segunda-feira, 27 de dezembro de 2010

Mensagem de Natal por Cris Marcenal


20 de outubro de 2004
Foi o dia mais feliz da minha vida.Joanna nascia linda,linda e cheia de saúde. Se quiserem podem vê-la no site da Casa de Saúde São Jose, ainda esta lá, apesar dela não existir mais. Ela viveu tão pouco que muitas coisas materiais duraram mais tempo que ela.

13 de agosto de 2010
Eram quase 18h, minha família proibida judicialmente pela Dra Claudia do Nascimento de ver a Joanna aquele dia, então pemanecíamos sentados na calçada da AMIU eu, minha mãe ,marido e alguns parentes que se revezavam em vigília para estar com a Joanna.Porque a ordem judicial dizia que os dias pares seriam da família materna e os ímpares da paterna, mas eles só davam uma passadinha rápida por lá ,nem todos os dias, no máximo 30 min, de conversa com o médico porque sequer punham a mão sobre ela.Temos todas as mães daquela UTI que viam a cena e tinham vontade de vomitar ao vê-los encenar a visita. Agora sabemos porque. Como puderam ser tão incompetentes e não terminar logo com “aquilo”. ELES NÃO CONTAVAM COM O PODER DE DEUS e a capacidade de resistência da minha filha para denunciar o que fizeram com ela.E ela só tinha 5 anos.
Pois bem o Dr.Hilton me chama e diz : ela não responde mais aos medicamentos, já tentamos tudo. Entrei e sentei-me ao lado dela dizendo que estava lá e que ela ia partir, mas eu ia ficar, que quando chegasse ao céu, desfrutasse enfim de paz,consolo e colo, colo do Senhor Jesus que deve tê-la abraçado com todo amor.”Deixai vir a mim as criancinhas porque delas é o Reino dos céus”.Segurei sua mão inchada abracei-a com toda minha força, seria minha última vez no seu corpo quentinho e esperei pelo último batimento e ela foi ficando cianótica despedindo da vida e de mim. Pobre de mim que fiquei. Naquele momento só havia amor : eu e a imensa vontade de mostrá-la que eu estava la´. Era sua mesa de sacrifício e eu a entreguei a Deus,não porque quisesse, mas porque não havia como evitar. Naquele dia não haveria outro milagre,senão o da Joanna chegando à Glória de Deus.
Nestes dias de festas é óbvio não teremos festas, nossa família foi decepada,estamos sem um pedaço, sem o qual não aprendemos sobreviver. Sobra talher rosa sobre a mesa, sobra uma poltrona na sala, sobra uma cama no quarto, cabides no guarda-roupas, lanche na merendeira e o ano letivo não terminou pra ela . Ela não soube ler e escrever o que queria. Não conheceu a Disney, não viu a neve, não pôde andar no carrinho de bate - bate no parque...

Dia 15 de agosto de 2010
Entregaram-me o corpo de minha filha gelado , aberto do pescoço ao púbis e suturado , é claro após a necropsia , a da cabeça é preferível não descrever visto que muitos amavam Joanna , não vão suportar e nem precisam saber como é isso,mas eu, eu sou médica.Não consigo descansar um minuto sequer ao pensar nos horrores a que fora submetida minha filha naquela masmorra. Dizem os prontuários que há 15 dias apresentava disfunção de esfíncter segundo depoimentos de médicos, declarado pelo pai.(Alguém já soube o que acontecia quando eram torturados os presos políticos desta nação ou os judeus dos campos nazistas?Eles se urinavam e defecavam sem querer.)Vocês viram o Zeu sendo preso? E com o maior cuidado ele mesmo se entregou tal era o pavor! O que a babá viu e o pai admitiu não é nem o início do que passou minha filha,talvez aquele tenha sido um momento de recuperação para ela ,um intervalo para a próxima sessão. Amarrada pés e mãos sobre cocô e xixi num tapete dentro do closet que termina ao lado da cama onde dormiam Vanessa e André, devia dar-lhes algum prazer vê-la gemer .O quarto é no segundo andar da cobertura e o closet bem em frente à cama dos torturadores.Eu já estive naquela masmorra.
Não é minha intenção destruir também o Natal de vocês, mas eu lhes peço ,tendo em vista que a 1º audiência será dia 10/01 que essa semana antes que preparem suas ceias e comemorem com suas famílias a alegria do Natal peçam a Deus, uma só vez que seja, essa semana, por todos nós. E curtam seus Natais cheios da máxima alegria, felicidade e bagunça que a vida lhes puder oferecer. Nós éramos assim. Portanto só lhes imploro um presente bem pequeno e tão grande que pode mover o Brasil inteiro : Não se esqueçam da minha Joanninha, ela sofreu demais pra ser esquecida naquela sepultura sem Justiça!



Nenhum comentário:

Postar um comentário

Verbratec© Desktop.