terça-feira, 15 de junho de 2010

Entrevista exclusiva com o jurista Luiz Flavio Gomes


Blog: O senhor acredita que o casal Nardoni teve um julgamento justo? Por quê?
LFG: Foi justo porque havia provas contra eles. Seria injusto se fossem julgados só pela influencia da mídia.
Blog: Quais os momentos e pontos que mais o impressionaram neste julgamento?
LFG: O momento mais importante foi o depoimento da Ana Carolina Oliveira . A exposição final do promotor também foi muito importante.
Blog: Acredita que houve alguma falha da defesa? Qual?
LFG: A defesa fez o que podia. Mas, estava convencida da condenação por causa da mídia.
Blog: Poderia comentar sua impressão sobre as provas contra os acusados e se elas o permitiram formar uma convicção de culpa?
LFG: As provas foram contundentes. Os indícios eram sólidos. As provas periciais foram decisivas.
Blog: O senhor assistiu a explanação do Dr. Tieppo e exposição de provas a respeito da esganadura? Afinal, ficou claro que a vítima Isabella foi esganada?
LFG: A vitima Isabela foi esganada, mas, não morreu em conseqüência disso. Não houve prova das unhas dos acusados. Não se sabe quem esganou.
Blog: Para o senhor, a linha do tempo demonstrado pelo promotor foi o fechamento do caso , o senhor, nesse momento, se convenceu da culpa do casal?
LFG: A linha do tempo foi totalmente decisiva. Naquele momento o convencimento foi absoluto.
Blog: Durante o terceiro dia de julgamento, o dr afirmou que o Dr Podval teria tido uma boa estratégia em reduzir o numero de testemunhas. O Doutor continua com essa impressão, sendo que ele arrolou 20 testemunhas e apenas ouviu somente o jornalista e o investigador?
LFG: A defesa arrolou varias testemunhas, mas, a oitiva dependia do andamento do caso. As testemunhas foram dispensadas em virtude das provas periciais.
Blog: Assim como nós, o senhor observou a apatia do casal e falou isso em várias entrevistas que deu. Como o senhor avalia essa frieza dos dois no julgamento ?
LFG: A frieza do casal faz parte da estratégia da defesa.
Blog: Durante o juri, em algum momento o sr imaginou que o casal pudesse confessar? Isso mudaria algo ?
LFG: Não. O casal não podia confessar, porque isso iria contrariar o posicionamento deles em todo o processo.
Blog: A defesa insistiu em plantar dúvidas durante o júri. Alguma delas ficou sem ser sanada para o senhor?
LFG: As dúvidas levantadas pela defesa não foram suficientes para retirar a força probatória convincente dos indícios.
Blog: Fala-se muito que a mídia favoreceu a acusação dando ao julgamento um componente emocional muito forte diante do apelo da população por justiça, por outro lado, se o caso fosse de pouca repercussão, diante de tantas provas técnicas o resultado poderia ser diferente?
LFG: A mídia teve mesmo muita influencia neste caso. Mas, a condenação foi justa em virtude das provas.
Blog: Na sua opinião a lei que aí está precisa ser reformulada? Ela realmente atende as necessidades da sociedade ou somos reféns de leis obsoletas e ultrapassadas, haja vista a lentidão no andamento dos processos que se arrastam diante de tantos recursos a disposição dos advogados criminalistas?
LFG: As leis no Brasil realmente necessitam de mudanças, mas, o Caso Nardoni foi julgado rapidamente para os padrões brasileiros.
Blog: O que o senhor acha das mudanças nos procedimentos do JURI?
LFG: As mudanças foram importantes e todas já foram observadas no Caso Nardoni, especialmente na questão da quesitação.
Blog: Diante dessa linha do tempo tão clara que foi explanada no juri, que mostra que o casal estava dentro do apartamento no momento do crime, o que o senhor acha desse livro que está sendo anunciado pelo Dr Sanguinetti, alegando que Isabella foi morta por um pedófilo?
LFG
: A linha do tempo foi decisiva, as provas eram muito fortes. Pelo que ficou comprovado, é impossível que Isabela fosse morta por um pedófilo.
Blog: Nós entendemos a necessidade do MP vir a público e esclarecer a sociedade o que está ocorrendo, ainda mais num caso tão emblemático como foi o CASO ISABELLA, assim como a sua participação durante o julgamento foi fundamental, fazendo com que mesmo as pessoas sem formação jurídica pudessem entender o que acontecia em Plenário. Porém algumas pessoas, não entendem assim a exposição na mídia e levam para o lado estrelismo. O que o senhor diria a essas pessoas?
LFG: As pessoas em geral, devem compreender a posição do Promotor e do Advogado. A exposição na mídia sempre gera algum tipo de inveja. Todo mundo que acende uma vela gera um sombra. Mas, todos têm que conviver com isso.
Agradecemos ao prof Luiz Flávio por ceder seu precioso tempo para nos conceder essa entrevista e especialmente a Josy por possibilitar a concretizaçao da mesma.


Nenhum comentário:

Postar um comentário

Verbratec© Desktop.