domingo, 13 de junho de 2010

UNESCO quer desenvolver ensino da História Geral de África

Paris - O responsável do Diálogo Intercultural da Organização das Nações Unidas para a Educação, Ciência e Cultura (UNESCO), Ali Moussa-Iye, considerou indispensável introduzir a História Geral de África (HGA) nos diferentes ciclos de ensino no continente.
Apresentando sábado em Paris uma conferência internacional sobre a utilização pedagógica da HGA, prevista para 10 a 17 de Junho em Tripoli, na Líbia, Moussa-Iye indicou que a UNESCO presta uma atenção particular à difusão do trabalho realizado por historiadores reputados para reescrever a história do continente em oito volumes.
"Coerções económicas, nomeadamente, tornaram a HGA inacessível no continente. É sobretudo o caso nas universidades e nos diferentes ciclos de ensino. Em concertação com os dirigentes africanos, a UNESCO obteve, em 2008, um financiamento líbio de dois milhões de dólares americanos para começar o projecto sobre a utilização pedagógica da HGA", explicou.
Perto de 150 pessoas vão iniciar, na capital líbia, discussões relativas à produção em benefício das escolas africanas dos suportes pedagógicos estandardizados extraídos dos oito volumes da HGA.
Durante os seus trabalhos em ateliês e plenárias, os participantes examinarão igualmente as condições de desenvolvimento dos suportes pedagógicos incluindo um Atlas, um DVD e instrumentos de formação para os professores.
"É uma reunião crucial que teremos em Tripoli. Com estas discussões, vamos atravessar uma parte superior decisiva na aplicação do projeto iniciado em 2008. Em Tripoli, vamos validar, depois das discussões, os esboços já feitos para a utilização pedagógica da HGA", prosseguiu o responsável do Diálogo Intercultural da UNESCO.
Ele insistiu também na firme vontade política dos chefes de Estado africanos sobre este projecto, notando que a sua conclusão seria "uma primeira mundial".
"A União Africana apoia inteiramente este projecto. A organização panafricana deseja basear a integração regional na história comum do continente. É um procedimento único no mundo que beneficia do apoio sem reserva da UNESCO", sublinhou Moussa-Iye.
Segundo ele, os resultados da conferência regional de Tripoli sobre a utilização pedagógica da História Geral de África serão ulteriormente submetidos aos ministros africanos da Educação Nacional com vista a uma última validação.
"É um procedimento que vai prosseguir etapa por etapa. Será duma grande utilidade para o conhecimento e a difusão da HGA, uma História diferente, escrita pelos Africanos numa base científica, longe do prisma colonial. Trata-se duma aposta essencial, sabendo o papel da História na construção duma identidade", declarou o responsável da UNESCO.
Dez eminentes personalidades africanas saídas das cinco regiões geográficas do continente compõem o Comité Científico para a Utilização Pedagógica da HGA, presidido pelo docente congolês Elikia M'Bokolo.
Oito volumes da HGA foram escritos de 1964 a 1999, sob a égide dum Comité Científico de 39 membros entre os quais emientes historiadores africanos como Cheikh Anta Diop (Senegal), Joseph Ki-Zerbo (Burkina Faso), Hampaté Bâ (Mali), Mohammed El Fasi (Marrocos) e Akilu Habte (Etiópia).


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