sexta-feira, 18 de junho de 2010

Consultório sobre rodas vai combater o crack em Porto Alegre


Van percorrerá a cidade para ajudar crianças e adolescentes

A guerra contra o crack está prestes a ganhar mais um batalhão de combatentes em Porto Alegre. A partir desta semana, funcionários do Grupo Hospitalar Conceição (GHC) darão vida ao Consultório de Rua, que circulará em uma Van pela zona norte da Capital, ajudando crianças e adolescentes em situação de risco a superarem a dependência química.
Encomendada pelo Ministério da Saúde, a proposta faz parte de um projeto mais amplo, que inclui a criação de um Centro de Atenção ao Álcool e Outras Drogas. Além do consultório móvel, a estrutura terá com centros de atendimento, núcleo de ensino e pesquisa e novos leitos de internação.
Para dar vida ao Consultório de Rua, iniciativa inspirada em uma ação posta em prática em Salvador (BA) desde os anos 90, o GHC encaminhou a compra de uma Van.
Enquanto o veículo não estiver disponível, a equipe pretende começar a circular por vias de bairros como Rubem Berta e Sarandi em um carro alugado. A ideia, segundo a psicóloga Adriana Canto Loguercio, é ir até os lugares onde vivem os usuários e, em um primeiro momento, ganhar a confiança de meninos e meninas. Um mapeamento está sendo feito para definir que pontos serão priorizados.

Equipe terá integrantes das comunidades beneficiadas
Além da psicóloga e de um motorista, participarão da iniciativa a assistente social Ana Lucia Poletto e o educador físico Luiz Fernando Bilibio. Também estão escalados um terapeuta ocupacional, dois técnicos em enfermagem, uma enfermeira e três redutores de danos. Esse trio, que ainda será escolhido, deverá ser formado por moradores das comunidades.
– Eles nos ajudarão na hora de abordar as crianças que vivem nas ruas. Teremos de cativá-las para, aos poucos, conseguir promover mudanças – explica Adriana.
Ao longo do processo, o grupo pretende visitar várias vezes um mesmo local. A Van será estacionada em uma praça, por exemplo, e os profissionais conversarão com os usuários de drogas, organizarão jogos, brincadeiras. Até um karaokê será usado. Com o passar do tempo, os envolvidos pretendem se tornar amigos capazes de ajudar os dependentes a tomarem decisões simples, mas fundamentais, como procurar a família e voltar à escola. A decisão de deixar as drogas será uma consequência.
– Hoje, o Estado não chega a essa população marginalizada. Vamos aprender na prática o caminho certo para chegar até eles e fazer a diferença. O crack é uma droga destrutiva e precisa ser combatido – afirma o diretor-superintendente do GHC, Neio Lúcio Fraga Pereira.
Se o projeto-piloto der certo, Pereira não descarta a hipótese de, no futuro, com apoio do Ministério da Saúde, ampliar o número de veículos e de participantes.

O projeto

FARÃO PARTE DO CAAD:
Prevê a criação do Centro de Atenção de Álcool e Outras Drogas (Caad)
- O Consultório de Rua, que será o primeiro a entrar em prática
- O Consultório de Atenção Psicossocial de Álcool e Drogas (Caps) com funcionamento 24 horas e o Caps da Infância e Adolescência, previstos para vigorar em setembro
- O Núcleo de Ensino e Pesquisa em Álcool e outras Drogas, previsto para este mês
- Leitos de internação, ainda em negociação

Juliana Bublitz juliana.bublitz@zerohora.com.br

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