segunda-feira, 14 de junho de 2010

Trabalho Infantil na América Latina


“É preciso repensar as prioridades orçamentárias dos governos da América Latina”

Especialistas apontam que muito se avançou em termos de reconhecimento legal dos direitos da criança e do adolescente desde a ratificação da Convenção dos Direitos da Criança, em 1989. Mas os desafios para a efetivação desses direitos continuam os mesmos, principalmente na América Latina, onde tais problemas são ampliados por questões estruturais como a falta de investimentos ou de vontade política de governos para que essas premissas legais sejam de fato executadas.
É essa a base da opinião de Susana Villarán, educadora, jornalista, ex-Ministra do Peru e atual integrante do Comitê de Direitos da Criança das Nações Unidas. “Não podemos mais discutir apenas a promoção desses direitos, temos que planejar medidas mais universais e eficazes. Ou seja, é preciso debater e aumentar os investimentos em educação, saúde, nas famílias e na prevenção da violência em todas as suas formas”, comenta. “As modificações profundas que fizemos em nossas leis foram importantes, mas ainda temos muitos problemas que precisam ser considerados”.
Um dos mais graves deles, de acordo com a especialista, é o alto índice de trabalho infantil na região. “São números assustadores. E esse problema não é novo, já existe há muitos séculos e sempre foi comum nas áreas rurais. Hoje, se repete nos grandes centros urbanos e tem reflexos nos novos modelos de subemprego e de exploração ilegal de mão-de-obra”, aponta. E, nos últimos anos, o crescimento econômico desigual dos países da América Latina ainda conseguiu agravar a situação. “Mas o principal prejuízo é o mesmo: o trabalho infantil afasta essas crianças da escola, prejudicando sua formação cultural e aumentando a exclusão social”.
A jornalista destaca que, entre outros, é preciso repensar as prioridades orçamentárias dos governos da América Latina. “Como um país de uma das regiões das mais pacíficas do mundo pode investir mais em seu orçamento de defesa do que em suas crianças?”, questiona. “Os Estados e a sociedade civil precisam incorporar esse debate e concordar que o investimento na área de infância precisa figurar entre os primeiros da agenda internacional”, completa Suzana.
A sociedade civil é um elemento muito importante nessa equação. “Temos uma sociedade civil muito forte, que precisa estar alinhada e planejada. Não só as organizações não-governamentais, mas também as universidades, que têm uma função crítica muito importante. Principalmente na formação e capacitação de pessoas para trabalhar nessa área”, ressalta a educadora.
Villarán aponta, porém, que o grande diferencial da região é a participação das próprias crianças e adolescentes, que têm se organizado e reivindicado diretamente os seus direitos. “O protagonismo juvenil é um fenômeno que cresce a olhos vistos e que, além de conferir credibilidade, deve trazer benefícios ainda maiores para esse movimento”, analisa.
A educadora esteve em Brasília no começo de maio, quando concedeu essa entrevista ao Portal Pró-Menino, para palestrar na 23ª edição do Congresso da Associação Brasileira de Magistrados, Promotores de Justiça e Defensores Públicos da Infância e da Juventude (ABMP).


Um comentário:

  1. ke do dessa crianca,seus pais nao tem vergonha na cara de botar uma crianca para trabalhar?!!!

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