domingo, 25 de abril de 2010

Dia 25 de abril - Dia Internacional da Conscientização da Alienação Parental

Maria Valéria, que lançou um livro sobre o tema, diz que filhos de pais separados costumam passar pelo problema Foto: Helder Tavares/DP DA Press

Católica debate o fantasma da alienação parental

Hugo*, 8 anos, não quer ouvir falar o nome do pai. Nos dias de visita, ele faz cara feia, às vezes chora, e não quer sair de casa. Quando o pai consegue quebrar a resistência e levar a criança a um passeio, a genitora não esconde, na volta, a cara de desagrado. Passa o dia falando mal do ex-marido, conta que o pai é um "cafajeste", que não ajuda a comprar suas roupas e a pagar a escola - detalhes que nenhuma criança merece ouvir. Para não deixar a mãe triste, Hugo prefere evitar os contatos com o pai. E assim, ele vai sendo programado a esquecer e a odiar, como tantos outros meninos e meninas. A prática é tão comum que ganhou um dia para ser lembrada. É justamente hoje, nesse domingo, Dia Internacional de Conscientização da Alienação Parental.

No Recife, o tema será discutido em mesa redonda no auditório do bloco B, na Universidade Católica, próximo dia 28, às 19h.

Existe um projeto de lei em tramitação no Senado e que propõe a perda da guarda e a prisão, de até dois anos, para o autor da alienação parental em crianças e adolescentes. Mas o caminho para mudanças na sociedade ainda é longo. Autora do livro Alienação Parental e sua Síndrome: aspectos psicológicos e jurídicos no exercício da guarda após a separação, a especialista em psicologia jurídica, Maria Valéria Correia, diz que uma das saídas para o problema é a mediação familiar e a guarda compartilhada.
"Não existe uma fórmula pronta. Mas um profissional capacitado pode estudar o quadro e apresentar alternativas que evitem o sofrimento das crianças. Há casos em que uma guarda compartilhada é uma boa opção", declarou. "Outro caminho (dessa vez no contexto mais geral) é investir em políticas públicas e fazer um trabalho preventivo nas escolas", declarou, acrescentando que os governos precisam estar atentos à nova realidade da família brasileira.
Segundo Valéria, mais da metade das crianças de pais separados sofre lavagem cerebral e o genitor alienante dificilmente consegue perceber o mal que faz sozinho. "Cair em si émuito difícil. Quando o genitor alienante vem perceber o problema é porque já está avançado demais. O alienante estabelece uma relação simbiótica de muita dependência e a criança desenvolve um comportamento de pura lealdade para não magoá-lo. Isso pode levar a várias doenças psicossomáticas", explicou.
Para Valéria, é importante que os profissionais que lidam com questões de família busquem sempre informações sobre a alienação parental. Ela reforça que as sequelas são grandes quando "a lavagem cerebral" não é identificada. "Conheci uma criança de 5 anos que desenvolvia sudorese e tarquicardia perto de janela. Isso porque o pai dizia para ela, como se fosse um segredo, que a mãe ou a tia podiam jogá-la pela janela, como aconteceu com Isabella Nardoni. Você imagina o que é um pai falar isso para um filho?", questionou

Dia Internacional // Ato de pai ou mãe denegrir a imagem do outro ganha data para reflexão
Aline Moura
Alinemoura.pe@dabr.com.br

Vida Urbana

Nenhum comentário:

Postar um comentário

Verbratec© Desktop.