sexta-feira, 27 de agosto de 2010

Agente que investigava massacre no México é encontrado morto

Foto mostra rancho em San Fernando, no norte do México, onde foram achados 72 corpos de imigrantes ilegais


Membros da Marinha do México localizaram dois corpos --entre eles o de um agente do Ministério Público que investigava o massacre de 72 imigrantes em San Fernando, próximo à fronteira com os Estados Unidos-- em uma estrada da região, informou uma fonte oficial.
O agente foi identificado como Roberto Javier Suárez Vázquez, cujo cadáver foi localizado perto da estrada de San Fernando-Méndez, no Estado de Tamaulipas.
Ao lado do corpo, foi achado o cadáver de outra pessoa que ainda não foi identificada. Segundo a fonte, uma investigação foi aberta para determinar as causas das mortes do agente e de uma segunda pessoa.
O México informou inicialmente que havia ao menos quatro brasileiros entre as vítimas. O procurador de Tamaulipas, Jaime Rodríguez, indicou nesta quinta-feira que entre os corpos identificados estavam quatro salvadorenhos e um brasileiro, mas o cônsul-geral do Brasil no país, Márcio Lage, colocou em dúvida a informação.
Lage ressalva que o nome "não soa brasileiro" e que nenhum documento que poderia comprovar a nacionalidade foi apresentado.
Peritos mexicanos identificaram nas últimas horas mais cinco das vítimas do massacre no Estado de Tamaulipas, aumentando para 20 os corpos identificados.
De acordo com Rodríguez, os restos mortais já identificados serão enviados à Procuradoria de Justiça em Reynosa, uma das principais cidades de Tamaulipas e próxima à norte-americana McAllen, no Texas, para que sejam reclamados pelas autoridades consulares.
O governo mexicano ainda não divulgou nenhum dos nomes dos imigrantes identificados, o que deve fazer apenas quando terminar o trabalho de identificação realizado na própria cidade de San Fernando, por cinco legistas.

EUA
Já o governo americano ofereceu ainda maior proteção aos moradores da região e aos imigrantes que passam pela fronteira.
O porta-voz do Departamento de Estado americano, Phillip Crowley, acusou os autores da chacina de tentar "minar as instituições do país vizinho" com a violência discriminada.
Ele aproveitou ainda para defender a reforma da imigração, tema que faz parte da agenda de Obama, mas foi deixado de lado por ser altamente polêmica e angariar pouco consenso entre legisladores e eleitores --às vésperas das eleições legislativas de novembro.
"Somos conscientes dos riscos que ocorrem com aqueles que fazem este tipo de imigração. Esta é uma das razões pela qual nós, Estados Unidos, compreendemos que parte da solução é uma reforma", disse.

MASSACRE
A Marinha mexicana encontrou os 72 corpos nesta terça-feira (26), em uma fazenda perto da cidade de San Fernando, no Estado de Tamaulipas, norte do México e perto da fronteira com os Estados Unidos. Um jovem equatoriano identificado como Freddy Lala Pomavilla teria sobrevivido ao massacre fingindo-se de morto. Ferido com um tiro na garganta, ele chegou a um posto da Marinha mexicana e contou às autoridades sobre o massacre de imigrantes brasileiros e equatorianos.
Freddy relatou que os estrangeiros foram sequestrados por um grupo criminoso, quando tentavam chegar à fronteira com os EUA. Os homens disseram pertencer ao grupo Los Zetas, e ofereceram trabalho como matadores de aluguel por US$ 1.000 quinzenais. Quando os imigrantes recusaram a oferta, os criminosos atiraram.
A Marinha foi até o local e entrou em confronto com o grupo. Pouco depois, encontrou os corpos no rancho.
Segundo a polícia, as vítimas, que se acredita sejam migrantes da América Central e da América do Sul --incluindo quatro brasileiros--, parecem ter sido amarradas com os olhos vendados antes de serem enfileiradas em uma parede e mortas a tiros.



Folha.com

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