. A escola organiza atividades de artes, educação física, música e um lanche para as crianças - tudo na companhia dos pais. "Ela se integrou muito bem com os coleguinhas e não ficou tímida", comemora Adriana, que participou do dia de adaptação da filha ao lado de outras mães.
No caso de quem acaba de escolher uma nova escola para o filho, deixá-lo conhecer o espaço antes das aulas começarem é uma forma de dar mais segurança para a situação. "A Helena estudava em outra escolinha desde o berçário. Trocar de escola é uma grande mudança para ela", conta a advogada Alessandra Mattos, de 35 anos.
De acordo com os pais, reservar um dia especial para a criança conhecer o colégio não atrapalha a rotina, especialmente pelo fato de a adaptação ser realizada em dezembro, período de férias escolares.
"Além disso, participar desse dia de adaptação é um investimento na qualidade de vida do meu filho. É assim que eu penso", opina a farmacêutica Katia Schmidt, de 35 anos. Ela tirou o filho Ulrik, de 5 anos, de uma escola pequena para matriculá-lo no Augusto Laranja.

PRESTE ATENÇÃO

1. Organização.
A escola deve oferecer atividades previamente organizadas para a interação das crianças no dia de adaptação.

2. Diversidade.
É interessante que nesse dia sejam oferecidos diferentes tipos de atividades.

3. Recepção.
Professores e funcionários devem ser solícitos e receptivos durante as atividades.

4. Informação.
Os pais devem ser informados previamente sobre o dia especial para que possam participar.

5. Bem-estar.
É bom ficar atento às reações da criança durante as atividades da adaptação. É importante que ela se sinta bem no novo ambiente.


Estadão

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