segunda-feira, 26 de abril de 2010

Alta dosagem de colírio causou reação em 12 bebês após 'teste do olhinho' no Espírito Santo


VITÓRIA - Um laudo da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) apontou que os 12 bebês que passaram mal , em janeiro deste ano, receberam uma alta dosagem de colírio durante o exame de fundo de olho, o chamado 'teste do olhinho'. A informação foi divulgada pelo diretor do Hospital das Clínicas em Vitória, Emílio Mameri. Segundo o diretor, o problema não foi causado pelo medicamento, mas pela quantidade excessiva do remédio, aplicado nas crianças por duas técnicas de enfermagem do hospital.
As crianças tiveram uma absorção maior do colírio na corrente sanguínea, em função de uma quantidade de aplicação maior do que constava no protocolo. Isso pode ter acontecido, segundo Mameri, por conta de algum problema inerente naquele momento. O colírio é aplicado para que haja a dilatação da pupila e o exame de fundo de olho seja realizado.
- Dizer que as pessoas que fizeram o trabalho erraram, fica difícil, porque elas são treinadas. Mas com excesso de pacientes, rotina de serviço intensa e com uma quantidade muito grande de trabalho para duas funcionárias, é possível que elas possam ter pingado esse colírio de uma maneira equivocada, o que pode ter gerado essas complicações - explica o médico.
Por conta disso, as técnicas de enfermagem que aplicaram o colírio nos bebês não serão responsabilizadas, segundo Mameri. Uma delas não trabalha mais na unidade por conta do contrato que expirou. A outra continuará trabalhando normalmente. Ela atua no hospital há mais de dez anos.
Com a conclusão do laudo, o hospital optou por modificar o protocolo para aplicação do colírio. Agora o medicamento Tropicamida - utilizado nos bebês na concentração de 1%, em janeiro - será misturado a outro medicamento, o Fenilefrina, e diluído em água. Duas gotas serão aplicadas, o que dará mais segurança ao procedimento e diminuirá os riscos de alta dosagem, como ressalta o chefe do setor de Oftalmologia da unidade, Ângelo Passos.
- Nós vamos utilizar a quantidade mínima de colírio necessária para se obter a dilatação da pupila. A gente mistura os medicamentos e, com isso, a gente dilui os medicamentos em si. Tendo mecanismos de ação diferentes, a gente acaba tendo, as vezes, um efeito de dilatação pupilar até maior. Com isso, ao misturar o colírio, a gente está reduzindo a concentração de cada um - diz.
O teste de fundo de olho volta a ser realizado na próxima segunda-feira, no Hospital das Clínicas, após ficar três meses suspenso. O Hospital das Clínicas é o único que realiza o exame de fundo de olho no Espírito Santo, pela rede pública de saúde.


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