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quarta-feira, 21 de abril de 2010
Padres acusados de pedofilia em espetáculo circense
Presidente da CPI da Pedofilia, senador evangélico Magno Malta, arma palco em Arapiraca e abusa do poder de parlamentar para mostrar contradições da Igreja Católica
A pedofilia é um crime hediondo porque rouba a infância e aleija para sempre a vida dos atingidos.
No caso dos padres de Arapiraca e de Craíbas acusados de pedofilia há que se considerar dois aspectos: a necessidade da investigação policial e o rigor da lei na confirmação da culpabilidade dos religiosos; em outro, o papel importante do Congresso Nacional em apurar todos os fatos e versões para criar leis que sejam mais incisivas contra esse e quaisquer outros tipos de crime e violência contra a cidadania.
Evidente que para a CPI da Pedofilia, conduzida pelo senador Magno Malta, de igreja protestante, os depoimentos dos ex-coroinhas que se dizem abusados sexualmente pelos religiosos e a confrontação entre eles e os acusados, são importantes dentro do processo de investigação do caso, mas o que aconteceu no último final de semana em Arapiraca foi mais longe do que isso; beirou a um sensacionalismo macabro com uma crueldade escancarada na vontade visível do senador-evangélico em humilhar os padres católicos.
Os depoimentos aconteceram em um auditório, na sede do Fórum de Justiça da cidade, exatamente para que houvesse plateia, pessoas do povo, da Igreja ou não, para presenciarem a execução aos acusados e a exposição das vítimas.
Exposição sim, porque os garotos que apontam os padres como pedófilos estavam diante de um público generalizado, relatando, entre lágrimas, atos de suas intimidades pessoais; eram garotos sem infância, de uma cidade pequena, com pais e mães, com irmãos, cujas histórias de vidas, daqui para frente, estarão marcadas pelo o que foi dito e visto naquele auditório, naquele final de semana, sob a conivência do Ministério Público e da Justiça.
Porém, o final do espetáculo, que não estava no script do público, mas certamente já fazia parte do roteiro do senador Magno Malta, foi a exibição, em telão, da cena entre o Monsenhor Luiz Marques, de 84 anos de idade, fazendo sexo oral com um dos três ex-coroinhas que estava ali, na frente do acusado, em pé, tão constrangido quanto a plateia e o próprio religioso, tendo como fecho a prisão do acusado e de mais dois funcionários da casa paroquial.
Se a exibição do vídeo era peça obrigatória para o procedimento dos depoimentos, nada demais, desde que ela fosse apresentada de forma a garantir o limite e o zelo na defesa da cidadania, esteja ela sendo exercida por suspeitos ou vítimas, na igualdade de direitos para todos.
Desnecessários todos os exageros realizados pela CPI; faltou, todavia, o questionamento sobre a tentativa de extorsão aos acusados.Afinal, ficamos sem saber se os ex-coroinhas queriam justiça ao fazer o vídeo-bomba, ou ‘chantagem’ por ressarcimento pelo crime de que foram vítimas.
etcetal@tudoglobal.com.br
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