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terça-feira, 15 de junho de 2010
Pescador diz ter ouvido gritos antes de carro de advogada afundar
Polícia descarta hipótese de ela ter sido mantida em cativeiro.
Segundo pescador, homem alto desceu do veículo à noite na represa.
O pescador que disse ter visto o carro de Mércia Nakashima entrar na represa de Nazaré Paulista, no interior de São Paulo, afirmou ainda que viu um homem sair do veículo. Em depoimento prestado na tarde desta segunda-feira (14) à Polícia Civil, ele disse ainda ter escutado duas vezes um grito fino antes de o Honda Fit dela afundar. Naquele momento, ele achou que os gritos eram de uma criança.
Ele disse que estava pescando na represa no dia 23 de maio (um domingo, o mesmo do desaparecimento da advogada), na companhia do filho, quando percebeu um automóvel se aproximar da margem apenas com a lanterna ligada, à noite, por volta das 19h30. Segundo o pescador, um homem alto desceu do lado do motorista e deu a volta no veículo. Depois ele escutou gritos, o que chamou sua atenção, e viu o veículo boiar por três minutos antes de desaparecer na água. "O carro com certeza deve ter sido empurrado", disse o o delegado Antônio Olim, do Departamento de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP). O perito do DHPP Renato Pattoli já havia aventado a hipótese.
O veículo e o corpo da advogada foram encontrados, respectivamente, na quinta (10) e na sexta-feira (11).
Para Olim, não resta dúvidas de que a advogada foi assassinada e que não foi mantida em cativeiro, como a polícia chegou a suspeitar. A conclusão da investigação, após o depoimento do pescador, é de que Mércia foi morta no mesmo dia em que sumiu após sair da casa dos avós em Guarulhos.
O advogado Mizael Bispo, de 40 anos, é considerado o principal suspeito pelo desaparecimento e pela morte da ex-namorada de 28 anos. Ele pode ter tido a ajuda de outra pessoa, segundo a polícia. Bispo nega todas as acusações e se diz inocente pelos crimes.
Foi a partir da ligação do pescador que os bombeiros encontraram o Honda Fit prata e o corpo de Mércia. De acordo com o delegado, a testemunha não falou para ninguém sobre o caso durante uma semana. "No dia 29 [de maio], ele foi cortar o cabelo próximo à casa da Mércia e comentou com o Zezinho [nome fictício], que é o barbeiro. Esse Zezinho foi até o telefone público que fica perto do salão dele e discou para o 181 [número do disque-denúncia da Polícia Civil para denunciar casos de violência] e passou os dados. O 181 deu a resposta que o caso já estava no Departamento de Homicídios", disse Olim.
No domingo (30), segundo o delegado, o barbeiro procurou a família de Mércia, diante da repercussão do caso na imprensa e passou as informações para o pai dela. "Passados alguns dias, eles mesmos [familiares da advogada] foram com esse senhor [o pescador] ao local [onde o carro tinha sido jogado]", afirmou Olim.
De acordo com o delegado, o pescador completou 50 anos na véspera do ocorrido, e é uma pessoa idônea que prestou um depoimento convincente. "Ele não bebe e não fuma. É uma pessoa humilde, uma pessoa que está com medo, e com medo das pessoas que estão envolvidas", disse Olim, que colocou o homem no programa de proteção a testemunhas.
A polícia ainda aguarda o resultado do laudo do Instituto Médico Legal (IML) sobre as causas da morte de Mércia. Análises preliminares mostram que ela sofreu uma fratura no maxilar. Também é esperado os exames dos peritos do DHPP no Honda da advogada. Eles querem saber se há impressões digitais que possam levar aos suspeitos pelo crime. A investigação trabalha com a hipótese de mais de uma pessoa ter participado do homicídio.
Segundo policiais, a Justiça de Guarulhos decretou segredo no caso.
G1
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