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domingo, 13 de junho de 2010
Música e trabalho ajudam a afastar jovens do crime em favela carioca
Rio de Janeiro - A vida dos milhares de jovens nascidos nas favelas do Rio de Janeiro é difícil desde o início. Sem local para brincar, as crianças só têm os becos sujos de esgoto para correr e jogar bola. Quando chegam à adolescência precisam aprender a driblar as tentações do consumo, próprias da idade, e fugir da promessa de dinheiro fácil proporcionado pelo tráfico de drogas.
Alguns conseguem trilhar um caminho próprio, optando por se dedicar à cultura. Foi assim com o músico Cleber Daltro, criado na Favela do Mandela, no Complexo de Manguinhos, zona norte do Rio. Hoje com 35 anos, ele muito cedo descobriu que precisaria focar na música para conseguir um passaporte para uma vida digna.
Portador de paralisia infantil, Daltro aprendeu a se equilibrar em muletas para vencer a inércia das pernas e se tornou um multi-instrumentista reconhecido na comunidade, onde dá aulas de música.
“A música tem me salvado de muitas armadilhas do dia a dia, de pensamentos que não convêm. Ela [a música] chegou no momento certo, quanto eu tinha 15 anos, e me livrou de muitas coisas”, conta Daltro.
Segundo ele, existem centenas de jovens talentosos moradores de comunidades pobres e que só precisam de uma chance para mostrar que têm potencial. “Tem muitos talentos aqui, seja na Mandela, no Jacarezinho, em Manguinhos. Na arte cênica, na pintura, na música, no canto. É preciso dar voz a essa gente. Nós temos como colaborar com o nosso país com a nossa arte”, disse o músico.
Para o vice-presidente da Associação de Moradores da Favela do Mandela, Luis Otávio Ferreira da Silva, os jovens da comunidade precisam justamente de oportunidades. Caso contrário, diz ele, se transformam em presas fáceis das atividades criminosas, principalmente o tráfico de drogas.
“A juventude está precisando de curso profissionalizante e uma oportunidade de emprego. Não adianta só estudar. Tem que encaminhar o jovem para uma porta de trabalho, nem que seja para fazer um estágio. Não é só dar tiro para combater o crime. Porque violência só gera violência”, afirmou Luis Otávio na entrada da favela do Mandela, guarnecida por jovens armados, ligados ao tráfico de drogas.
Correio Braziliense
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